Em Timbaúba dos Batistas (RN), o bordado é a principal atividade econômica de uma comunidade de pouco mais de 2 mil habitantes e tem chamado a atenção do mundo para o artesanato brasileiro. Eventos recentes, como a confecção do vestido de noiva de Janja, esposa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e dos uniformes da delegação brasileira nas Olimpíadas de Paris, fixaram no mapa o município localizado no Semiárido nordestino.
“Nós somos o pequeno que não tem medo de concorrer com o grande.” É assim que Salmira Torres, presidente da Associação das Bordadeira de Timbaúba dos Batistas, define o comprometimento do grupo de 80 artesãs que trabalhou na feitura de 2,4 mil peças para o Comitê Olímpico, em parceria com o Instituto Riachuelo e com o apoio do Sebrae.
Salmira lembra que o grupo era modesto, com apenas 17 artesãs, mas o processo de organização permitiu com que outras bordadeiras se juntassem ao projeto. “Foi um rendimento de aproximadamente R$ 400 mil direto para as bordadeiras”, ressalta. Além da movimentação financeira na região do Seridó, a artesã fala sobre a importância da visibilidade para o trabalho local.
Ela teve a oportunidade, com outras bordadeiras, de demonstrar o ofício na Casa Brasil, espaço patrocinado pelo Sebrae e Embratur, em Paris, durante os Jogos Olímpicos. “Conta muito quando o próprio cliente conhece o nível de dificuldade que é bordar em uma máquina simples, a máquina da vovó, sem ser computadorizada, sem ter nada automático”, comenta Samilra, que diz sentir gratidão pelas oportunidades advindas das mãos habilidosas e da criatividade de cada bordadeira.
A sensação é de sonho realizado, que um dia a gente nunca pensou de alcançar, de voar tão alto na vida e de ser conhecida e reconhecida a nível nacional e internacional. De repassar para as pessoas a confiança que nós hoje temos de pegar qualquer encomenda.
Salmira Torres, presidente da Associação das Bordadeira de Timbaúba dos Batistas
Inclusão Social e Preservação Cultural
Desde 2003, as artesãs fazem parte da Cooperativa de Bordadeiras o que, segundo Salmira, foi fundamental para expansão das atividades, permitindo à comunidade participar de licitações e grandes contratos. Além do sucesso comercial, o trabalho das artesãs é um exemplo de inclusão social já que, da população de cerca de 2,4 mil habitantes, um terço domina as técnicas, tornando o bordado a principal fonte de renda do município.
Dentre os reconhecimentos, o grupo já foi vencedor por duas vezes do TOP 100 de Artesanato, do Sebrae, um selo que reconhece as melhores práticas de cooperativas no Brasil. Outro grande marco foi a conquista do selo de Indicação Geográfica (IG) em 2021, chancelando a qualidade e procedência do bordado da região.
A cooperativa também desempenha um papel crucial na preservação da tradição, com programas de qualificação e incentivo para que jovens aprendam o ofício. A Casa das Bordadeiras oferece oficinas e treinamentos, garantindo que a arte do bordado continue viva nas novas gerações.
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