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Endividamento freia a busca dos pequenos negócios por empréstimos

Pesquisa do Sebrae e da Fundação Getulio Vargas (FGV) destaca que 59% dos empresários têm mais de um terço dos custos mensais comprometidos com dívidas e empréstimos
Por Da Redação
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Os donos de pequenos negócios estão mais cautelosos quando o assunto é crédito. A proporção de microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas que procuram empréstimos praticamente se manteve estável, em torno de 50%, desde meados do ano passado. É o que aponta a 14ª Pesquisa “Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O levantamento foi conduzido de forma on-line, de 24 de abril a 2 de maio de 2022.

A pesquisa também mostrou que 2021 foi o ano em que os empresários mais solicitaram empréstimos, chegando a 43% do total – entre as micro e pequenas empresas, a porcentagem bateu os 49%; já entre os microempreendedores individuais, ficou em 37%. Ao todo, a pesquisa colheu dados de 13,1 mil pequenos negócios de 26 estados e do DF.

O coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae Nacional, Giovanni Beviláqua, acredita que essa estagnação na busca por empréstimos pode ser explicada por dois fatores. De acordo com ele, o primeiro está relacionado ao elevado endividamento das empresas, que além de estarem mais cuidadosas ao procurar novo crédito, também enfrentam mais dificuldades para comprovar às instituições financeiras sua capacidade de pagamento. O segundo fator deve-se aos impactos da alta dos juros, que torna os novos empréstimos mais caros do que eram no ano passado, inibindo a busca por novas operações.

Bevilaqua ressalta que, de toda forma, a decisão de tomar crédito necessita de planejamento. “Todo crédito corresponde a uma dívida que deve ser paga em algum momento no futuro. Portanto, a decisão de tomar crédito deve ser muito bem avaliada e planejada pelos empreendedores, isso vale em todas as ocasiões e, principalmente, em um cenário atual com altas taxas de juros e que pode se manter pelos próximos meses. A expectativa é que a Selic, a taxa básica da economia, deva permanecer no patamar de dois dígitos até o fim do ano”, alerta.

Segundo a pesquisa, a maioria dos pequenos negócios (59%) tem mais de um terço dos custos mensais comprometidos com dívidas e empréstimos. Entre as MPE, esse índice é de 48% e, entre os MEI, é ainda maior: 67%. O especialista do Sebrae Nacional afirma que os percentuais são altos e requerem atenção dos empresários, pois podem impedir que as empresas realizem investimentos e equilibrem os seus fluxos de caixa para uma retomada mais vigorosa das atividades, principalmente em um cenário de elevação de custos com a atual inflação.

“Os empresários devem se voltar para um controle mais atento de sua gestão financeira e análise dos custos. Precisam ficar atentos às possibilidades de renegociações de dívidas que estão surgindo, uma vez que esse alto grau de endividamento não é bom para todas as partes, inclusive para as instituições financeiras, pois quanto maior o endividamento, maior é o risco de inadimplência”, ressalta Bevilaqua.

Driblando a crise

A 14ª Pesquisa de Impacto também mostrou que a situação dos pequenos negócios ainda não voltou ao patamar de 2019, período pré-pandemia. Apesar da retomada das atividades, as perdas de faturamento estão em 23%. De acordo com Bevilaqua, é hora de os empreendedores fazerem uma análise cuidadosa e criteriosa da gestão financeira da empresa para saber onde podem atuar, sobretudo quanto ao fluxo de caixa, controle de estoque e identificação de dívidas.

“Há algumas frentes em que ele pode atuar. Uma é a receita, como realizar alguma campanha de liquidação de estoques, aumentar a divulgação de seus produtos e serviços, ampliando a sua base de clientes ou aumentando a fidelidade dos clientes atuais etc. A outra são as despesas, identificando se é possível reduzir algum custo e analisar as possibilidades de negociação de dívidas, buscando conhecer outras opções de ofertantes de crédito e serviços financeiros”, recomenda.

Segundo Bevilaqua, há hoje no Brasil uma grande quantidade de instituições financeiras, para além dos bancos tradicionais, com atuação mais próxima dos pequenos negócios e que podem ser uma opção importante para os empresários. “Por último, reforço a orientação para que os empreendedores não hesitem em buscar toda a orientação e o auxílio que possam obter. O Sebrae possui muitas formas de fazer isso”, frisa.