O acesso ao crédito é uma das principais barreiras para os pequenos negócios chefiados por mulheres. Por isso, o Sebrae tem atuado para fortalecer o empreendedorismo feminino e possibilitou 100% de garantias, por meio do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), para R$ 700 milhões em empréstimos para este público em 2025. O resultado foi anunciado no Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, celebrado nesta quarta-feira (19), em sessão solene na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
Na ocasião, a diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Margarete Coelho, destacou que a atuação do Sebrae tem o intuito de combater o preconceito e uma prática do mercado financeiro em relação às mulheres. Ela apontou dados do Banco Central de que as mulheres pagam, em média, 4% a mais de juros do que os homens. “Isso é injusto não só para a mulher, é injusto com a nossa economia, que relega e que dificulta uma força de trabalho fundamental para o nosso país”, disse.
O evento teve o objetivo de homenagear pessoas e entidades que atuam pela participação das mulheres nos negócios. Margarete Coelho ressaltou a dimensão desta força da economia brasileira: são mais de 10,4 milhões de empreeendedoras.

“Reconhecer a importância do empreendedorismo feminino é reconhecer uma força de trabalho criativa, inclusiva, inovadora e potente. O empreendedorismo é difícil para todo mundo, mas é mais difícil para as mulheres. A tripla jornada que sacrifica o tempo, sacrifica os sonhos pessoais dessa mulher, pois ela coloca tudo à disposição da sociedade”, comentou.
Após o evento, em entrevista para a Agência Sebrae de Notícias, Margarete Coelho elencou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres que empreendem e colocou o Sebrae à disposição do público feminino.
Nesse Dia Internacional Empreendedorismo Feminino, o que podemos comemorar e o quais são os avanços necessários?
Tem que ser bem generoso para encontrar o que comemorar o empreendedorismo feminino. Nós temos ainda um ambiente legislativo inóspito, nós não temos leis que apoiem efetivamente as mulheres. As leis são muito propositivas, mas não tem nenhum poder de eficácia, porque não atingem na prática. Temos uma dificuldade enorme de acesso ao crédito, pagando juros mais caros. Ainda temos uma economia de cuidados, sobrecarregando as mulheres por falta de creches, por falta de escolas em tempo integral. Enfim, as mulheres ainda estão empreendendo muito na raça, no esforço, com muito mais dificuldade que os homens.
Ao falar em acesso ao crédito, o Acredita Delas pode ser esse caminho para diminuir essas barreiras?
Com certeza. Com o Fampe, em relação às mulheres, estamos avalizando 100% das operações. Exatamente para compensar essa distorção tão grande. As mulheres não têm bens no próprio nome, então não têm bens a dar em garantia, e o aval ainda é muito difícil para elas. Estamos alavancando bastante os empréstimos para as mulheres, mas realmente nós precisamos ter um ambiente legislativo de apoio às mulheres. Precisamos que compras públicas olhem para negócios de mulheres, precisamos de mais creches, de mais escolas de tempo integral e de homens que caminhem lado a lado com elas.
Qual o impacto da economia do cuidado no empreendedorismo feminino?
São 17 horas a menos dentro do negócio, além da sobrecarga física e emocional. Quer dizer, além dessas mulheres terem menos tempo para dedicar aos seus negócios, para planejarem, para executarem, para ter um negócio realmente planejado, olhando para o futuro, expandindo na medida certa, elas ainda se sobrecarregam fisicamente e emocionalmente. Mas tem o lado bom, que é o a criatividade e atuação em rede que é possível com o Sebrae, com a Rede Mulher Empreendedoras, e tantas outras entidades que ajudam nesse fortalecimento.
Como o Sebrae tem contribuído para melhorar esse cenário?
Temos diversas ações, mas duas merecem destaque. Como disse, temos o Fampe, avalizando as operações de crédito para os negócios de mulheres. Depois, temos o Sebrae Delas, que é o maior programa de empreendedorismo feminino, oferecendo cursos, mentorias, consultorias, organizando eventos em que elas podem se fortalecer em rede, garantindo conexões, buscando espaços para elas. O Sebrae tem sido uma presença forte ao lado das mulheres empreendedoras.
Saiba mais
O Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014. A data, celebrada anualmente em 19 de novembro, foi instituída para reconhecer, valorizar e incentivar o trabalho de mulheres empreendedoras, além de destacar os desafios que enfrentam.

