Um dos participantes do Inova Amazônia Summit foi a startup Amazon Cure. Com o mote de que a cura está na floresta, a startup que é um dos exemplos do potencial da bioeconomia. Os produtos são resultado de anos de mais de 30 anos de pesquisa farmacêutica com bioativos da floresta amazônica liderados pelo professor da Universidade Federal do Amapá José Carlos Tavares. A startup reuniu o conhecimento de Tavares e a visão de mercado do empresário Frank Portela. O que era feito apenas dentro do laboratório da universidade começou a ganhar corpo e escalabilidade.

“Sempre trabalhei dando consultorias para grandes indústrias nacionais e internacionais da área farmacêutica. Hoje, comemoro algo que está sendo materializado aqui no Amapá. A maior colaboração de um cientista à sociedade é contribuir com respostas às dores das pessoas e ver pessoas empregadas em seus locais de origem”, reconheceu Tavares, que está entre os 2% de pesquisadores mais produtivos do mundo, segundo o Top Researcher List. O sonho começou a ganhar forma ainda em 2024.
“Fizemos uma captação de recursos esse ano para começar a escalar. Lançamos, em setembro de 2024, duas linhas para começar a escala comercial dos produtos”, comemora Portela, CEO da Amazon Cure. O portifólio da startup tem uma variedade de produtos farmacêuticos e cosméticos: um dos produtos é voltado para tratamento de úlceras complexas e feridas diabéticas; a linha Oh Men é voltada para a saúde sexual masculina, especialmente para retardar a ejaculação precoce.
Tudo feito com muita tecnologia e com bioativos da Amazônia, desenvolvendo toda a cadeia produtiva com processos que geram valor e renda para as comunidades locais.
Frank Portela, empresário.
Por meio do projeto de bioeconomia do Sebrae no Baixo Amazonas, região de Santarém (PA), a startup foi conectada com o Museu de Ciência da Amazônia, o MuCA, que fica no município de Belterra (PA). Lá a Amazon Cure vai desenvolver produtos para a saúde e estética com potencial de escala usando insumos abundantes na região do Museu, a Flona Tapajós.
“Lá, estamos desenvolvendo a linha Terra Preta de biocosméticos com nanotecnologia aproveitando a polpa o Camumu, da Andiroba. Além disso, com o Serpentário do Muca, estaremos desenvolvendo a linha Snake Tox, que é uma tecnologia em substituição ao Botox. É uma linha tópica em que você vai passar esse sérum e esses cremes e as rugas, de forma quase mágica, através de muita tecnologia, vão sumir”, promete com entusiasmo.
Networking amazônida
Esse entusiasmo fez com que professor Tavares, Portela e os outros três sócios da Amazon Cure recebessem cerca de 70 empresários, políticos e lideranças do Sebrae na sede administrativa da Amazon Cure e da Yara Couros na noite do dia 22 de maio. Ingrid Barth, presidente do Startup20, contou que quando assumiu o cargo, fez uma análise sobre os ecossistemas que menos conhecia no Brasil e, desde então, tem se dedicado muito à região norte.

Aqui fiquei impressionada com o que vi: as pessoas estão fazendo muito com muito pouco. Na minha função, eu precisava dar visibilidade ao que já estava ocorrendo aqui na região Norte. Foi muito impactante para mim mostrar o Brasil para os brasileiros e deixar as pessoas apaixonadas pelo nosso país.
Ingrid Barth, presidente do Startup20.
Para ela, é urgente que os brasileiros parem de falar mal do país. “Ninguém vai investir num lugar em que as próprias pessoas falam mal. Por isso, a gente não consegue gerar o nível de prosperidade que podemos gerar”, alerta.
O Sebrae tem atuado para fortalecer as economias locais. Iniciativa como o Inova Amazônia tem dado oportunidade para ideias saírem do papel e unir empreendedorismo com geração de renda e valor com tecnologia e sustentabilidade. Para aproximar diferentes atores e estimular ainda mais o desenvolvimento regional, o Sebrae tem feito um trabalho na Região do Baixo Amazonas, em especial para preparar os empreendimentos locais a agregar tecnologia com as tradições.
A iniciativa idealizada pelo diretor Bruno Quick reúne diversas frentes como um levantamento cultural e iconográfico, feito em parceria com a Assintecal, sob a coordenação do designer Walter Rodrigues. “O objetivo é identificar o que é característico e tradicional do local – seja por meio de imagens, tradições culturais e mesmo narrativas orais – para agregar valor aos produtos, conectar produtores de diferentes ramos, levar parcerias nacionais para valorizar os negócios da região”, explica Rodrigues.
O Sebrae tem conectado pequenos e grandes negócios de diferentes regiões com os empreendimentos e oportunidades do Baixo Amazonas. O diretor Bruno Quick e outros dirigentes do sistema Sebrae estiveram no evento oportunizado pela Amazon Cure.

O que estamos fazendo é mostrando o Brasil para os brasileiros e criando metodologia para o desenvolvimento local sustentável com geração de renda.
Bruno Quick, diretor-técnico do Sebrae.