Nesta terça-feira (27), celebra-se o Dia Internacional das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME). A data foi criada pela Assembleia Geral da ONU para celebrar a importância dos pequenos negócios na economia global e a necessidade de incentivo constante ao empreendedorismo.
De acordo com a ONU, essas empresas são responsáveis por oportunidades significativas de geração de emprego e renda e foram identificadas como um dos principais impulsionadores da redução da pobreza e do desenvolvimento. As micro, pequenas e médias empresas têm ainda uma característica marcante que é a de gerar postos de trabalho para os setores mais vulneráveis da sociedade, como mulheres, jovens e pessoas de famílias mais pobres.
O Sebrae Nacional, organização do Sistema S dedicada ao empreendedorismo, vem celebrando o apelo crescente do tema no Brasil. À EXAME, o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, comentou os desafios para as PME no Brasil. Leia trechos da entrevista.
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Como está o desempenho das PME no Brasil?
Um levantamento feito pelo Sebrae, em janeiro deste ano, mostrou que a abertura de pequenos negócios em 2022 registrou uma pequena queda (7%) em comparação com 2021, mas continua superior ao número registrado no período que antecede a pandemia.
Em 2019, foram criadas pouco mais de 3 milhões de pequenas empresas. Em 2022, foram 3,6 milhões de novos empreendimentos, a maioria concentrada na categoria do microempreendedor individual (MEI), que representou 78% do total.
“Sempre acompanhamos esta data como um marco de grande relevância para os empresários de micro e pequenas empresas, pois é um reconhecimento mundial da importância dessas empresas para o desenvolvimento do país, permitindo que esses empresários continuem a gerar emprego e renda.”
Por que vale a pena falar sobre o empreendedorismo no Brasil?
“O crescimento do número de pequenos negócios no Brasil é impulsionado por uma característica muito marcante do brasileiro: o desejo de empreender.”
De acordo com o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022, realizado pelo Sebrae e pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), 60% dos entrevistados citaram criar a própria empresa como um dos seus maiores sonhos. O resultado é o recorde da série histórica da pesquisa, que é realizada há 23 anos no Brasil.
“O maior sonho do brasileiro continua sendo viajar pelo Brasil, mas a diferença foi de apenas um ponto percentual para o desejo de ter um negócio.”
A mesma pesquisa GEM mostrou que o Brasil tem a 2ª maior população do mundo, em idade produtiva, situada na categoria de potenciais empreendedores, ficando atrás apenas da Índia.
Os potenciais empreendedores são os indivíduos que ainda não são empreendedores e afirmaram pretender abrir algum negócio nos próximos 3 anos. Eles representam 53% da população adulta o que significa 51,5 milhões de pessoas.
Como as mulheres aparecem no cenário das PME?
Em relação ao universo do empreendedorismo feminino, o Brasil alcançou, em 2022, uma marca inédita. Segundo estudo feito pelo Sebrae, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, no 3º trimestre do ano passado havia 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no país, o maior contingente de empreendedoras da história.
Isso significa que as mulheres representavam 34,4% do universo de donos de negócios no país, muito próximo do recorde de 34,8% verificado no 2º trimestre de 2019.
“Juntos, homens e mulheres superaram o total de 30 milhões de donos de negócios – o maior número da série histórica.”
Esse levantamento mostra que as mulheres conseguiram se recuperar da perda registrada no período da pandemia, quando a proporção de mulheres donas de negócios caiu ao pior nível (33,4%, no 2º trimestre de 2020), desde o verificado no 3º trimestre de 2016 (32%).
De que forma as PME contribuem para a economia do Brasil?
Uma estimativa feita pelo Sebrae a partir de dados do Ministério da Economia é de que os pequenos negócios geram em torno de R$ 420 bilhões por ano, o equivalente a cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
“Fato é que as micro e pequenas empresas contribuem para a economia de diferentes formas, como geração de empregos, contribuição com a arrecadação de impostos e representação de uma fonte de renda direta ou indireta para milhões de famílias brasileiras.”
Quantos empregos no Brasil são gerados por meio das PME?
“No ano passado, aproximadamente 8 em cada 10 postos de trabalho gerados no Brasil estavam em micro e pequenas empresas.” O levantamento feito pelo Sebrae a partir de dados do Caged mostra que o país fechou 2022 com um acumulado de 2 milhões de novas vagas, das quais quase 1,6 milhão teve lugar nos pequenos negócios.
No último mês de abril, dado mais recente, as MPEs continuavam na posição de protagonistas em relação aos empregos gerados no Brasil. Ainda segundo o Caged, 76% dos postos de trabalho criados em abril foram estavam entre as micro e pequenas empresas.
“Reunindo todo o universo de empreendedores do país (microempreendedor individual, micro e pequena empresa), o país soma hoje 21 milhões de pequenos negócios. Conforme comentamos antes, esse número tem se recuperado após a pandemia.”
Por onde as PME estão se espalhando?
Os estados com as maiores concentrações de pequenos negócios são:
- São Paulo – 15,4 milhões
- Minas Gerais – 5,8 milhões
- Rio de Janeiro – 4,6 milhões
“O volume mais representativo de pequenos negócios no Brasil é o de microempreendedores individuais. Atualmente, essa categoria soma 15 milhões de empreendimentos.”
Considerando o setor econômico, o segmento de serviços concentra o maior volume de micro e pequenas empresas.
Qual é a diferença de uma pequena e média empresa no Brasil?
O MEI é a categoria de pequeno negócio que tem faturamento anual até R$81 mil. Esse modelo de negócio pode ter até um empregado, cujo salário pode ser o mínimo nacional, estadual ou o piso estabelecido em instrumento coletivo.
A microempresa deve ter uma receita bruta anual igual ou inferior à R$360 mil.
E a empresa de pequeno porte ou pequena empresa são aqueles negócios com receita bruta anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões.
Quais são as expectativas das PMEs no Brasil para os próximos anos?
O Índice de Confiança das Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE), baseado em sondagem feita pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas, apresentou um ligeiro aumento de 0,1 ponto no último mês de março. Esse foi o segundo mês consecutivo de incremento.
“As expectativas são positivas. Além do resultado do IC-MPE, o quadro geral da economia do país, com o controle da inflação, queda do dólar e melhora nas estimativas do PIB, geram uma situação de bastante otimismo. Os próprios indicadores de geração de empregos entre as MPEs, confirmam isso. A tendência é que, com a redução da burocracia, melhora no acesso ao crédito, entre outras medidas, cada vez mais brasileiros resolvam tirar o sonho de empreender do papel.”