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Negócios à vista para empreendedores do Baixo Amazonas após visita de empresários e investidores

Quarta missão realizada pelo Sebrae na região de Santarém (PA), tem desdobramentos concretos de parcerias para alavancar empreendimentos locais
Por Renata Mariz
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Na primeira agenda da missão que o Sebrae promoveu na última semana para apresentar a um grupo diverso o projeto que vem desenvolvendo na região do Baixo Amazonas (englobando as cidades paraenses de Santarém e o seu distrito Alter do Chão, Belterra e Mojuí dos Campos), já surgiu o prenúncio de bons resultados.

Após a delegação conhecer o trabalho de movelaria da Coomflona (Cooperativa Mista da Flona do Tapajós), que hoje tem 311 cooperados dentro da Floresta Nacional do Tapajós atuando com madeira certificada, foram costuradas medidas práticas para tirar do papel um projeto de usina de energia solar que o local precisa. Sem isso, o maquinário fica sem uso na maior parte do tempo ou precisa queimar diesel para funcionar.

“Nós viemos outras vezes com o Sebrae Nacional e já temos um projeto pronto para fazer uma usina solar aqui, associada a baterias de lítio e um gerador com energia renovável, e agora só buscamos quem possa ajudar com financiamento”, afirmou Wilson Poit, Empreendedor Endeavor e Fundador da Poit Energia, enquanto o grupo tirava dúvidas com o representante da Coomflona, Aloísio Patrocínio de Sousa, e entre si.

Edlailson Pimentel, que coordena no Acre da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), manifestou interesse em apoiar a iniciativa, enquanto o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que lidera a Frente Parlamentar Mista pela Inovação na Bioeconomia, levantava caminhos possíveis para a cooperativa atingir seu objetivo.

Bruno Quick indicou diferentes possibilidades de atuação do Sebrae para acelerar o processo da usina | Foto: AD Produtora

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Diretor técnico do Sebrae, Bruno Quick encaminhou uma agenda prática pós-visita, brincando que “todos os caminhos não levam à Roma, mas sim trazem à Flona”. Ele e a diretora técnica do Sebrae Pará, Domingas Ribeiro, sinalizaram diferentes possibilidades de atuação da instituição para acelerar o processo da usina. “Se vocês toparem”, condicionou Quick. “Já topamos”, responderam, em uníssono, integrantes do grupo convidado à missão mais ligados à questão de energia e políticas públicas.

O interesse em torno dos projetos — inclusive para fechamento de negócios – foi a tônica de todo o resto da programação, que ocorreu nos dias 26 e 27 de setembro. É a quarta vez que o Sebrae leva uma delegação de pessoas de diferentes segmentos e perfis para conhecer as ações do projeto no bioma amazônico que a instituição terá como vitrine nas atividades que desenvolverá durante a COP30 em Belém. A metodologia aplicada à região será replicável e escalável, podendo ser usada em outros biomas.

Participaram Augusto Braun, presidente do Instituto Climático Von Bohlen Und Halbach; Cristina Silva Costa, analista ambiental da Globo; Edlailson Pimentel, representante da Absolar; Ericka Rocha da Cunha, chefe de Escritório da Codevasf; Ivan Santos Moura, sócio administrador da Ollie Comésticos; Kelma Christina Melo dos Santos, assistente da Coordenadoria de Relacionamento Parlamentar da Conab; Lucas Conrado; diretor do Fundo de Impacto Estímulo; Marta Pereira Poit, cofundadora do Investe Território; Rodrigo Rollemberg, deputado federal; Sandro Marques, da Comunicação do Instituto Interelos; Silvana Dilly, superintendente da Assintecal; Tais Carvalho, representante da Amazon; Viviane Aguiar, CEO do Instituto Interelos; e Wilson Poit, empreendedor Endeavor e Fundador da Poit Energia.

Oka Hub Incubadora da Floresta reúne projetos inovadores acelerados na região | Foto: AD Produtora

Impacto com pitches

O grupo heterogêneo foi impactado por uma programação que mostrou parte dos projetos inovadores que o Sebrae tem desenvolvido na região. Ainda no dia 26 de setembro, eles assistiram a pitches de empreendedores à frente de negócios ligados à floresta que estão sendo acelerados em duas incubadoras: a Oka Hub, do Sebrae, e a InTap, da Universidade Federal do Oeste do Pará que tem apoio do Sebrae. As apresentações surpreenderam os convidados impactados.

“Fiquei muito impressionada com o preparo e com a qualidade do que se está se fazendo. Estou superanimada, já conversei com alguns empreendedores para ver com quem podemos evoluir”, diz Marta Poit, cofundadora do Investe Território, que trabalha investindo capital financeiro mas também intelectual, com mentorias e outras iniciativas. Para Lucas Conrado, diretor do Fundo de Impacto Estímulo, a experiência de imersão promovida pelo Sebrae fez toda a diferença na conexão com os empreendedores locais. “Negócios já estão saindo aqui dentro desses próximos dias”, comentou.

Entre as 20 startups que fizeram suas apresentações, há empresas de biocosméticos, superalimentos da Amazônia, biofármacos, turismo, biojoias, tecnologia na agricultura, entre outros. A conexão entre a delegação da missão e os empreendores foi realizada no auditório do Museu de Ciência da Amazônia (MuCA), em Belterra, que tem apoio do Sebrae.

“Quando você vê as pessoas falando a linguagem financeira, preparando pitches de investimentos no interior da Amazônia, vocês podem ter certeza: o que o Sebrae podia ter feito já gerou um impacto irreversível”, diz o coordenador do MuCa e também empreendedor incubado na Oka Hub com um negócio de suplementos amazônicos, Luiz Felipe Moura.

Quintais produtivos são apoiados pelo Sebrae para produzirem no sistema agroflorestal. Foto: AD Produtora

Apoio a quintais produtivos

No dia 27 de setembro, quintais produtivos nas cidades de Belterra e Mojuí dos Campos foram visitados. O Sebrae apoia esses empreendedores para que trabalhem com o sistema agroflorestal, que reúne diversas espécies plantadas dentro de uma metodologia na qual uma cultura auxilia a outra a se desenvolver – imitando a configuração da floresta – sem uso de agrotóxicos. Em Mojuí, o avanço da monocultura da soja tem impactado os agricultores. Muitos já venderam suas terras. Os que resistem a sair precisam de apoio para continuar investindo em uma atuação sustentável do ponto de vista ambiental que gere renda e traga prosperidade.

Soranda Melo faz parte da Associação de Mulheres Agricultoras Familiares de Mojuí dos Campos e trabalha em uma área de menos de 2 hectares, que ela foi comprando aos poucos, na medida em que o negócio avançava. Hoje, a produção de mais de 10 tipos de hortaliças, além de verduras, legumes e frutas, não dá para quem quer. A agricultora tem uma renda que varia de R$ 4 a R$ 5 mil por mês e planeja continuar avançando. “Essa parceria do Sebrae trouxe muito conhecimento técnico para melhorar nossa produção”, conta Soranda.

“É muito importante conhecer iniciativas como essa dos quintais produtivos, entender os potenciais e os pontos críticos, que acredito que o principal é a logística com a questão do modal fluvial, para atuarmos juntos. A Codevasf atua nessa parte de estruturação por meio de máquinas, equipamentos, obras necessárias. E o Sebrae entra dando toda esse apoio para eles se inserirem no mercado, o que é muito interessante”, diz Ericka Rocha da Cunha, chefe de Escritório da Codevasf em Belém (PA).

Nos dois dias, a delegação da missão técnica participou de uma prática indígena para afastar energias negativas. Uma das pajelanças foi conduzida pelo Pajé Nato Tupinambá, que é líder espiritual e defensor do povo indígena na comunidade de Alter do Chão, distrito de Santarém. Tornou-se uma voz ativa na defesa dos direitos indígenas, participando de movimentos em prol da educação e utilizando seu conhecimento para orientar sobre saúde. “O Sebrae trabalha com os pequenos e médios empreendedores e isso aqui é a valorização da cultura”, afirmou o líder.

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