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Cultura da inovação é a chave do mercado na era ESG

Fórum Encadear foi palco de soluções das pequenas e grandes empresas na redução do impacto ambiental
Por Da Redação
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Distintas experiências sobre o uso eficiente da água, seja para consumo, seja para a produção fabril, foram apresentadas durante o painel ‘Parcerias estratégicas para soluções hídricas’, no segundo dia do Fórum Encadear, realizado pelo Sebrae em São Paulo. Reunindo Rodrigo Belli, co-fundador da startup Água Camelo, e Renato Martins, do Grupo Malwee, do setor de moda, o encontro confirmou a importância da cultura de inovação para se destacar no mercado na era da gestão inspirada pelo tripé ESG (sigla em inglês para Sustentabilidade, Social e Governança).

A Água Camelo, por exemplo, desenvolveu um equipamento portátil para filtragem da água, que remove 99,9% das impurezas, possibilitando, até então, que mais de 8 mil pessoas, de 77 comunidades espalhadas pelo país, entre elas o Morro da Providência (RJ), e a Aldeia Mutum (AC), tenham acesso à fonte segura de água tratada. “Nossa missão é que o acesso à água de qualidade seja uma realidade para todos”, explicou Belli. Para tanto, a empresa mudou o modelo de negócio e o converteu em serviço: “Erramos no início, ao não calcular o impacto do nosso produto nos negócios do potencial cliente, o que gerou dificuldade de venda”, conta o empresário, que teve o apoio da Ambev para o desenvolvimento em larga escala.

Do lado da indústria, o objetivo de diminuir o excessivo volume de água utilizado na produção de calças jeans – cerca de 100 litros por peça – foi o que motivou a Malwee a buscar soluções de eficiência hídrica. “A nossa premissa era reduzir o impacto ambiental ou não vender mais calça”, diz Martins. Por meio de uma tecnologia espanhola, a empresa investiu na automatização de sua lavanderia e na substituição da energia convencional pela de biomassa, gerando uma economia equivalente a 8 milhões de litros de água por ano. O projeto ‘’Malwee transforma’ levou um ano e meio para entrar em vigor e só foi possível devido a uma cultura organizacional que enxerga nas práticas ESG uma vantagem competitiva.

ODS como negócio

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, tema de outro painel da programação, ainda que não pareçam ter algo a ver com o mundo dos negócios, são hoje referência na atuação de muitas empresas. “O que define uma empresa não é mais o lucro, mas o impacto geral que ela causa”, explica André Menezes, da Baanko, aceleradora de startups sediada em Belo Horizonte (MG).

Definidos pela ONU, os ODS são a base de ação global dos países na busca de metas que privilegiem o bem-estar da população mundial. “Uma vez que surgiram para resolver os problemas da sociedade, as 17 metas dos ODS embutem em si uma ideia: a de construir negócios para aquilo que o mundo precisa”, reflete Menezes. Para Flávio Ferrer, CEO da Nectus, parceira do Sebrae no projeto Catalisa, “os ODS são um veículo de descentralização do capital que incentivam o financiamento de projetos e de comunidades empreendedoras, conectando ideias para diminuir a desigualdade e mitigar impactos”.

Exemplo de “negócio” em sintonia com as metas da ONU é o Banco Palmas, criado em Fortaleza (CE) há 25 anos pelo líder comunitário Joaquim Melo. “Montamos um sistema financeiro para resolver a questão da desigualdade e o Sebrae foi um grande apoiador, quando ninguém acreditava na gente”, lembra. Visando fomentar redes locais de produção e consumo (artesanato, alimentação, moda), fazendo com que o dinheiro circule regionalmente, o sistema opera hoje em rede nacional, com uma moeda social lastreada no Real (par a par), a juros e taxas bem menores do que os praticados no mercado. “Nosso negócio é distribuir, enfrentando o maior problema de todos, a desigualdade”, declara Melo.

Sobre o Encadear

O Fórum Encadear ocorre a cada quatro anos, com o objetivo de contribuir para melhorar a competitividade, a sustentabilidade e a inovação entre os pequenos negócios inseridos ou com potencial de inserção nas cadeias de valor de grandes empresas. Nesta edição, que reuniu mais de 1.500 empresários, palestrantes e autoridades, a iniciativa teve como mote a agenda ESG: conectando competitividade, inovação e sustentabilidade na cadeia de valor.

Sobre o Sebrae 50+50

Em 2022, o Sebrae celebra 50 anos de existência, com atividades em torno do tema “Criar o futuro é fazer história”. Denominado Projeto Sebrae 50+50, a iniciativa enfatiza os três pilares de atuação da instituição: promover a cultura empreendedora, aprimorar a gestão empresarial e desenvolver um ambiente de negócios saudável e inovador para os pequenos negócios no Brasil. Passado, presente e futuro estão em foco, mostrando a evolução desde a fundação em 1972 até os dias de hoje, com um olhar também para os novos desafios que virão para o empreendedorismo no país.

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