“A digitalização não é uma opção, é um caminho sem volta e fator imprescindível para a sobrevivência dos pequenos negócios na economia moderna”. Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o avanço das plataformas digitais e da inteligência artificial estão estimulando a concentração de riquezas nas grandes empresas de tecnologia e criando um desafio para instituição e o governo brasileiro, que precisam criar alternativas para que as micro e pequenas empresas consigam encontrar seu próprio espaço.
“As big techs são o novo latifúndio. Antigamente, a riqueza estava na terra. Hoje, está concentrada nessas plataformas digitais. Essa concentração pode sufocar os pequenos, que são justamente os responsáveis por movimentar a economia e gerar inclusão”, destaca Lima.

Para o presidente do Sebrae, a digitalização é um pilar fundamental para o futuro e a competitividade das micro e pequenas empresas (MPEs) no Brasil. Em um cenário de rápidas transformações tecnológicas, Lima ressalta que a inserção no ambiente digital se tornou crucial para que esses empreendimentos continuem sendo os protagonistas da transformação econômica em curso no país.
De acordo com Décio Lima, as MPEs, responsáveis por 95% dos CNPJs e 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, são as grandes geradoras de emprego, renda e inclusão produtiva. No entanto, ele aponta que o desafio atual é preparar esses empreendedores para três grandes movimentos: a digitalização, a valorização da criatividade brasileira e a construção de um modelo sustentável de desenvolvimento.
Nesse contexto, a missão do Sebrae tem sido a de garantir que o pequeno empreendedor tenha acesso às ferramentas digitais e se torne um protagonista dessa nova economia. Com a conexão à internet praticamente universalizada (98% dos pequenos empreendedores já estão na rede) e 76% deles já utilizando computadores nas suas rotinas diárias, o dirigente do Sebrae acredita que o país vive um novo ciclo de desenvolvimento.
“Quando a economia está na mão de muitos, ela cresce, circula e combate à exclusão. Essa é a revolução que estamos vivendo com os pequenos negócios”
Décio Lima, presidente do Sebrae
Décio Lima enxerga no Brasil, e especialmente na região do Nordeste, um celeiro de criatividade capaz de transformar cultura em inovação tecnológica. Ele lembra que o artesanato e os festejos populares, marcas da cultura nordestina, hoje se conectam ao mundo digital e abrem espaço para novos modelos de negócio. “É difícil encontrar um povo mais criativo que o brasileiro. O Nordeste, por exemplo, já é o segundo polo de startups do país, atrás apenas de São Paulo. No evento Neon Nordeste, reunimos mais de 20 mil jovens que apresentaram soluções inovadoras. Essa energia criativa precisa ser valorizada como diferencial competitivo do Brasil”, acrescenta.