O segmento de economia criativa, que reúne negócios da área de eventos, cultura e artes em geral, foi o que apresentou a recuperação mais expressiva entre a metade de 2021 e os primeiros meses deste ano. É o que mostra a 14ª edição da pesquisa que mede o impacto da pandemia sobre os pequenos negócios, realizada pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em agosto do ano passado, as empresas do setor ainda amargavam uma queda média de 64%, quando comparado ao período anterior à pandemia (o pior resultado entre todos os setores analisados). No último levantamento, feito em maio, as perdas haviam sido reduzidas para 31%.
De acordo com a analista de Competitividade do Sebrae Jane da Costa, a pausa nas atividades teve impactos econômicos, mas serviu para muitos empreendedores se reinventarem e aplicarem novos modelos de negócios. “Muita coisa mudou, em um curto período. A transformação digital que já vinha acontecendo foi acelerada. Ingressos de papel já caíram em desuso, o evento presencial se misturou ao híbrido e se consolidou como alternativa, há a possibilidade de encomendar músicas e apresentações personalizadas para datas especiais, entre outros exemplos”, afirma.
Jane destaca que uma outra “chave” que virou para quem trabalha com economia criativa é a valorização da experiência do público. “Seja em casa ou no festival, hoje o profissional criativo precisa entregar uma experiência valiosa para o cliente. Com a pandemia, notou-se que mesmo que o evento seja a distância, se a atração é qualificada, se há organização e segurança, as pessoas vão querer participar”, indica.
Entretenimento renovado
O cantor e empreendedor Marco Araújo enxerga a nova fase com os eventos de maneira bastante positiva. À frente do Bloco Eduardo e Mônica, grupo musical de intensa atuação no Distrito Federal, o artista diz que a pandemia deixou uma forte demanda reprimida para festas e comemorações em família. “Depois de tanto tempo parados, voltamos com uma média de três a cinco eventos por semana, entre shows, barzinhos, restaurantes e eventos particulares”, comenta.
Segundo Marquinho Vital, como também é conhecido, o formato dos eventos mudou um pouco, estão menores, mais íntimos e sendo realizados em locais mais arejados, entretanto, a frequência é animadora. “Não estamos 100% no mesmo ritmo de antes da pandemia, mas já melhorou bastante. Além do grupo musical, eu tenho uma empresa de sonorização e iluminação e já havia adaptado os equipamentos para eventos menores”, acrescenta, ao relembrar as principais inovações que fez em seus negócios. A expectativa, segundo ele, é que até o fim do ano o faturamento alcance os números pré-pandemia.