*Com informações do Portal gov.br
A tangerina ponkan de Cerro Azul (PR) foi reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) como Indicação Geográfica (IG), na categoria Indicação de Procedência (IP). Essa é a 139ª IG nacional e a 21ª do estado do Paraná. Somente em 2025, o Paraná já teve sete IGs concedidas.
A tangerina ponkan de Cerro Azul possui sabor adocicado e textura suculenta, com baixa acidez. A coloração alaranjada e a casca rugosa, fácil de descascar, são características que diferenciam a fruta no mercado nacional e internacional. Segundo o presidente da Associação Vale da Ponkan, Rafael Cropolato, a evolução da colheita é visível.
“No começo, era um trabalho feito sem nenhuma capacidade técnica, mas que, aos poucos, foi evoluindo e se tornando algo profissional. Hoje, temos uma ponkan doce, bem palatável, com pouca acidez e sem nenhum tipo de mancha causada por pássaros ou insetos”, afirma.
Para a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, a IG traz mais que reconhecimento para o produto e para a região. “A Indicação Geográfica aumenta o sentimento de pertencimento dos produtores e a importância de um produto para toda a região, valorizando a produção local e chamando a atenção do mercado para o seu potencial, inclusive com estímulo ao turismo”, analisa.

Reconhecimento nacional
O início da citricultura em Cerro Azul se deu a partir de estudos sobre solo e clima que incentivaram determinadas atividades produtivas. A partir da década de 1960, as primeiras mudas de ponkan começaram a ser plantadas no território, e a fruta se adaptou perfeitamente às condições locais.
Fatores como o relevo montanhoso, a amplitude térmica e o solo rico exercem influência direta sobre a qualidade do produto, conferindo à ponkan de Cerro Azul características singulares de firmeza, doçura e sabor marcante. Essa combinação de fatores naturais e saber fazer local criou uma identidade própria para a fruta.
A tangerina ponkan corresponde atualmente a 85% das tangerinas produzidas no município, sendo o carro-chefe da produção agrícola local. Em 2022, o município colheu 77,6 mil toneladas da fruta em 3,9 mil hectares, o que representa 10% de toda a produção nacional de tangerinas.
A atividade movimenta R$ 80,4 milhões no município, consolidando sua importância econômica não só em nível estadual, mas em escala nacional. A Festa Nacional da Ponkan, realizada anualmente, é um marco no calendário local e chegou à sua 57ª edição em junho de 2025. A festa é uma vitrine do potencial turístico e cultural da região, atraindo visitantes e fortalecendo o vínculo entre a comunidade e sua principal riqueza.
Indicações Geográficas
Com a conquista da tangerina de Cerro Azul, o Paraná alcançou 21 Indicações Geográficas: café de Mandaguari, carne de onça de Curitiba; urucum de Paranacity; cracóvia de Prudentópolis; mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva; broas de centeio de Curitiba e queijos coloniais do Sudoeste do Paraná.
As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível.
Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.