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Cearenses que trabalham a palha do croá conquistam a 18ª Indicação Geográfica brasileira no artesanato

Os produtos feitos a partir da fibra da planta típica do semiárido foram reconhecidos pelo INPI por suas características especiais
Por Carlos Abreu
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As artesãs do distrito de Pindoguaba, do município de Tauá (CE), que criam diversos produtos a partir da fibra do croá, conquistaram o reconhecimento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A partir de agora elas passam a fazer parte de um seleto grupo de 18 territórios do país que tiveram seu trabalho reconhecido como Indicação Geográfica.

O croá é uma planta típica do semiárido brasileiro e tinha sua fibra usada inicialmente na fabricação de cordas, cabrestos para animais, mantas e redes. Apesar de pouco lucrativo, o trabalho feito a partir da fibra era uma das poucas alternativas de sobrevivência dos moradores da região.

No início dos anos 1980, essa produção foi substituída por outras atividades econômicas, como a exploração de pedras para pavimentação e alicerces das casas, pontes e outros, além de passar a competir com a entrada de outras fibras. Com isso, a arte caiu no esquecimento.

A IG de Pindoguaba sobre a fibra do croá é a 143ª Indicação Geográfica brasileira | Foto: Flor do Croá

Sua exploração voltou a ganhar importância ao ser revitalizada a partir de um trabalho de resgate da cultura do croá, realizado pelo Sebrae, governo do Ceará e do grupo Flor do Croá, por meio do qual artesãs surpreendem com sua criatividade e confeccionam diversos artigos a partir da fibra.

“O Sebrae tem uma metodologia para a identificação de potenciais novas Indicações Geográficas. Primeiro, fazemos um diagnóstico para verificar se aquele território atende às características, se ele tem as condições mínimas para se transformar em uma Indicação Geográfica”, comenta Maíra Fontenele Santana, analista de projetos de inovação do Sebrae Nacional.

“A gente costuma falar que IG a gente não cria, a gente descobre, organiza e reconhece. Então, as características já têm que existir no território”

Maíra Fontenele Santana, analista de projetos de inovação do Sebrae

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Esse trabalho é desenvolvido junto aos produtores, sempre com a participação de organizações que representem a coletividade local. A IG de Pindoguaba é a 144ª Indicação Geográfica brasileira, da modalidade Indicação de Procedência (IP).

Segundo a analista do Sebrae, o artesanato de Pindoguaba é apenas o segundo de fibra a ser reconhecido como uma Indicação Geográfica (o primeiro é foi o capim-dourado do Tocantins). Ela lembra que o Brasil tem uma diversidade muito grande de fibras que servem de matéria-prima e que o país está apenas começando esse trabalho de reconhecer e valorizar essa riqueza cultural.

Preservação

Maíra Fontenele ressalta que a associação das artesãs de Pindoguaba tem feito um trabalho importante de manejo para que a planta que é a origem da fibra não entre em um processo de extinção por conta de um possível aumento na demanda. “O artesanato da fibra do croá é um trabalho de muita tradição, que envolve atualmente cerca de 20 artesãs. Esse reconhecimento vai garantir mais visibilidade para o território e contribuir principalmente para fortalecer o trabalho com os jovens da região, reforçando esse senso de importância e conectando diferentes gerações”, acrescenta.

Indicações Geográficas

As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível.

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