A Associação Kalunga Comunitária do Engenho II (AKCE), de Cavalcante, no Nordeste Goiano, foi a vencedora da Categoria Turismo de Base Comunitária e Turismo Social, dentro do Prêmio Nacional do Turismo 2023. Essa foi a única vencedora goiana no prêmio nesta edição.
O prêmio teve como tema “O Turismo Transformando Vidas”. Neste ano foram premiadas dez categorias de iniciativas de destaque e nove categorias de profissionais. O evento de premiação aconteceu durante o Salão Nacional do Turismo, realizado de 15 a 17 de dezembro em Brasília pelo Ministério do Turismo.
A tesoureira da AKCE, Dominga Natália, conta que atualmente cerca de 250 famílias vivem no local, e destaca ainda que a conquista do prêmio foi algo muito importante para todos os moradores, com o reconhecimento do turismo de base organizado e gerenciado pela própria comunidade. “Isso nos mostra que estamos no caminho certo”, comemora. “Há uma grande importância neste reconhecimento, não só para o Quilombo Kalunga, mas também por ser o primeiro prêmio do estado de Goiás para turismo de base, e isso é de uma grandeza incomparável”, enfatiza.
Apoio
Para alcançarem a excelência de hoje muito trabalho foi feito. Um dos apoiadores em períodos dessa jornada tem sido o Sebrae Goiás. A gestora de Turismo da instituição, Priscila Vilarinho, conta que no início foi feita uma atuação pontual com a comunidade entre 2004 e 2006, iniciando um trabalho de conversas e estruturação da visitação turística. “Mas foi o próprio quilombo de fato que se estruturou ao longo dos anos e implantou o sistema de visitação”, destaca.
Depois disso, nestes últimos dois anos o Sebrae retornou com esse apoio. “Foi feito um estudo de competitividade, com dados do fluxo turístico, oportunidades e tendências de mercado. Sabemos do grande potencial ainda para avançar. O resultado já vemos atualmente. Para nós, do Sebrae, é uma felicidade imensa terem sido premiados”, avalia.
Mas o trabalho não para por aí. “Estamos também formatando novas rotas, focadas no turismo cultural, para diversificar a oferta no Engenho II e outras comunidades, porque hoje está muito concentrado somente no ecoturismo”, adianta. Conforme Priscila, o trabalho já teve início, mas será expandido em 2024, e faz parte do Programa Rede de Agentes de Roteiros Turísticos.
Priscila também traz mais uma novidade sobre o turismo na região. “Está sendo elaborado um planejamento participativo para promover o Ecomuseu Kalunga, trazendo um novo conceito de museu. Ele vai abarcar a trajetória do povo Kalunga como um todo, e retratar a cultura desse quilombo tão importante no Brasil”, explica.
Durante o evento, também foram destaques os novos produtos turísticos que o Sebrae tem ajudado na formatação das novas rotas turísticas. Estas foram inclusive citadas pelo próprio Ministro do Turismo. Foram elas a Rota dos Pireneus, de queijos e vinhos de Goiás, que acontece nos municípios de Pirenópolis, Corumbá de Goiás e Cocalzinho de Goiás; a Rota Além das Águas, que acontece nos municípios de Caldas Novas, Rio Quente e Piracanjuba; e o Cristaline-se, de joias em Cristalina. Também foi oferecida uma degustação de um novo roteiro que virá, a Rota de Bem-estar e Saúde, na Chapada dos Veadeiros, englobando Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante, contendo também ações no Quilombo Kalunga.
O quilombo
Com uma atuação no turismo de base comunitária há mais de 20 anos, o Quilombo Kalunga tem se transformado em referência para os povos tradicionais e originários quanto ao desenvolvimento do turismo. Existem no local lideranças jovens que estão entre os responsáveis pelo avanço da região.
O Quilombo Kalunga é o maior quilombo do Brasil, com 262 mil hectares, 39 comunidades e aproximadamente 9 mil pessoas. Está localizada na região turística da Chapada dos Veadeiros e envolve os municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre de Goiás, e na comunidade do Engenho II é possível ver jovens empreendedores e como líderes. No local está localizada inda a Cachoeira Santa Bárbara, que para muitos é considerada a cachoeira mais bonita do Brasil.
Com uma enorme rede comunitária de empreendedorismo turístico, a comunidade possui aproximadamente 200 condutores de visitantes, cinco restaurantes, três meios de hospedagens e 17 transportadores turísticos, movimentando uma grande cadeia turística. Os ganhos com o turismo geram emprego e renda para os moradores, mas também colaboram com o desenvolvimento comunitário. Parte dos recursos oriundos das entradas dos visitantes para as cachoeiras vai para investimentos na infraestrutura comunitária, no apoio à educação, saúde, esporte, cultura e na estrutura turística.
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