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Projeto Sertão Empreendedor transforma vida de produtores rurais de Alagoas

Após quatro anos de trabalho, iniciativa trouxe de volta os alagoanos que tinham deixado o estado para fugir da seca
Por Redação
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Se uma palavra pudesse resumir os quatro anos de trabalho do Sebrae em Alagoas no Projeto Sertão Empreendedor, essa palavra seria transformação. Não só os agricultores familiares do Alto e Médio Sertão, Bacia Leiteira, Mata Alagoana e Agreste foram beneficiados com as ações do Projeto. Alguns dos frutos são: aumento de renda através do crescimento da produção; muitos aprenderam a ler e escrever; começaram a atuar coletivamente; melhoraram a qualidade de vida e de seus filhos, ocasionando o retorno deles de volta a Alagoas.

A proposta do Sertão Empreendedor foi promover a competitividade e sustentabilidade dos empreendimentos rurais no semiárido de Alagoas através do fomento à inovação, ao empreendedorismo e a difusão das tecnologias sociais, de produção, gestão e boas práticas de convivência com o ambiente. No período de fevereiro de 2015 a março de 2019, focou nas atividades de apicultura, avicultura, bovinocultura de leite, caprinocultura e ovinocultura, desenvolvendo para cada uma delas uma versão adaptada da metodologia Balde Cheio para capacitação técnica.

Em termos de números, os resultados são impressionantes: 82% dos empreendimentos beneficiados com tecnologias de convivência com o semiárido implantadas, obtiveram 482% de aumento no faturamento, saindo do valor bruto de R$ 3.306,57, em 2015, para R$ 19.228,89, em 2019. Essas conquistas tiveram uma base de participação e adesão de 90% aos produtos e serviços ofertados pelo Sebrae, incluindo um crescimento de 113% na adesão às ferramentas básicas de gestão nos empreendimentos.

Contudo, o caminho até esse resultado foi de muito esforço. Pollyana Soares, analista da Unidade de Agronegócios (UAGRO) do Sebrae em Alagoas e gestora do projeto, relembra que, no começo, foi preciso recorrer às associações, cooperativas e sindicatos para ter acesso aos produtores da agricultura familiar. Outra dificuldade do cenário inicial havia o desconhecimento dos próprios municípios sobre a dinâmica, a evolução, nem a importância desta atividade para a cidade.

“Não sabia quanto gerava de emprego direto e indireto, de imposto, o quanto impactava na feira livre, quantas pessoas estavam ali com produtos diferenciados ou tinham potencial para fazer, mas não tinham oportunidade. No início foi necessário muito esforço, mas agora colhemos grandes resultados. Isso porque as pessoas entenderam qual era o propósito do projeto, entenderam que aprenderam com o pai e o avô, naquele formato rústico, não é mais adequado, não é um negócio”, ponderou Pollyana.

Como exemplo, a gestora do Sebrae apresenta um cenário comum no semiárido: o agricultor e sua família possuem vacas, cabras e galinhas na roça, mas não sabem exatamente o quanto faturam com cada atividade. Através das metodologias de gestão – Balde Cheio, Aprisco Cheio, Cordeiro de Peso, Favo Cheio e Papo Cheio –, a metodologia orienta cada produtor anotasse em um quadro ou até mesmo num caderno o valor do custo de cada atividade. O preço de compra do animal, da ração, dos remédios, incluindo a logística de venda e o custo de sua mão de obra. Muitos perceberam que estavam, na verdade, no vermelho.

“Muitos achavam que o negócio estava pagando as contas de casa, mas não era real e não gerava fruto. Mostramos que a viabilidade de uma ou duas atividades tinha como ser geradora de renda, mantinha ele no campo. Foram envolvidos m4embros da família que tivessem o interesse de continuar fomentando a vida no campo. Tivemos alguns entusiastas que aderiram logo no começo e os resultados positivos deles foram incentivando outros a entrarem no projeto”, explicou Pollyana.

Transformador

Mas como pedir que, em um estado com 44% da população analfabeta ou semianalfabeta, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os produtores fizessem anotações sistemáticas? Os agricultores tiveram necessidade de pedir ajuda à família para as anotações ou mesmo para guardar os recibos solicitados pelo técnico no momento das visitas, mas essa não era a solução ideal. Aí entrou a parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem (Senar), que promoveu a alfabetização de 900 jovens e adultos, em 12 municípios. Além da realização de 40 cursos de informática básica para 600 pessoas, como forma de promover a transformação digital da vida no campo.

Resultados por todo lugar

Os benefícios são vistos por todos os 21 municípios onde atuou o projeto Sertão Empreendedor. Em Senador Rui Palmeira, a apicultura se desenvolveu tão bem que famílias mandaram retornar os filhos que haviam largado o sertão para tentar uma vida melhor na cidade grande. Na cidade de Santana do Ipanema, os filhos de muitas mulheres avicultoras passaram a estudar em escola particular graças ao dinheiro que as mães ganham na produção. Esse cenário tem ocorrido nos outros municípios, gerando uma independência e fortalecimento do público feminino.

Em Limoeiro de Anadia, após a participação no projeto, uma produtora de caprinos com baixa escolaridade começou a auxiliar a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) na produção de conhecimento e recebe comitivas para aulas de campo em sua roça. Em Taquarana, a Associação dos Agricultores Alternativos (AAGRA) conseguiu a abertura do mercado para o leite de cabra através de parceria com o Laticínio DaNata para beneficiar o leite em queijos e iogurte. Dentre outras transformações no ambiente é que os apicultores dos municípios de Senador Rui Palmeira, Piranhas e Olho d’Água do Casado estão preservando as espécies nativas do sertão para fornecer pasto apícola, fomentando ainda mais a criação de abelhas.

40 avicultores de São José da Tapera uniram-se na Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar de São José da Tapera e Região (COOPCAF) e entraram de cabeça no associativismo. Alguns benefícios marcaram esse grupo de avicultores, como a aquisição da sede própria; fundaram a Casa do Agricultor para vender insumos a um baixo custo para o produtor; conseguiram recurso pela Agência de Fomento Desenvolve, do Governo do Estado, para estruturar a câmara frigorífica e para capital de giro na aquisição de insumos.

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