Nos últimos dias, a comunidade global voltou seus olhos para a entrega do Prêmio Nobel de Economia de 2025 aos economistas Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt — pensadores que ajudaram a compreender, com rara profundidade, a força transformadora da inovação no desenvolvimento das nações. Inspirados pela visão de Joseph Schumpeter, eles mostraram que o verdadeiro motor do crescimento econômico não é apenas a acumulação de capital, mas a capacidade de renovar, reinventar e distribuir oportunidades por meio de processos criativos e inclusivos.
Um dos principais intelectuais e referência no tema do empreendedorismo, Schumpeter, volta com toda carga neste processo de criação. E a lição não fica apenas na teoria, trata-se de um lembrete poderoso: a arte do desenvolvimento está em saber equilibrar a concorrência, o desenvolvimento tecnológico (com inovação) e políticas protetivas. Na prática, o desenvolvimento nasce de ambientes onde ideias circulam livremente, onde empreender é possível, onde o conhecimento não é privilégio, mas direito e onde a inovação se torna um bem coletivo, não apenas um ativo concentrado em poucos.
No Brasil, essa reflexão tem uma ressonância especial. Mais de 95% das empresas do país são micro e pequenas, espalhadas por todo o território: das periferias urbanas às comunidades rurais, dos bairros populares às cidades médias que sustentam as cadeias produtivas nacionais.
Esses negócios não são apenas unidades econômicas, são expressões vivas de criatividade, trabalho e resistência social. Cada pequeno empreendimento carrega em si uma semente de transformação: um jeito novo de fazer, de atender, de criar soluções reais para problemas reais.
Quando falamos de inovação, muitas vezes a imaginamos restrita a grandes centros tecnológicos ou ambientes de alta sofisticação científica. Mas inovar também é adaptar um serviço para atender melhor a comunidade; é redesenhar processos produtivos para gerar mais eficiência; é usar ferramentas digitais de forma acessível para ampliar mercados; é criar, com engenhosidade, novas formas de inclusão econômica.
Os trabalhos laureados pelo Nobel mostram que sociedades que prosperam são aquelas que criam condições para que a inovação se espalhe, e não se concentre. Isso significa remover barreiras burocráticas, ampliar acesso ao crédito, democratizar conhecimento e fortalecer ecossistemas locais. Significa compreender que desenvolvimento e justiça social caminham juntos, e que não há inovação verdadeira quando milhões ficam à margem do progresso.
Os pequenos negócios já entenderam que inovação também é para eles. Se antes, havia a certeza que apenas as grandes empresas teriam folego para inovar, hoje o conceito da inovação se popularizou.
Quando um pequeno negócio prospera em uma periferia, ele não apenas movimenta a economia local, ele gera dignidade, amplia horizontes e cria possibilidades de vida para famílias e comunidades inteiras.
Quando muitos prosperam juntos, eles reequilibram territórios, fortalecem regiões historicamente esquecidas e dão corpo a um projeto de país mais justo.
A inovação é um instrumento concreto de desenvolvimento humano, de autonomia produtiva e de afirmação cidadã. É por isso que o Sebrae vê nos pequenos negócios não apenas agentes econômicos, mas protagonistas de um projeto nacional de desenvolvimento inclusivo e sustentável. Cada ação de fomento à inovação local, cada microcrédito acessível, cada rede de apoio construída é um passo em direção a um Brasil mais justo.
O prêmio Nobel deste ano nos convida a olhar para o futuro com mais esperança, não apenas no sentido de crescer economicamente, mas de crescer melhor, com justiça social e oportunidades distribuídas. O desenvolvimento que vale a pena não é aquele que concentra riqueza, mas aquele que espalha possibilidades.
O Brasil que queremos construir será forjado na força de milhões de pequenos negócios, na criatividade que nasce nos bairros, nas comunidades e nas periferias. Essa é a verdadeira revolução silenciosa da inovação: feita por gente comum, todos os dias, movida pela esperança de um futuro mais justo e mais humano.