Uma história que se repete em diversos micro e pequenos empreendimentos no Brasil. A falta de gestão e estruturação do negócio costuma ser um problema comum e, quando negligenciado, pode custar a sobrevivência no mercado. Mas não precisa ser sempre assim. A empreendedora Bianca do Carmo Leal mudou o curso da Door & Decor quando se tornou uma das 100 mil empresas atendidas pelo Brasil Mais. O programa, que abriu as inscrições neste mês para um novo ciclo, promove a produtividade e a competitividade a partir de soluções de gestão, inovação de processos e redução de desperdícios. A iniciativa é coordenada pelo governo federal e executada pelo Sebrae.
A empresária conta que a decisão de aderir ao programa, em novembro de 2021, contribuiu para a evolução da loja de design de interiores, na cidade de Lauro de Freitas, na Bahia. “Gerou não só uma mudança de comportamento mental, mas da empresa em si, junto com os colaboradores, com a inserção de processos e procedimentos, o que antes era algo bem vago”, relembra. Bianca pontua que as melhorias se concentraram no aumento do faturamento, no relacionamento com o cliente e na implementação de tecnologias levando em consideração o impacto no meio ambiente. “A gente constrói um mapa geral da nossa empresa para poder trabalhar nas falhas”, completa. Entre as lições primordiais, a empreendedora destaca a criação de procedimentos na fabricação das portas de ACM, um tipo de alumínio composto que é o carro-chefe da empresa, além da realocação estratégica de funcionários.
Essa completa análise do negócio só é possível com o apoio do Agente Local de Inovação (ALI). Segundo dados do Sebrae, mais de mil agentes já atuaram no programa desde 2020, época de início do Brasil Mais. Esses profissionais acompanham as empresas por até seis meses e dão orientações sob medida para que o empresário aplique boas práticas de gestão nos negócios.
Quem esteve à frente dessa guinada na direção da Door & Decor foi a agente Priscilla Cerqueira. Ela relata que a principal conquista foi a padronização de serviços dentro do negócio, com a setorização das atividades – quando os setores foram divididos em baias, para cada etapa – e a criação de um fluxograma de processos internos. Como um dos principais gargalos detectados era o desperdício de material na fabricação das portas e as inconformidades, outra medida adotada foi a redução dos custos variáveis.
“A principal dificuldade dos empreendedores é na gestão do seu negócio, pois eles dedicam boa parte do tempo à operação. E o que isso quer dizer? O empresário não tem total domínio do setor financeiro, não monitora os seus recursos humanos, não acompanha o marketing e, principalmente, com relação à inovação. A empresa que não inova perde para os seus concorrentes”, assegura Priscilla Cerqueira.
Com a casa em ordem, a Door & Decor resolveu desbravar novos ares e abriu uma filial na cidade de Aracaju, capital de Sergipe. “Eles perceberam que o mercado estava em expansão, que esse setor poderia ter uma escala maior. Não só no estado da Bahia, mas também avançando no Nordeste”, conclui a agente.
Números consistentes
Desde o início do programa, em novembro de 2020, as empresas participantes obtiveram um aumento médio de produtividade de 22% e um ganho real médio de faturamento de 7,7%, descontando a inflação. Nesse contexto, Roraima lidera o ranking de estados de maior produtividade e faturamento, com 40% de aumento médio de produtividade e 15% de aumento real médio de faturamento.
Novo ciclo
Estão abertas as inscrições para um novo ciclo que iniciará em fevereiro de 2023. Os interessados podem se inscrever com foco no aumento da produtividade ou visando à transformação digital. A inscrição pode ser realizada na página www.sebrae.com.br/brasilmais. Na sequência, uma equipe do Sebrae entrará em contato com a empresa para informar sobre as vagas e marcar o primeiro encontro com o Agente Local de Inovação. Importante reforçar que o acompanhamento do ALI e a participação nas reuniões individuais e oficinas coletivas não trazem custo algum ao empresário e são 100% subsidiados pelo Sebrae.
Para as consultorias especializadas opcionais, contudo, pode haver contrapartida por parte do empreendedor. Além disso, no Brasil Mais Transformação Digital, o participante receberá até R$ 2 mil para contratar a ferramenta digital que escolher – se o valor do produto escolhido for maior, a diferença deverá ser arcada pela empresa.