Catadores e representantes de cooperativas de 17 estados estão na sede do Sebrae, em Brasília (DF), para discutir ações que fortaleçam o setor juntamente com gestores estaduais da instituição, consultores e parceiros. Eles participam, nesta terça-feira (17), do Seminário Técnico do Projeto Nacional Pró-Catadores, que aborda os problemas da gestão de resíduos sólidos e da reciclagem no país.
O evento promovido pelo Sebrae também é uma oportunidade para a troca de experiências inovadoras no atendimento a catadores e catadoras de materiais recicláveis. Durante a abertura, o presidente do Sebrae, Décio Lima, exaltou o papel desses empreendedores na sociedade brasileira, merecendo mais reconhecimento e visibilidade.
Temos que romper com esse sistema cultural e mostrar o que é esse segmento. São aqueles que acordam de manhã e salvam o planeta, a vida, superam um mercado que os massacra e fazem uma atividade imprescindível para a sociedade. Se não houver os catadores, não há futuro para o mundo.
Décio Lima, presidente do Sebrae.
“Ser catador não é pouca coisa. Ser catador é transformar a vida do povo brasileiro. É produzir inclusão social. Que esse seminário seja motivo de fortalecimento. Estamos todos envolvidos neste projeto e queremos que aqui seja a casa dos catadores e catadoras”, apontou o presidente do Sebrae, que ressaltou a necessidade de incluir os municípios na política pública e construir um modelo econômico que beneficie o setor.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, que também participou do Seminário, reforçou que os catadores são também empreendedores. “Essa classe foi tratada por muito tempo com preconceito, mas eles são empreendedores. Têm tudo a ver com a missão do Sebrae. São pessoas que dedicam a sua vida para que as nossas cidades sejam limpas, é um serviço de complexidade muito grande”, argumentou.

Macedo disse ser preciso atrair governos para aderir ao projeto e colocar como prioridade os mais de 2 milhões de brasileiros que atuam no setor. “Esse seminário é uma oportunidade de nivelar conhecimento, instrumentalizar e construir este novo momento do país a várias mãos”, completou.
Incluir esses profissionais na pauta da economia e sustentabilidade deve ser prioridade, comentou a presidente da União Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Unicatadores), Claudete Costa. “É uma cadeia produtiva da reciclagem que movimenta bilhões no nosso país. É uma pauta muito importante, e estamos aqui lutando para sobreviver. Não queremos só ser ouvidos, mas fazer parte da discussão, da inclusão e sermos protagonistas nesta cadeia”, enfatizou. “Precisamos ser respeitados, vistos e incluídos. Queremos ser vistos como empresários da sustentabilidade”, reafirmou.

Sobre o projeto
Em plena execução em 17 unidades federativas (AM, BA, DF, ES, MA, MS, MT, PA, PB, PI, PR, RJ, RN, RO, SC, SE e SP), o Projeto Nacional Pró-Catadores tem a meta de atender 6.770 catadores e apoiar 333 cooperativas. A iniciativa integra os esforços do governo federal, sob liderança da Secretaria-Geral da Presidência da República, para fortalecer a atuação dos catadores e catadoras de materiais recicláveis.

O Sebrae participa como entidade convidada do Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores (CIISC). Durante o Seminário promovido pelo Sebrae, também foram apresentados panoramas sobre a reciclagem e das organizações de catadores e catadores no Brasil e discutidas políticas públicas voltadas para o setor.
Além disso, foram abordados os papéis dos municípios e consórcios municipais no fortalecimento do setor e a contratação de cooperativas e pagamentos pela Prestação de Serviços Ambientais, as oportunidades em grandes eventos e a discussão sobre impostos na cadeia da reciclagem.