Um baque financeiro em 2017 levou o casal Leomar Melo Martins e Marisa Alexandre Martins, de Santana do Itararé (PR), a investir na confecção de queijos artesanais. Alguns anos depois, o Maná Paraná, receita exclusiva desenvolvida por Marisa, levou o Prêmio CNA Artesanal 2025, na categoria ‘queijos’. “A premiação teve repercussão enorme no Estado, deu visibilidade ao nosso queijo”, conta Melo.
Leomar, técnico agrícola, e Marisa, farmacêutica, se valeram do conhecimento em suas áreas de especialização e em cursos específicos para saltarem de produtores de leite a fabricantes de queijos premiados. O casal atribui o reconhecimento ao nível da matéria-prima utilizada. “A qualidade do leite representa 85% de um queijo nobre”, disse Melo, que buscou o Sebrae para desenvolver o negócio e contou com a ajuda de um consultor da instituição ao longo de dois anos para orientá-lo na precificação e estruturação do Sítio Aliança.
Como parte da premiação, o casal, junto com outros classificados no concurso, foi convidado pelo Sebrae a participar do Mesa SP, evento gastronômico na capital paulista que, ao longo de três dias (de 30 de outubro a 1º de novembro), vai reunir chefs de cozinha renomados, profissionais da área, proprietários de restaurantes e empórios, além do público interessado para aulas, palestras, degustação e divulgação de tendências no setor de alimentos e bebidas.
“Estamos fazendo muitos contatos”, celebrava o casal no espaço que exaltava o programa ‘Do Brasil à Mesa – Produtos de Origem’, parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar e o Sebrae.

“Essa é uma experiência incrível para esses pequenos produtores. Eles estão tendo a oportunidade de ampliar a visão do mercado, se comparar com eventuais concorrentes e prospectar novas possibilidades de negócio”, destacou Jane Blandina, analista de Competitividade do Sebrae Nacional.
Para a fabricante de geleias, antepastos e molhos, Glenda Frade, idealizadora da marca Do Rancho, de Formiga (MG), também participante do evento, a concorrência realmente é grande, mas há espaço para produtos de qualidade e sabor diferenciado, como é o caso da sua geleia de abacaxi com pimenta, que levou o primeiro lugar no concurso da CNA, na categoria ‘geleias’. Entusiasta dos cursos de empreendedorismo do Sebrae, Glenda estava animada com a oportunidade de apresentar seus itens gourmet para revendedores e chefes de cozinha.
“O Sebrae e o Senar realmente ajudam os pequenos produtores”, ressaltou Rodrigo de Castro, zootecnista e mestre queijeiro. Proprietário da Vacananet, no município de Cidade Ocidental (GO), nos arredores de Brasília, ele participa pela primeira vez do evento, graças à classificação do seu queijo Minas Padrão na premiação da CNA. Com o apoio do Sebrae, há 25 anos ele atua no ramo e conta com 10 tipos de queijo no cardápio que, em breve, poderão ser adquiridos via e-commerce próprio.

Mercado de nicho
Produtos artesanais, porém, demandam nichos de mercado. “É difícil competirmos no preço”, explicava Marcelo Somacal, da queijaria de mesmo nome, com sede em Farroupilha (RS), e que há 18 anos se destaca produzindo queijos autorais em combinações surpreendentes como azeite de oliva e limão siciliano, além de ricota temperada, com preços a partir de R$ 50.
Para alcançar esses nichos, a participação em feiras e eventos temáticos, como o Mesa SP, é uma oportunidade e tanto. Ciente disso, Marcos Antônio Paraná, da Clamar, marca de conservas doces e salgadas de Jundiaí (SP) espera, com o convite do Sebrae, inserir um de seus itens mais elogiados, o tomate seco, no mercado gastronômico.
Para ele, que já participou de várias feiras desde a criação da empresa por sua mulher, em 1996, o importante ao empreender, seja em que ramo for, é não desistir, apesar dos altos e baixos inerentes a um negócio. “É que nem casamento, são muitos os percalços”, definiu bem-humorado.

