No último dia da 51ª edição da Abav Expo, neste sábado (28), em Brasília (DF), o público participante do evento teve a oportunidade de conhecer experiências bem-sucedidas do turismo na Comunidade Kalunga Engenho II, em Cavalcante (GO), na região da Chapada dos Veadeiros, e também na Floresta dos Guarás, região que fica na parte amazônica do estado do Maranhão. As apresentações aconteceram durante o painel “Territórios Empreendedores: Como Desenvolver Territórios Turísticos“, na arena Estratégias do Abav Talk, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB).
As duas iniciativas fazem parte das ações de desenvolvimento do Território Nordeste Goiano e do Território Litoral Ocidental do Maranhão, respectivamente. Ambos integram a estratégia Territórios Empreendedores do Sebrae que, atualmente, conta com 75 Territórios Empreendedores, em 20 estados, 807 municípios e mais de 3 mil lideranças participantes.
Uma dessas lideranças é o presidente da Associação Kalunga Comunitária do Engenho II, Adriano Paulino. Durante o painel ele contou como foi o processo de desenvolvimento turístico na comunidade. Segundo ele, no começo os principais desafios foram integrar a comunidade e formar mão de obra qualificada. Hoje, ele conta, que os desafios são outros.
“Temos apoio, fazemos parcerias com o Sebrae, adquirimos conhecimento, mas ainda enfrentamos desafios quantos aos investimentos. Não temos linhas de crédito específicas para o turismo comunitário que tem suas próprias necessidades, como também ainda enfrentamos dificuldades para melhorar o acesso e locomoção em algumas localidades”, comentou.
Atualmente, a comunidade conta com 500 guias quilombolas, quatro restaurantes e de seis a oitos pontos de hospedagens como campings e pousadas.
Os Territórios Empreendedores são parte de uma jornada coletiva de cooperação e colaboração que ativa a governança local para a construção e implementação de uma agenda de desenvolvimento territorial, inspirada na identidade e no propósito de cada localidade.
De acordo com o analista de Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional André Ligório, a atuação nesta estratégia tem a capacidade de unir os atores, as pessoas, as lideranças nos territórios de forma respeitosa e produtiva.
Há respeito às ancestralidades, às tradições, à dinâmica do território ao mesmo tempo que há profissionalização, geração de negócios a partir de uma dinâmica adequada aos novos tempos e também a cada realidade.
André Ligório, analista de Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional
Na Floresta dos Guarás, no Maranhão, outra liderança ativa é o empresário Branco Melo, fotógrafo e dono de uma pousada familiar em Cedral, um dos dez municípios que compõem o território. Segundo ele, as dificuldades enfrentadas não são diferentes da realidade Kalunga, mas as situações podem ser contornadas com apoio do Sebrae e atuação das lideranças.
“Estou nessa luta pelo desenvolvimento do turismo há mais de 15 anos e há três anos descobri o programa LIDER do Sebrae. Eu comecei a entender que o verdadeiro líder precisa ser moldado com conhecimento. Estamos conseguindo modificar o cenário e tirando aquela impressão de que cidade do interior, comunidade quilombola, comunidade ribeirinha, comunidade pesqueira não têm valor”, frisou.
Ele aproveitou o momento para apresentar o mais novo roteiro turístico do Maranhão, chamado “Caminhos dos Guarás” que contempla cinco municípios da ilha de São Luís e 10 municípios do litoral ocidental maranhense.
Turismo responsável fruto da construção coletiva
Na ocasião, a gestora estadual de Turismo do Sebrae no Maranhão, Flávia Nadler, destacou a importância da profissionalização das atividades turísticas. Segundo ela, é preciso elevar o nível do turismo brasileiro a partir do desenvolvimento territorial. “Esse é um olhar extremamente necessário. Quando chegamos nas governanças percebemos o quanto faz diferença ter uma liderança unida”, frisou.
O analista do Sebrae Goiás Charles Dumaresq, por sua vez, aproveitou para ressaltar a importância de integrar todos os atores no processo de desenvolvimento territorial. “Mesmo com ações pontuais, precisamos pensar no território como um todo”, enfatizou.