O município de Boa Vista do Ramos (AM), localizado a cerca de 270 quilômetros de Manaus, amanheceu com uma boa notícia. Com o apoio do Sebrae, a cidade conhecida como a “Terra do Mel” recebeu, nesta terça-feira (2), o registro de Indicação Geográfica (IG) pela sua atuação destacada na meliponicultura. Esta é a primeira concessão para o produto no Amazonas e o 10º registro para o setor de mel e própolis do país.
De acordo com a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, o reconhecimento apoia a estruturação da cadeia produtiva local e amplia o acesso dos produtores a novos mercados. “Acabamos de sair de uma COP30 na qual os produtos da biodiversidade apoiados pelo Sebrae fizeram um sucesso gigantesco. Da mesma forma, o Mel de Boa Vista do Ramos tem um grande potencial produtivo que será reforçado com a Indicação Geográfica. A iniciativa também é um incentivo para os outros municípios amazonenses que produzem mel procurarem a diferenciação de seus produtos no mercado”, afirmou.
Referência na criação de abelhas sem ferrão, o município tem mais de 1,1 mil colônias de abelhas, que são agentes polinizadores das árvores e garantem equilíbrio ambiental. De julho a novembro, os meliponicultores realizam a extração de aproximadamente quatro toneladas de mel.

O Amazonas apresenta características favoráveis para a criação de abelhas, devido ao clima quente e à diversidade da flora. Na floresta, estes insetos se alimentam de néctar e de pólen das flores e de água limpa, e constroem seus ninhos em troncos ocos das árvores ou no solo. O produto de alta qualidade possui características diferenciadas dos demais encontrados no mercado: leve acidez, sabor, aroma e a coloração singulares.
Boa Vista do Ramos possui alguns eventos que se destacam na região, como a Festa do Trabalhador e a Feira do Mel. Junto a isso, o município instalou a primeira Casa do Mel do estado nos padrões exigidos pela Lei, dotada de equipamentos que atendem às normas de higiene e condições sanitárias. Foi também o primeiro município da região a receber o selo do Serviço de Inspeção Estadual (SIE) para a comercialização desse produto.
Sobre as IGs
Existem dois tipos de Indicações Geográficas concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): a Indicação de Procedência (IP) e a Denominação de Origem (DO). O Brasil possui 159 IGs, sendo 118 IPs (117 nacionais e 1 estrangeira) e 41 Denominações de Origem – DOs (31 nacionais e 10 estrangeiras).
A Indicação de Procedência reconhece o nome geográfico de um país, cidade, região ou localidade que se tornou conhecido como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto. Já a Denominação de Origem vai além e exige que as características e qualidades do produto sejam essencialmente ou exclusivamente atribuídas ao meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos.

