A delicadeza da renda de bilro feita pelas mãos habilidosas das mulheres de Saubara, no Recôncavo Baiano, acaba de conquistar um reconhecimento que reforça sua autenticidade e qualidade: a Indicação Geográfica (IG) do tipo Indicação de Procedência (IP). A notícia foi divulgada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) na última terça-feira (12).
Mais que um trabalho artesanal, a renda de bilro de Saubara é uma herança viva desde a época da colonização portuguesa. Produzida de forma 100% manual, do desenho à finalização, a técnica envolve cruzamento e entrelaçamento de fios sobre almofadas cilíndricas recheadas com folhas de bananeira e revestidas de pano de chitão, com bilros de madeira paparaúba e guias em papel grosso.
Na opinião da coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, a conquista chega em boa hora para reafirmar que tradição e inovação podem andar juntas, costurando um futuro promissor para quem vive da arte de fazer renda.
Com a renda de bilro reconhecida como Indicação Geográfica, abre-se um novo capítulo na história dessas artesãs: mais valorização, mais visibilidade e mais possibilidades de negócios, tanto no Brasil quanto no exterior, Hulda Giesbrecht, Sebrae
Com essa conquista, o Brasil atinge a marca de 140 IGs reconhecidas, sendo 109 IPs e 31 Denominações de Origem (DOs). Um número que não para de crescer, em boa parte graças ao apoio estratégico do Sebrae, que atua como parceiro fundamental para organizar, qualificar e dar visibilidade às cadeias produtivas locais.
Por trás dessa vitória, existe um trabalho coletivo que vai muito além do entrelace de fios. O Sebrae atua em diversas etapas, desde a capacitação das rendeiras até a estruturação da governança da IG, ajudando a comunidade para expandir os negócios com sustentabilidade.
Esse apoio é fundamental para transformar conhecimento tradicional em vantagem competitiva, garantindo que a renda de bilro de Saubara não seja apenas um patrimônio cultural, mas também uma oportunidade de desenvolvimento econômico e inclusão social.
Cultura, renda e turismo
Em Saubara, cada ponto costurado é também um fio de história e de resistência. As rendeiras que sustentam suas famílias, mantêm viva uma prática cultural centenária e transformam o artesanato em um atrativo turístico.
Essa tradição ganhou o mundo pelas mãos das Irmãs Carmelitas, que levaram o artesanato para a Itália e outros países europeus, ampliando o prestígio internacional das rendeiras baianas.
A renda de bilro já chegou a mais de 20 países, com destaque para Portugal, Espanha e Itália, e continua conquistando novos mercados. Além de fortalecer a economia local, a IG coloca Saubara no radar do turismo cultural e de experiências, atraindo visitantes interessados em conhecer de perto o processo artesanal.
Saiba mais.
Indicações Geográficas
As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível.
Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.