O percentual de famílias endividadas caiu no país. É o que mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O levantamento aponta que 76,1% dos entrevistados estavam com algum tipo de débito – o que representa uma queda de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 p.p. em comparação a janeiro do ano passado. Os dados são uma boa notícia para os pequenos negócios, tendo em vista que o alívio nas contas tende a liberar parte da renda para o consumo das famílias.
“Quando os consumidores conseguem equilibrar melhor suas finanças, há um potencial de acréscimo nas vendas de estabelecimentos que oferecem produtos e serviços essenciais ou de valor agregado, por exemplo. Esse ambiente de maior confiança pode incentivar os empreendedores a investirem em inovação, atendimento diferenciado e estratégias de marketing que fidelizem os clientes”, avalia o coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, Giovanni Bevilaqua.
O gestor alerta ainda que os juros altos e as condições de crédito ainda impõem limitações, de modo que o aumento dos gastos financiados tende a ser moderado.
Os pequenos negócios devem aproveitar esse cenário para ajustar suas estratégias e se preparar para uma eventual retomada gradual do consumo.
Giovanni Bevilaqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae.
De acordo com a pesquisa, em janeiro, 20,8% dos brasileiros destinaram mais da metade dos rendimentos às dívidas, o maior percentual desde maio de 2024. Segundo a entidade, as famílias que estão em dívidas com atraso representam 29,1%, diante dos 29,3% de dezembro. O percentual daquelas que não têm condições de pagar o que devem também teve recuo mensal, de 13% para 12,7%. O cartão continua sendo a principal modalidade de crédito utilizada pelos consumidores, atingindo 83,9% do total de devedores.
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“A redução do percentual de famílias endividadas pode estar, em parte, relacionada à melhora do cenário econômico, onde o crescimento do PIB e a geração de empregos contribuem para o aumento da renda disponível”, explica Giovanni. “Entretanto, esse efeito não é absoluto, pois os juros elevados e as condições de crédito restritas também influenciam fortemente o comportamento dos consumidores”, continua o coordenador do Sebrae.
Iniciativas como o programa Acredita, do governo federal e do qual o Sebrae faz parte, colaboraram para a redução do endividamento das famílias, segundo o especialista da entidade. “Ao oferecer capacitação, orientação para a reestruturação financeira e acesso a condições de crédito mais favoráveis, esses programas auxiliam os empreendedores a melhorar a gestão dos seus negócios e a renegociar dívidas, tornando-os mais resilientes. Esse suporte fortalece a saúde financeira dos pequenos negócios e, consequentemente, melhora a percepção geral do ambiente econômico, tanto entre os empresários quanto entre os consumidores”, aponta Beviláqua.
“É fundamental que os empreendedores mantenham uma gestão financeira rigorosa, busquem diversificar suas fontes de receita e continuem acompanhando as condições do mercado”, finaliza Giovanni.
Programa Acredita
O Sebrae tem atuado junto ao governo federal no Programa Acredita para ampliar o acesso das micro e pequenas empresas a crédito. Por meio do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), diversas instituições bancárias de todo o país estão aptas a ofertar os recursos que foram estimulados com o aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae.
Esse montante vai viabilizar R$ 30 bilhões em operações de crédito nos próximos três anos. A instituição oferece aos empreendedores orientação e acesso a informações para apoiar na decisão antes da tomada de crédito e ao longo de toda a jornada, até a liquidação do empréstimo.