O segundo dia do Capital Empreendedor, realizado nesta quinta-feira (11), em São Paulo, ganhou nova energia quando 11 estudantes do Projeto Vitrine Sebrae subiram ao palco para apresentar seus pitches a uma plateia formada por investidores, empreendedores e especialistas em inovação. A nona edição do evento, conhecido por aproximar startups e fundos de investimento em rodadas de negócios, abriu espaço para que quatro grupos de jovens mostrassem soluções alinhadas a tendências reais de mercado e, sobretudo, exibissem a confiança e a maturidade de quem já respira empreendedorismo antes mesmo de concluir o ensino médio.

Os projetos exibidos são resultado direto do Projeto Vitrine, iniciativa estruturante do terceiro ano da Escola do Sebrae de Contabilidade e Finanças. Ao longo de 2025, cerca de 40 planos de negócio foram desenvolvidos por estudantes, e os quatro melhores foram selecionados para o Capital Empreendedor. Três nasceram em Minas Gerais e um venceu a competição internacional promovida em Mallorca, na Espanha.
“Esses alunos passam um ano inteiro desenvolvendo seus modelos de negócio, desde a ideação até o plano financeiro. São documentos de 70 ou 80 páginas que sustentam um pitch de cinco minutos”, explica o professor Pedro Melilo, orientador do Projeto Vitrine.
“Eles têm 17 e 18 anos e já falam de TIR, VPL, payback e projeções financeiras com uma profundidade que muitas vezes só se vê na pós-graduação. É impressionante assistir ao nível de segurança e inovação que apresentam”
Pedro Melilo, orientador do Projeto Vitrine
Quatro ideias, quatro futuros possíveis
Os pitches apresentaram soluções para problemas reais e em mercados em franca expansão. A Inova IA propõe consultoria especializada para micro e pequenas empresas que querem adotar inteligência artificial, partindo de dados contundentes: 95% das empresas têm necessidade de IA, mas 65% não sabem por onde começar.
A Festinha apresentou vending machines coloridas e estratégicas para festas e shows, abastecidas com itens emergenciais — de baterias portáteis a desodorantes — atendendo a um público majoritariamente jovem, disposto a pagar pela conveniência.

O Pet Truck levou ao palco o conceito de pet shop móvel com banho, tosa, vacinação e alimentação sobre rodas. Focado em tutores com pouca mobilidade ou pessoas com pouca disponibilidade de tempo para cuidar de seus animais, o projeto ainda conta com práticas ESG integradas ao negócio.
Fechando o ciclo, a Aurita, campeã da competição internacional na Espanha, impressionou a plateia ao mostrar como transforma resíduos em móveis de luxo para o setor hoteleiro. Em Mallorca, onde 41% do público já consome marcas sustentáveis, os estudantes apresentaram um modelo que reduz consumo de água e energia e converte lixo em legado.
Para Melilo, a grande força do Projeto Vitrine está no caráter vivencial da jornada. “A escola inteira orienta esses jovens. A gente quer que eles criem algo deles, que tragam inovação no produto, no processo, no atendimento. E quando eles sobem ao palco do Capital Empreendedor, com essa qualidade de oratória e de análise financeira, é inevitável que o público se impressione.”

Os grupos são compostos por alunos de 17 e 18 anos e ainda não operam formalmente. Mas vários deles devem abrir CNPJ nos próximos meses, após a conclusão dos estudos e o registro de propriedade intelectual, quando necessário.
A presença dos estudantes no evento foi celebrada pelo gerente da Unidade de Capitalização e Serviços Financeiros (UCSF) do Sebrae, Valdir Oliveira, que destacou o papel da instituição na formação de futuros líderes empreendedores.
“Isso é o Sebrae. Nossa missão é fomentar o empreendedorismo no Brasil hoje e também o de amanhã. Quando trazemos jovens que já têm visão de negócios, profundidade técnica e paixão pelo que fazem, estamos cuidando do futuro do país”
Valdir Oliveira, gerente da Unidade de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae
Valdir se disse especialmente impressionado pela combinação entre repertório financeiro e sensibilidade de mercado apresentada pelos jovens. “Ver adolescentes falando de taxa interna de retorno e payback com tanta segurança é extraordinário. Mais ainda: eles estão conectados a temas relevantes — pets, ESG, inteligência artificial, economia circular. Isso mostra maturidade, preparo e visão de futuro.”
Para ele, iniciativas como o Projeto Vitrine e o Capital Empreendedor ajudam a construir um Brasil mais inovador e competitivo. “Com jovens assim, vamos ter um desenvolvimento com distribuição de renda, baseado em pequenos negócios fortes e bem formados. Eles já são, hoje, o que queremos para o futuro.”
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