Em São Paulo, o primeiro dia do Salão do Turismo 2025 mostrou por que o setor é um dos motores mais vibrantes da economia brasileira. Cinco regiões do país apresentaram roteiros que convidam o público a viver experiências autênticas, repletas de cultura, gastronomia e conexão com comunidades locais. Com entrada gratuita até sábado (23), o evento é uma oportunidade de se encantar com o Brasil e planejar a próxima viagem.
O palco do estande do Sebrae no evento foi tomado por vozes apaixonadas por suas raízes. Do sertão baiano à imensidão amazônica, das serras do Sul ao Cerrado goiano, do interior fluminense às margens dos grandes rios, cada roteiro revelou a riqueza de um país que aprendeu a transformar identidade em experiência turística.
Na Chapada Diamantina (BA), Vini Chapada, do receptivo Andarilhos da Chapada, descreveu o cenário como um convite à transformação pessoal. “Não é só uma viagem de férias. É uma vivência que mistura cachoeiras como a do Buracão, trilhas em cânions, noites em vilas charmosas e sabores únicos, como o pastel de jaca e o arroz de garimpeiro (feito com arroz vermelho, carne seca e banana). O turista volta diferente, renovado”, afirmou. A parceria com o Sebrae, segundo ele, foi decisiva para ampliar a visibilidade.
Antes me sentia sozinho. Hoje tenho um parceiro que acredita no meu negócio e me abre portas.
Vini Chapada, empreendedor
Do coração da Amazônia, Ellen Castro, da Iguana Tour, trouxe o roteiro de Novo Airão, no arquipélago de Anavilhanas, um dos maiores conjuntos de ilhas fluviais do mundo. “O nosso visitante pode apreciar o nascer do sol em uma hidrobike, atravessar igarapés, aprender arco e flecha com crianças indígenas e terminar o dia em praias que chamamos de Caribe Amazônico. É um mergulho na biodiversidade e na cultura ribeirinha”, disse.

A agência, que tem mais de 30 anos de história, hoje investe também em expedições exclusivas para mulheres, com ioga no barco, massagem e experiências de autoconhecimento. “É emocionante ver mulheres chorando de alegria ao se reconectar consigo mesmas e com a floresta.” Para Ellen, o apoio do Sebrae foi essencial, pois deu estrutura, capacitação e divulgação à empresa. “É um trabalho que muda a realidade de comunidades inteiras”, avalia.
Do sul do Brasil, a voz doce e entusiasmada de Quênia Matos trouxe o projeto GeoRota Rural, nos cânions de Mampituba (SC). A bordo de tratores adaptados ou da mascote Kombi Dolores, os turistas conhecem plantações de banana, alambiques de cachaça artesanal e a charmosa Casa da Nona, onde almoçam receitas típicas em clima familiar.
À noite, a experiência ganha um toque mágico na caminhada noturna. Segundo descreveu Quênia, lanternas iluminam trilhas cercadas de histórias de aviões que caíram nos paredões e lendas de cemitérios escondidos. “Tudo termina em um acampamento com fogo de chão, roda de gaita e costela assada lentamente”, contou. Para ela, o Sebrae foi divisor de águas: “Sem eles, eu não estaria nem aqui. [A mudança] É da água para o vinho”.

O Centro-Oeste esteve representado por Arêda Marcório, da Elas Aventura, uma agência de turismo 100% feminina que opera a Rota dos Pirineus (GO). Ela descreveu o “Piri Experience”, um roteiro de três dias que combina brunchs em fazendas, caminhadas em jardins de sempre-vivas, pôr do sol com brinde no Pico dos Pirineus e descidas de rapel em cachoeiras.
“É um roteiro que entrega natureza, aventura e bem-estar, com experiências como massagens relaxantes no fim da trilha. As mulheres, principalmente, têm se permitido viver isso sozinhas, sem esperar companhia. É gratificante ver essa independência florescendo em nosso público”, relatou. O Sebrae, segundo ela, foi quem profissionalizou e expandiu o negócio. “Era um estilo de vida, hoje é uma empresa com propósito.”

No Sudeste, Walton Pinto, conhecido como Altim, apresentou a Off-Rio Destilaria, em Duas Barras, interior do Rio de Janeiro. Ali, o turismo rural encontra a tradição da cachaça. O roteiro começa em uma venda comunitária, segue por plantações de cana e culmina em uma experiência sensorial de degustação. “A cachaça é o nosso destilado brasileiro. Mais que provar, o visitante aprende a sentir notas, aromas e histórias. É um brinde às nossas raízes”, disse.
Premiada internacionalmente, a destilaria ganhou impulso com o apoio do Sebrae. “No começo eu dizia que estava namorando o Sebrae. Hoje digo que casei. Eles nos ajudaram desde o rótulo até a presença em feiras. Sem essa parceria, não teríamos chegado até aqui.”
Para o Sebrae, a presença desses roteiros no Salão tem um significado maior que a promoção de destinos: é sobre dar voz a quem vive e reinventa o turismo no dia a dia. Germana Magalhães, analista de Turismo, Empreendedorismo e Pequenos Negócios do Sebrae, destaca: “A nossa expectativa é que esses empresários ganhem visibilidade e abram novos canais de mercado. Cada roteiro não é apenas um negócio isolado, mas um conjunto de pequenos empreendedores que formam um destino.”
O Sebrae estruturou os produtos e agora está empenhado em garantir acesso a mercado, no Brasil e no exterior. Esse é o passo que faltava.
Germana Magalhães, analista de Turismo, Empreendedorismo e Pequenos Negócios do Sebrae
O Salão do Turismo segue até este sábado (23), em São Paulo, com entrada gratuita. Uma oportunidade única para se perder e se encontrar nos muitos Brasis que se revelam em cada prato de arroz de garimpeiro, em cada trilha de lanternas nos cânions e pores do sol refletidos nos rios da Amazônia.