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Resíduos orgânicos no Brasil: de problema climático a oportunidade na economia circular

Centro Sebrae de Sustentabilidade incentiva a reciclagem de orgânicos e a mitigação de metano, transformando o desafio em agenda estratégica para o país
Por Redação
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A COP30 chegou ao fim, mas os desafios lançados na Conferência do Clima estão definitivamente inseridos na agenda das instituições brasileiras. Um dos maiores problemas enfrentados pelas grandes cidades, a destinação de quase 78 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, está entre os compromissos assumidos pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), polo de referência nacional do Sistema Sebrae, que atua como um eixo estratégico para conectar cidades e comunidades na busca e implementação de soluções climáticas.

Durante a COP30, o diretor do centro, André Schelini, apresentou aos representantes de governos e instituições internacionais o trabalho que vem sendo desenvolvido pela organização, por meio da integração entre as agendas urbana e ambiental em apoio à transição para um modelo mais sustentável.

Em painel durante a COP30, André Schelini destacou o programa Pró-Catadores, do Sebrae, como agenda estratégica dentro da transição ambiental brasileira, conectando pequenos negócios, inovação e justiça social | Foto: Adrio Denner

Entre as agendas prioritárias está a parceria firmada com o Instituo Polis, o Global Methane Hub e diversas outras organizações para mitigar as emissões de metano entre os pequenos negócios brasileiros e aumentar a reciclagem de resíduos orgânicos. O objetivo é apoiar as diferentes redes institucionais para a apresentação de planos concretos de mudança até a realização da próxima cúpula climática da ONU (COP31), em 2026, na Turquia.

Segundo André Schelini, somente no Brasil são geradas anualmente cerca de 78 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, dos quais 45,6% são orgânicos, provenientes de restos de alimentos e de áreas verdes. Esses resíduos têm origem, destaca o diretor do Centro Sebrae de Sustentabilidade, em domicílios, na limpeza urbana e também no setor comercial e de prestação de serviços, que dependem, em grande parte, do serviço público de coleta.

No entanto, apenas 0,3% desse volume é compostado e transformado em adubo orgânico. O diretor comenta que, caso os padrões de produção e consumo se mantenham os mesmos, a geração de resíduos sólidos aumentará em 70% até 2050, intensificando os desafios ambientais e climáticos.

Por ano, são geradas no Brasil cerca de 78 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos | Foto: Divulgação

No Brasil, o setor de resíduos é a segunda maior fonte de emissões de metano, sendo responsável por pelo menos 16% desse gás, a grande maioria proveniente de aterros sanitários e lixões. Além disso, trata-se do setor com a maior taxa proporcional de crescimento de emissões nos últimos 15 anos, com aumento de 35%.

Para Carolina Urmeneta, diretora do programa de resíduos e economia circular na Global Methane Hub, reduzir as emissões de metano do setor de resíduos é uma das estratégias mais custo-efetivas para desacelerar o aumento da temperatura, gerar empregos e melhorar a qualidade de vida das comunidades locais. Como Presidência da COP, o Brasil tem dado o exemplo — não apenas por meio de um forte desenho de políticas, como o Plano de Resíduos Orgânicos, mas também ao promover a implementação prática em parceria com municípios, ONGs, catadores, setor financeiro e filantropia.

De acordo com André Schelini, as experiências já implantadas no Brasil demonstram a viabilidade de escalar soluções que mobilizem diferentes atores, com base em modelos de negócios sustentáveis e políticas públicas inclusivas. Essas experiências têm sido conduzidas por organizações de catadores, prefeituras, pequenos e médios negócios locais e grandes empresas do setor, muitas vezes conectadas a grandes geradores de resíduos orgânicos, como supermercados, restaurantes e shopping centers, que chegam a representar até 20% dos resíduos urbanos em algumas cidades brasileiras.

“Esse cenário representa não apenas responsabilidade, mas também a oportunidade de atuarem como catalisadores da transição para um novo modelo de gestão de resíduos urbanos”

André Schelini, diretor do Centro Sebrae de Sustentabilidade 

Economia Circular e os Pequenos Empreendedores na implementação climática

Na COP30, ao apresentar publicação com diferentes iniciativas em implementação na Economia Circular, o Sebrae celebra a inclusão da temática na Agenda de Ação da Conferência e amplia o compromisso de engajar mais atores, principalmente os pequenos negócios.

Acesse a publicação neste link.

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