ASN Nacional Atualização
Compartilhe

Sebrae lança “Moeda Verde” para fomentar reciclagem no Baixo Amazonas

Projeto piloto lançado no Pará pode escalar por todo país
Por Andrea Sekeff
ASN Nacional Atualização
Compartilhe

O Sebrae Pará deu início ao projeto piloto da Moeda Verde, iniciativa que integra ações de educação ambiental, valorização dos catadores e incentivo aos pequenos negócios nos municípios de Santarém e Belterra, na região do Baixo Amazonas. A proposta faz parte do Projeto Pró-Catadores, que já está presente em 18 estados brasileiros, nas cinco regiões do país, e tem como meta atender 6.770 catadores e 333 cooperativas.

A moeda social atua dentro do conceito da sustentabilidade. O Sebrae Pará aderiu ao Pró-Catadores com resultados práticos significativos, permitindo o desenvolvimento da economia circular. Um processo que envolve a reciclagem, o setor produtivo, os entes públicos e o Sebrae. O compromisso é com à inclusão e geração de renda”, afirmou o presidente do Sebrae, Décio Lima.

De acordo com o superintendente do Sebrae Pará, Rubens Magno, a Moeda Verde funcionará como um incentivo direto para a população separar corretamente o lixo reciclável. O material será destinado às cooperativas locais, e, em troca, os moradores receberão créditos para utilizar no comércio do município.

“A ideia é negociar com o poder público e parceiros locais para que a Moeda Verde possa gerar benefício para todos, valorizar os catadores, promover a conscientização ambiental e movimentar os pequenos negócios”, explica.

Atualmente, a cooperativa de Belterra conta com 21 catadores envolvidos no trabalho de triagem do plástico e do papelão. O Sebrae oferece capacitação e apoio à organização da cooperativa, visando melhores condições de trabalho e maior eficiência na cadeia da reciclagem.

Com a Moeda Verde, os resíduos recicláveis passarão a ter valor de troca. A população que separar o lixo de forma adequada e entregar o material preparado para triagem receberá a moeda social, que poderá ser utilizada de dois modos já em negociação, em estabelecimentos do comércio local ou na aquisição de alimentos da agricultura familiar, como produtos orgânicos.

Queremos inserir a população nesse processo. Quando ela entende o valor da separação correta do lixo, todo o ciclo melhora. O catador deixa de trabalhar em lixões, os resíduos chegam já organizados e os pequenos negócios são fortalecidos. Este projeto tem potencial de escalar para todo país, Décio Lima, presidente do Sebrae.

A iniciativa também busca reduzir o descarte inadequado de resíduos, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e promovendo condições dignas de trabalho para os catadores. Belém também já conta com ações do Projeto Pró- Catadores, mas, na região do Baixo Amazonas, Belterra e Santarém servirão como referência piloto para a implementação da Moeda Verde.

O projeto está em fase final de ajustes com os governos municipais e que, após alinhamento das parcerias, a Moeda Verde deve entrar formalmente em circulação.

Aurieth Peninchi e Cleidiane Parente dos Santos fazem parte do grupo de catadores

Economia Circular 

Afonso Henrique Oliveira, da Secretaria Municipal da Gestão do Meio Ambiente e Clima (Semac) de Belterra (PA), comenta que a iniciativa da Moeda Verde foi partiu de uma sugestão do Sebrae a partir da iniciativa surgida no município de Tomé-Açu. “Esta moeda social vai além do valor monetário, buscando educar ambientalmente a sociedade local sobre questões como descarte incorreto, resíduos e poluição”, explica.

Segundo Afonso, o projeto funciona com a criação de uma moeda lastreada por empreendedores e comerciantes locais que a patrocinam. Em troca, esses parceiros recebem benefícios fiscais, como abatimento em taxas municipais, além de serem reconhecidos como “empreendimentos verdes” parceiros da Semac.

Para a população local, o projeto envolve pontos de coleta onde alunos, donas de casa e comerciantes podem levar materiais recicláveis, como garrafas PET, e, em lugar de dinheiro, recebem a Moeda Verde. “Com essa moeda, eles podem negociar em comércios credenciados, como comprar pão na padaria”, exemplifica.

Periodicamente, a Semac ou uma associação parceira vai aos estabelecimentos credenciados e troca as Moedas Verdes por dinheiro em espécie, garantindo a circulação e o resgate. “A experiência de Tomé-Açu demonstrou que, com o tempo, a população atinge um nível de educação ambiental que os leva a descartar corretamente os resíduos de forma voluntária, sem a necessidade do incentivo financeiro direto, mostrando que a moeda atua como um impulsionador inicial da educação ambiental”, acrescenta Afonso.

Organização Coletiva 

Aurieth Peninchi e Cleidiane Parente dos Santos fazem parte do grupo de catadores. Aurieth, que vive em Belterra, comenta que os trabalhadores locais ainda não contam com uma cooperativa e que há uma expectativa pela melhoria das condições de trabalho e vida a partir da organização coletiva. Já Cleidiane, que vive Santarém, faz parte de uma cooperativa que conta com 18 associados e comenta que a renda obtida com seu trabalho tem possibilitado sua subsistência. “A gente se sustenta, compra material escolar para o filho da gente, o alimento, uma faculdade”, acrescenta.

O Sebrae na COP30

O Sebrae lidera movimento para posicionar as micro e pequenas empresas no centro da inovação sustentável. Para os empreendedores interessados em ficar por dentro das oportunidades de negócios geradas pela realização da COP30, já é possível acessar um ambiente criado pelo Sebrae para os donos de pequenos negócios de todo o Brasil.

O portal Sebrae COP30 reúne conteúdos exclusivos para quem quer se preparar para as oportunidades que o evento trará para o país e tornar seus negócios mais sustentáveis. São informações de empreendedorismo internacional, de inserção na agenda global de desenvolvimento sustentável e muitos exemplos de soluções criativas, inovadoras e responsáveis.

  • Amazônia
  • COP 30
  • Sustentabilidade