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Encontro internacional fortalece protagonismo feminino nas relações comerciais Mercosul–União Europeia

Homenageada, a diretora Margarete Coelho afirma que os grandes acordos internacionais precisam incorporar de forma efetiva a questão de gênero em suas diretrizes
Por Camila Vidal
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Brasília sediou, nesta quinta-feira (27), a segunda edição do Fórum Mulheres: Mercosul-União Europeia, iniciativa inédita do Clube Mulheres de Negócios em Língua Portuguesa (CMNLP), para inserir a perspectiva de gênero no Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Com papel estratégico na garantia de mais espaços e créditos para mulheres empreendedoras, o Sebrae Nacional foi representado no evento pela diretora de Administração e Finanças, Margarete Coelho.

A intenção do movimento é garantir que os benefícios do acordo comercial sejam distribuídos de forma equitativa, promovendo inclusão, justiça social e fortalecimento econômico das mulheres. A solenidade de abertura contou com a presença de Diambi Kabatusuila Tshiyoyo Muata, rainha tradicional da tribo Bakwa Luntu de Cassai Central, que destacou o poder como qualidade feminina.

“Sem o poder da mulher, não existe autoridade verdadeira. É a presença feminina que traz equilíbrio, harmonia e justiça para as comunidades e para a sociedade”, afirmou a convidada especial.

A diretora recebeu o prêmio “Mulheres que voam 2025”, durante o evento | Foto: Larissa Carvalho

Além de ter integrado a mesa de abertura e o painel “A inclusão de gênero no Acordo Mercosul-UE: por que é fundamental?”, a diretora Margarete Coelho foi homenageada com o prêmio “Mulheres que voam 2025”, do CMNLP. Para ela, os grandes acordos internacionais precisam ir além das cifras e incorporar de forma efetiva a questão de gênero em suas diretrizes. “Não se trata de favor, mas de reconhecer a força de uma parcela qualificada, diversa e essencial da força de trabalho. Não existe inovação sem diversidade”, afirmou. Ainda segundo a diretora, se as mulheres não ocuparem um lugar real de assento, voz e voto, os acordos continuarão reproduzindo desigualdades.

O acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia deve ser assinado em 20 de dezembro, de acordo com o anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. À frente da presidência do bloco sul-americano neste semestre, o Brasil colocou a conclusão das negociações como uma das principais prioridades. O acordo tem dimensão estratégica ao envolver um mercado de aproximadamente 722 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto estimado em US$ 22 trilhões.

Na avaliação da presidente do Fórum Nacional da Mulher Empresária (FNME) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mônica Monteiro, garantir a inclusão de gênero no documento é estratégia econômica para a competitividade. “Isso é pensar em inovação e crescimento. Empresas lideradas por mulheres crescem mais, inovam mais, investem mais nas suas comunidades. Portanto, incluir não é uma política social, é uma inteligência econômica”, destacou a presidente do FNME.

Foto: Larissa Carvalho

Crédito com aval integral impulsiona negócios femininos

Na participação como painelista convidada, a diretora Margarete Coelho destacou, ainda, resultados do trabalho perene do Sebrae que, em 2025, beneficiou mais de 500 mil empreendedoras mulheres e viabilizou cerca de R$ 500 milhões em crédito, com um dado inédito: inadimplência zero.

“Decidimos enfrentar o desafio do acesso ao crédito para mulheres e passamos a avalizar até 100% das operações”, afirmou Margarete. “As mulheres honraram integralmente seus compromissos conosco, e isso comprova que essa política pública estava certa”, disse. De acordo com Coelho, o fundo garantidor do Sebrae dispõe de aproximadamente R$ 23 bilhões para ampliar o acesso ao financiamento.a

Fórum Mulheres: Mercosul-União Europeia

O Fórum, dividido em três painéis, trouxe a perspectiva de gênero para as relações comerciais com o debate sobre inclusão de cláusulas de gênero no acordo e como essas mudanças podem impactar na economia e benefícios concretos.

O Fórum surge com o propósito de assegurar que as mulheres não sejam apenas beneficiárias indiretas do acordo, mas protagonistas na sua construção e implementação. Trata-se de um passo estratégico para transformar oportunidades em resultados concretos.

Rijarda Aristóteles, fundadora e presidente do CMNLP

A programação da segunda edição do Fórum incluiu painéis temáticos com especialistas, autoridades e representantes de organismos internacionais, como Dorota Ostrowska-Cobas, chefe do Setor Político da Delegação da União Europeia no Brasil, Laura Oliveira, CEO do Grupo Levvo, Cláudia Maldonado, presidente do Convention & Visitors Bureau, Brasília, Divaika Kiemba Dina, presidente do Centre Euro África, entre outros. O próximo encontro será em 3 de dezembro em Fortaleza (CE), na Federação da Indústria do Estado do Ceará (FIEC).

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