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Cor.Sync vence o Prêmio Deeptech do Ano no Deep Tech Summit

Com apoio do Sebrae, deep techs brasileiras mostram como ciência e tecnologia estão transformando saúde, sustentabilidade e agronegócio
Por Nara Neri
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O segundo dia do Deep Tech Summit 2025, realizado ontem (30) em São Paulo, foi marcado pela final do Prêmio Deeptech do Ano, que reconheceu o potencial das deep techs de transformar pesquisas científicas em soluções concretas para setores estratégicos da economia. A grande vencedora da noite foi a Cor.Sync, startup paulista que desenvolve soluções de diagnóstico rápido para emergências cardíacas. A empresa recebeu R$ 30 mil e é um exemplo de como a inovação pode salvar vidas.

Fundada em 2019 por Raul de Macedo Queixada, a Cor.Sync surgiu de uma longa espera por diagnóstico de infarto. Essa experiência pessoal motivou a criação de um dispositivo que reduz esse tempo de horas para cerca de oito minutos por meio de tecnologia que combina sensores de alta precisão com software de análise para detectar marcadores cardíacos no sangue, como a troponina, proteína que tem papel fundamental na contração muscular e que é liberada pelo organismo quando o músculo cardíaco sofre uma lesão.

O dispositivo tem potencial de revolucionar o atendimento em pronto-atendimentos e reduzir riscos de morte e sequelas em casos de infarto. Para Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro da Unidade de Inovação do Sebrae, que entregou o prêmio à vencedora, é fundamental fortalecer a ponte entre pesquisa acadêmica, mercado e sociedade.

As deep techs têm um papel central para impulsionar setores como saúde, agronegócio e sustentabilidade. O Sebrae está comprometido em apoiar esse movimento.

Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae

Com o programa Catalisa ICT, o Sebrae acelerou 150 deep techs no primeiro ciclo e atualmente apoia 316 planos de inovação em todo o país.

TissueLabs conquistou o segundo lugar da premiação | Foto: Miguel Gondim de Castro

O segundo lugar, com prêmio de R$ 15 mil, ficou com a TissueLabs, deep tech que cria tecidos humanos em 3D para pesquisa e, futuramente, aplicações clínicas. A plataforma já é utilizada por mais de 250 pesquisadores em 30 países, permitindo reduzir o uso de animais em testes de cosméticos e fármacos. A startup ainda trabalha em modelos de tecidos cardiovasculares, como vasos sanguíneos e aortas bioimpressas, que no futuro poderão ser implantados em pacientes, reduzindo dependência de doadores e riscos de rejeição.

Segundo o CFO, Felipe Chippari, o reconhecimento reforça o papel da ciência brasileira no cenário global. “Para uma deep tech brasileira que leva tecnologia para fora, qualquer reconhecimento é muito valioso. Esse prêmio mostra que estamos no caminho certo e que é possível competir globalmente.”

Deep tech BVS Green ficou com a terceira colocação | Foto: Miguel Gondim de Castro

O terceiro lugar, com prêmio de R$ 5 mil, foi para a BVS Green, startup que transforma resíduos da indústria de laranja em espumas usadas na produção de colchões e travesseiros. A tecnologia reduz em até 97% a emissão de CO₂ em comparação ao modelo petroquímico. Para o CEO, Victor Saldanha, o apoio do Sebrae foi decisivo para tirar a ideia do papel.

“O Sebrae esteve presente desde o início, com mentorias e editais. Como pesquisador, eu sabia das ideias, mas foi esse suporte que nos ajudou a chegar mais perto do mercado.” A empresa está em fase de escalonamento e já prepara sua primeira planta-piloto para levar a espuma sustentável ao mercado químico em maior escala.

Finalista da edição, a Nanoterra, de Goiânia (GO), aposta na nanotecnologia para transformar ativos da biodiversidade brasileira, como cúrcuma e açaí, em nanoestruturas aplicáveis em cosméticos, agro e alimentos. Os nanoativos têm vantagens como maior absorção, liberação controlada e proteção das propriedades originais.

Iara Maciel acredita no retorno de parte dos lucros para a preservação | Foto: Túlio Vidal

A fundadora, Iara Mendes Maciel, reforça o propósito de valorizar a biodiversidade sem destruir os biomas. “Além de desenvolver tecnologia, queremos devolver valor às comunidades que produzem a matéria-prima. Parte do nosso lucro retorna para ações sociais e de preservação ambiental. O Sebrae foi fundamental desde a fase inicial, com mentorias e o programa Catalisa ICT, que nos deu fôlego para transformar pesquisa em negócio.”

Também finalista, a ByMyCell, de Ribeirão Preto (SP), atua com genômica (campo da biologia que estuda o material genético dos organismos) e big data para o agronegócio. A deep tech analisa o microbioma do solo para ajudar produtores a tomar decisões mais assertivas e prevenir doenças antes do plantio. A tecnologia também acelera o desenvolvimento de bioinsumos, reduzindo em até dois anos o tempo de criação de novos produtos.

Para o CEO, Rafael Silva Rocha, o reconhecimento tem valor simbólico e prático. “Fazer deep tech no Brasil exige dedicação dia e noite. O Sebrae nos apoiou em programas de aceleração, feiras estratégicas e conexões com investidores. Isso foi fundamental para transformar a pesquisa em solução prática para agricultores e indústrias.” Hoje, a ByMyCell já atende grandes players do setor e mantém uma rede de 140 profissionais credenciados em todo o Brasil.

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