A startup goiana BioUs desenvolveu uma plataforma biotecnológica capaz de produzir biofertilizantes e biopolímeros utilizando bactérias “do bem”, a partir de resíduos da produção agrícola e agroindustrial. Na prática, isso significa que a empresa reaproveita esses resíduos para alimentar as bactérias, que acumulam um biopoliéster 100% biodegradável e biocompatível.
A validação da primeira produção do biopolímero PHA (polihidroxialcanoato) ocorreu em 2021, com o auxílio do Catalisa ICT, programa do Sebrae que tem como objetivo transformar pesquisas com potencial de inovação em soluções de impacto para a sociedade.O CEO da BioUs, Raimundo Lima, explica que o Catalisa ICT mudou o rumo e a própria natureza da empresa.
Segundo ele, o trabalho começou em 2013, com consultoria e assessoria técnica no campo, intensificando produções agrícolas sustentáveis. No entanto, somente em 2021, ao participar do Catalisa ICT, o negócio foi estruturado como uma startup.
A gente fez uma transição de consultoria técnica para uma formatação de uma solução nos moldes do campo de inovação em startup. Tanto que a BioUs foi só fundada seis meses depois do início do plano de inovação.
Raimundo Lima, CEO da BioUs.
Por ser uma startup baseada em tecnologias científicas, a BioUs se classifica como uma deep tech de impacto. De lá para cá, a BioUs já teve diversas soluções aprovadas – como a Biofábrica OnFarm, também validada pelo Catalisa ICT – que estão revolucionando a produção agrícola ao transformar resíduos em biotecnologia sustentável, promovendo impacto ambiental positivo. Atualmente, a startup está na fase de internacionalização, de olho nos mercados europeu e asiático, e já captou mais de R$ 1,5 milhão em investimentos. De 2023 para 2024, o faturamento do negócio cresceu 150%.
Diagnóstico precoce para evitar riscos
Outra empresa que colheu frutos ao participar do programa Catalisa ICT é a LookInside, uma startup sergipana que desenvolveu o software AFoot® Care, voltado para a análise dos riscos de amputação em pés de pessoas diabéticas. Através dessa tecnologia inovadora, os médicos podem capturar imagens detalhadas dos pés e identificar fatores de risco e sinais de alerta, como unhas encravadas, calos e bolhas, permitindo um diagnóstico precoce e ações preventivas mais assertivas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), a identificação e agilidade no diagnóstico pode evitar até 50% das amputações. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, ainda de acordo com a SBACV, de janeiro de 2012 a maio de 2023, foram realizadas mais de 282 mil cirurgias de amputação de membros inferiores no Sistema Único de Saúde (SUS).
O cofundador da empresa, Hermílio Carvalho Júnior, explica que o Catalisa ICT foi importante para promover a conexão entre a empresa e ecossistemas de inovação, como a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Além disso, ele destaca o suporte financeiro recebido por meio do programa, crucial para o desenvolvimento de novos projetos e etapas da empresa.
Foi muito valioso e era o que a gente precisava para conseguir estruturar mais outros passos e projetos que precisavam do investimento financeiro. O Catalisa ICT foi, sem dúvida, um divisor de águas na trajetória da LookInside.
Hermílio Carvalho Júnior, cofundador da LookInside.
A startup está incubada na Universidade de Coimbra, em Portugal. Segundo o cofundador da empresa, o Catalisa também foi responsável pelas conexões junto ao sistema internacional de saúde. “Atualmente, nosso negócio encontra-se em processo de expansão, e fizemos uso significativo do programa Catalisa ICT para validar diversas tecnologias, aprimorar nossas estratégias de prevenção intelectual e ajustar os procedimentos relativos à entrada regulatória no mercado.”
Inscrições abertas
As inscrições para o novo ciclo da jornada Catalisa ICT foram estendidas até o dia 9 de março. O edital – voltado para mestres e doutores, com pesquisas concluídas ou em andamento, e que participem desde o primeiro ciclo do programa – selecionará cerca de 2 mil pesquisas com potencial de inovação, apoiará até 300 planos de inovação e atenderá até 150 deeptechs.
Ao longo de 24 meses, os participantes contarão com capacitação, mentorias, eventos de conexão e, nas etapas subsequentes, receberão fomento para desenvolver suas pesquisas em soluções práticas.