Criatividade, juventude, educação e problema. Esses são os quatro componentes da inovação, segundo o diretor técnico do Sebrae Nacional, Bruno Quick, que apresentou, nesta sexta-feira (16), último dia do Startup Summit, em Florianópolis/SC, um panorama das startups no Brasil.
Quatro anos atrás, a gente tinha 61 ecossistemas mapeados e minimamente organizados com governança no país. Para entrar nesse jogo, a gente olhou o que tinha de melhor no mundo e estruturamos essa metodologia para poder passar adiante, pra qualificar pessoas.
Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae Nacional
Quatro anos depois, em 2024, todas as regiões do país têm um ecossistema. “Quem tem uma ideia inovadora ou disposição em empreender com inovação, encontra o respaldo necessário no Sebrae”, garante Quick.
O diretor citou o Nordeste como um exemplo que, antes do empenho da instituição, detinha apenas 8% das startups mapeadas e agora já chega a 26%. O objetivo do Sebrae é descentralizar a inovação e a tecnologia e, para isso, criou uma série de estratégias, dentre as quais o Sebrae NE, que une todos os estados da região em um grande programa de desenvolvimento de negócios inovadores, em parceria com universidades, fundações de apoio à pesquisa, por exemplo.
O gerente de Inovação da entidade, Paulo Renato Cabral, ressaltou que esse salto de 8% para 26% foi feito de forma “induzida, integrada e afirmativa”. Ele destaca que com o Startup NE, o Sebrae ajudou a criar 318 novas startups para a região e que a expectativa dessa nova edição do programa é apoiar 600 iniciativas na fase de aceleração, inclusive com o instrumento de fomento que o Sebrae tem, que é a bolsa sócio-empreendedor Bolsa Sócio Empreendedor, no valor mensal de R$ 6,5 pelo período de seis meses.
“A gente pinta esse mapa com o trabalho de vocês, com a presença de vocês, com o negócio de vocês, com o projeto de vocês. Esse é o lado real de tudo o que está aqui na forma de gráfico, mapa, estatística. As startups são realidade nas 27 unidades da federação que, inclusive, estão presentes no Prêmio Sebrae Startup”, afirma.
Inova Biomas
Outra forma que o Sebrae encontrou para descentralizar e interiorizar a inovação e a tecnologia foi o programa Inova, que começou na Amazônia e que agora já tem editais abertos para o Pantanal e o Cerrado. “A gente imaginar que, fazendo as coisas com a mesma matriz econômica vai ter um resultado diferente em uma região com tanta biodiversidade e recurso natural, é ilusão”, pontua Quick. Ele destaca que existem regiões no país que são incompatíveis com atividades agropecuárias, por exemplo.
“A agropecuária é importantíssima para o Brasil, é de alta tecnologia, das mais inovadoras que tem no mundo, mas existem ativos, bioativos, ativos naturais, que são incompatíveis diante de uma atividade como essa. Qual é a alternativa? Ganhar dinheiro com a floresta de pé? Mas como fazer isso se ninguém mostra o caminho?”, questionou e logo em seguida deu a resposta: “para enfrentar esse aparente dilema algo novo tem que acontecer, então a gente resolveu trabalhar com os ativos dos biomas e o primeiro programa foi o Inova Amazônia”.
O diretor explica que a ideia é mudar a matriz econômica das regiões a partir do aporte intensivo de inovação em bioeconomia. De acordo com Quick, o Inova Amazônia teve mais de dois mil inscritos e 409 startups empresas aceleradas operando na região.
Prêmio Sebrae Startups
Com o amadurecimento da atuação do Sebrae no ecossistema das startups, veio um prêmio. O Prêmio Sebrae Startup, que está em sua 1ª edição, tem o objetivo de impulsionar negócios que representam o futuro do mercado nas áreas da inovação, sustentabilidade e inclusão. No total, serão investidos R$ 950 mil em startups brasileiras.
“57% das empresas top 1000 inscritas que se inscreveram têm como fundadoras ou sócias mulheres; 43% se declararam fundadores negros e pardos e 7,1% de pessoas que declararam ter alguma deficiência”, conforme destacou Bruno Quick.
Educação e inovação
Outra questão que o Sebrae tem se preocupado, conforme Quick, é criar uma sinergia entre educação e inovação e, para isso, investe também no Desafio Liga Jovem que, neste ano, alcançou alcançou a marca de 54 mil alunos inscritos. Estudantes e educadores de mais de 43% dos municípios brasileiros estão representados nesse número, 47% são do Nordeste, 52,7% são mulheres, 48,7% pardos, seguidos de 36% de pessoas brancas e 89% dos estudantes vêm de instituições públicas.
“Esse é um projeto para mudar a escola, a comunidade e para colocar uma pitada de ânimo, confiança, esperança e crença de que um ser humano pode transformar a sua vida e a vida dos demais se ele partir para cima com muita vontade”, comenta Bruno que adiantou, ainda, uma parceria em andamento entre o Sebrae e o jogador de futebol Vini Junior com seu instituto, para valorizar a educação, a escola e o professor.