A estação mais quente do ano movimenta o turismo brasileiro e impulsiona diferentes segmentos do mercado, como a moda praia. Somente em janeiro deste ano, mais de 868,5 mil turistas estrangeiros visitaram o Brasil, o maior número registrado nos últimos quatro anos, superando o período pré-pandemia, de acordo com a Polícia Federal. Com a retomada definitiva do turismo neste ano, a expectativa é que a moda praia apresente oportunidades de negócios para as micro e pequenas empresas ao longo de 2023.
De acordo com a analista do Sebrae, Kamila Merle, o mercado de moda praia é expressivo e significativo para a economia brasileira. “É um mercado com potencial e oportunidades para os pequenos negócios, com a geração de empregos e movimentação da cadeia produtiva do segmento que vai muito além da produção de roupas de banho, mas inclui acessórios específicos para compor um look para a estação, como bolsas e saídas de praia”, ressaltou.
Dados da Associação Brasileira da Indústria Textil (ABIT) apontam que a moda praia brasileira movimenta em torno de R$ 5 bilhões por ano, tornando o país referência mundial neste mercado. Considerando o setor têxtil e de confecção nacional, são gerados em torno de oito milhões de empregos indiretos e 1,5 milhão de empregos diretos, segundo a ABIT.
Negócio promissor
Na cidade de Cabo Frio, Região dos Lagos do Rio de Janeiro, a “Rua dos Biquinis” é parada obrigatória para os turistas. O local reúne mais de 150 lojas de moda praia, fitness e acessórios. Uma dessas loja é a Sal de Areia, comandada pela empresária Fabrícia Costa. Empreendedora do ramo da moda há 20 anos, ela decidiu começar nesse nicho há dois anos, quando adquiriu a marca que já existia no mercado.
“Como a nossa cidade é praiana, no verão o que vende mesmo é a moda praia, responsável por grande fatia do mercado. Então, como a minha outra loja de moda fitness já estava estabilizada, eu vi uma grande oportunidade de atuar na moda praia”, contou.
O setor de moda praia é um dos que se mantém aquecido no mercado e pode produzir peças durante todo o ano, favorecido pelo clima tropical do país. Dedicada à sua nova marca, Fabrícia se prepara para atuar no ramo do atacado no segundo semestre e já definiu a próxima coleção que será lançada em setembro. “Estamos preparando uma coleção voltada para o tema do mediterrâneo, com modelagens diferenciadas, franzidos e detalhes que atendam nosso público formado principalmente pela classe A”, comentou.
A empresária Cláudia Guimarães Rosa é dona da marca Pitanga Brasil, também de Cabo Frio. Ela conta que que está no ramo da moda praia há mais de 30 anos e que começou com uma pequena loja alugada. “No começo tinha outro nome e atendia apenas o público infantil. Depois começamos a produzir para adultos também. Hoje tenho minha própria loja na Rua dos Biquinis, onde concentro o escritório, a fábrica e o estoque. É um negócio que tem dado muito certo e mesmo na pandemia, conseguimos vender online”, frisou.
De olho nas tendências do verão europeu, a empresária se prepara para viajar para fora do país nos próximos meses e já se prepara para o verão de 2024. “Tem algumas estampas que não saem de moda, mas neste ano tivemos muito florais. Acompanho também as grandes marcas e a partir de julho, já vamos ter uma ideia do que vai se destacar no ano que vem”, comentou.
De acordo com a analista, a moda praia segue vertentes que impulsionam o mercado da moda como um todo. “Existe uma preocupação com uma moda mais sustentável, que une moda e propósito, com peças com estilo produzidas por empresas responsáveis do ponto de vista ambiental e social”, destacou Kamila Merle.
Além disso, ela ressalta que as peças com tons vibrantes continuam em alta, mas também apresentam modelos mais versáteis que unem conforto e estilo. Os acessórios, segundo ela, complementam o look, com destaque para saídas de praia, lenços, bolsas, chapéus, entre outros. “As cores com tom vivos e vibrantes, assim como as modelagens que fogem do tradicional com recortes, tiras, amarrações e trançados seguem como tendências, além de aplicações handmade como o crochê ”, citou.
Confira dicas para empreender no mercado moda praia:
1. Se você não sabe por onde começar, uma boa alternativa é apostar em uma loja multimarcas com boa variedade de produtos.
2. Fique atento ao seu público. É preciso atender às necessidades dos diferentes corpos que usam moda praia.
3. Não se esqueça de oferecer as facilidades do e-commerce aos seus clientes. O uso de plataformas digitais para venda de produtos também permite que você acompanhe melhor os resultados, bem como pode ser integrada com outros canais de venda nas redes sociais, por exemplo.
4. Lembre-se que quem empreende na moda praia pode aproveitar o mesmo maquinário e tecidos para produzir moda o ano todo, como por exemplo, a linha fitness.