O Brasil tem a maior população negra fora da África e a segunda em todo o planeta, perdendo apenas para a Nigéria. Segundo dados do IBGE, 56% dos brasileiros se autodeclaram negros ou pardos – são aproximadamente 114 milhões de pessoas, movimentando cerca de R$ 1,7 trilhão na economia. É o chamado afroconsumo, que tem recebido cada vez mais atenção das grandes marcas.
Apesar desses números expressivos, as diversas estatísticas demográficas mostram que negros e negras ainda enfrentam uma situação de profunda desigualdade. Eles concentram as maiores taxas de desempregados (67% das pessoas sem emprego no país são pretas ou pardas), têm índices de escolaridade mais baixos e ainda recebem as menores remunerações.
Para mudar essa realidade, o movimento negro vem desenvolvendo no Brasil, já há algumas décadas, o conceito do Black Money, a partir da experiência surgida nos Estados Unidos no início do século XX. A ideia é fortalecer e acelerar um movimento para que cada vez mais dinheiro e produtos circulem nas mãos de pessoas pretas, criando uma ampla cadeia produtiva onde negros e negras sejam donos de suas próprias empresas e estejam cada vez mais integrados à economia.
Nesse contexto, o Sebrae lançou a campanha “O Negócio tá Preto”, em que pretendemos destacar a importância do Black Money e do afroempreendedorismo como plataformas de emancipação e transformação social. Valorizar esse movimento significa apoiar comunidades historicamente marginalizadas e contribuir diretamente para a redução da pobreza no Brasil.
As pessoas negras que empreendem atuam em diversos setores da economia, mas têm presença especialmente marcante nas áreas de moda, beleza, gastronomia e economia criativa. Essa diversificação reflete não apenas a capacidade empreendedora, mas também a criatividade e inovação trazidas por esses empresários. Ao fortalecer esses setores, geramos milhões de novos empregos, mas também incentivamos a expressão cultural e a valorização da identidade e da ancestralidade negra.
A ampliação do poder econômico nas mãos de empreendedores negros não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia eficaz para acelerar a redução das desigualdades. Ao facilitar o acesso da população negra aos bens de consumo, contribuímos para a criação de uma sociedade mais equitativa. Além disso, ao apoiar a abertura de novas empresas e a geração de empregos, especialmente em favelas e comunidades periféricas, promovemos a inclusão econômica e estimulamos o desenvolvimento local.
Apoiando o Black Money, estamos, na prática, combatendo o racismo estrutural que permeia nossa sociedade. Esse é um ato concreto de resistência e transformação, pois desafia as barreiras históricas que limitaram o acesso e o progresso da população negra. Ao investir em empreendimentos liderados por pessoas pretas, estamos construindo um futuro mais justo e igualitário.