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Rodadas de negócios internacionais movimentam mais de R$ 19 milhões no último trimestre para micro e pequenas empresas

Iniciativa do Sebrae, em parceria com a ApexBrasil e CNA, reforça o apoio para que pequenos negócios diversifiquem mercados fora do Brasil
Por Cibele Maciel
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Com o objetivo de diversificar mercados para os pequenos negócios fora do Brasil, o Sebrae, em parceria com a ApexBrasil e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), tem investido com sucesso na promoção das micro e pequenas empresas junto aos compradores internacionais.

Somente de julho, quando o presidente dos Estados Unidos Donald Trump assinou a medida prevendo o aumento de tarifas para produtos nacionais, para cá já foram realizadas uma missão internacional no Chile e Panamá e sete rodadas de negócios, em vários estados brasileiros, voltadas para os mercados externos. O volume de recursos gerados em negócios fechados já ultrapassa os R$ 19 milhões – valor consolidado até o momento com resultados contabilizados em apenas quatro rodadas.

Ao todo, 238 pequenos negócios participaram dessas ações. Muitos deles exportam produtos impactados, direta ou indiretamente, pelo tarifaço do governo americano às exportações brasileiras. São produtores de frutas, mel, máquinas e equipamentos, cosméticos, moda, entre outros segmentos.

O maior volume de negócios (R$ 12,5 milhões) foi gerado durante o Exporta + Brasil em Boa Vista (RR), uma ação da ApexBrasil em parceria com o Sebrae, realizada em meados de julho, com a participação de 24 pequenos negócios dos setores de alimentação e bebidas (A&B), casa e construção. De acordo com a coordenadora de Negócios Internacionais do Sebrae, Roberta Aviz, os países da América do Sul são os principais destinos das exportações.

Como as rodadas são voltadas para os pequenos negócios que estão começando a exportar, é mais fácil para eles alcançarem esses mercados.

Roberta Aviz, coordenadora de Negócios Internacionais do Sebrae

Até o final do ano está prevista a realização de mais seis rodadas de negócios no Brasil com a participação de compradores estrangeiros, além de quatro missões internacionais programadas para Dinamarca (Apomondia – maior feira de apicultura do mundo), Peru (Expoalimentaria), Uruguai e Argentina (Jornada Exportadora Agritech) e Espanha (Fruit Attraction Madrid).

Aviz ressalta que, desde o início deste ano, cerca de 1.500 empresas já foram atendidas no âmbito do programa de internacionalização do Sebrae, incluindo consultorias de preparação para elaboração de planos e ações de negócios no exterior. No caso das rodadas de negócios e missões internacionais, a seleção das empresas é feita por meio de edital. Além de receber todo suporte durante o processo, incluindo preparação antes dos encontros comerciais, os empreendedores também podem obter subsídio para a cobertura de despesas com viagens.

Panier nasceu na capital federal e expandiu as vendas no mercado internacional de B2B | Foto: Divulgação

Bolsas ‘slow fashion’ de Brasília para o mundo

Há 10 anos, as bolsas e acessórios da Panier Brasil conquistam clientes pelo Brasil e, no último ano, começou o processo de internacionalização da marca nascida em Brasília (DF). O negócio se posiciona no segmento de slow fashion com práticas sustentáveis na produção de peças produzidas de modo artesanal sob demanda, com uso, sobretudo, de fibras naturais e matéria-prima encontrada em abundância na natureza.

A CEO da Panier Brasil, Anna Chaves, comanda o negócio ao lado da irmã, Maria Laura Chaves, quem idealizou a marca a partir de referências de fora do Brasil. Inicialmente a empresa fazia pequenos envios para o exterior para clientes finais que se encantavam com as bolsas divulgadas nas redes sociais. No último ano, Anna conta que nasceu o sonho de levar a marca para todos os cantos do mundo.

Começamos a estudar como exportar e procurar caminhos. Foi quando encontrei o Sebrae e a Apex-Brasil, que abriram as portas para nós. O comprador se sente muito mais seguro em negociar com uma empresa que foi preparada por essas instituições. Isso faz toda a diferença.

Anna Chaves, CEO da Panier Brasil

Com foco no mercado B2B, a empresa começou a participar de rodadas de negócios internacionais. Já estiveram no Chile e em Miami, por exemplo, além de encontros no Brasil com compradores do exterior. A marca já chegou à Inglaterra, Japão e EUA. “Geralmente o pequeno negócio não sabe que ele pode exportar e acha que isso é apenas para os grandes.  O que eu acho mais difícil não é fazer a primeira exportação, mas continuar fazendo as remessas. É isso que, de fato, nos torna exportadores”, considera.

No caso dos EUA, Anna compartilha que conseguiu fazer um envio, mas por causa do tarifaço o contrato foi suspenso. “O tarifaço foi um balde de água fria para nós, mas seguimos estudando estratégias para entrar no mercado americano, enquanto também aguardamos as negociações do Mercosul com a União Europeia para explorarmos o mercado europeu”, compartilha.

The Class Professional concentra abertura de franquias na América do Sul e em Angola | Foto: Divulgação

Negociação com EUA esfriam, mas outros mercados se abrem

A marca The Class Professional é outro pequeno negócio que está com foco no mercado internacional. A marca do Rio de Janeiro nasceu em 2016 com o diferencial de atender ao público de cabelos crespos e cacheados.  Com mais de 20 anos de atuação no mercado, a CEO Cátia Lins tem buscado o apoio do Sebrae e da Apex-Brasil para participar de rodadas de negócios internacionais, inicialmente na América Latina e Angola.

Sua primeira exportação foi para o Chile, onde já tinha contatos antes de participar da jornada exportadora. Também está em processo de exportação para o Peru, onde negocia com uma rede de farmácias que também é distribuidora.
Além da venda de produtos voltados ao mercado profissional, Cátia aplicou seus conhecimentos adquiridos como professora para oferecer treinamentos e capacitações. Com workshops e cursos, ela se aproximou dos seus clientes e chamou atenção do mercado internacional.

O nosso centro técnico é outro diferencial. Na Angola, por exemplo, fechamos parceria com um salão para criar uma marca própria com uma linha de nossos produtos.

Cátia Lins, CEO da The Class Professional

A The Class Professional também atua em um modelo de franquia. Por causa do tarifaço, ela conta que o processo de exportação aos Estados Unidos está em análise. “Temos contatos com brasileiros que atuam na área lá, mas as negociações esfriaram. É tudo muito recente, mas pretendemos aguardar um pouco”, comentou. A Europa também faz parte dos planos da empresária em um segundo momento. “Eles são bem criteriosos na questão regulatória”, explica.

De olho nos árabes e europeus

De Rondônia, a marca de biocosméticos Top Amazon também busca se aproximar do mercado externo. A CEO da marca, Eusa Marques, que se especializou em química e cosmetologia, investe na produção de produtos veganos em sua fábrica própria desde 2020 quando recebeu uma consultoria do Sebrae. Para isso, ela teve que deixar para trás a jornada como revendedora para criar sua marca própria.

Com amplo portifólio, o pequeno negócio é liderado por mulheres e se destaca pela valorização dos recursos naturais da Amazônia e das cooperativas locais, com uso de extratos de cultivo próprio e sem uso de agrotóxicos, além de óleos e manteigas vegetais.

A marca participou de várias rodadas de negócios internacionais dentro e fora do Brasil com apoio do Sebrae. “Fomos para Colômbia e Peru, mas ainda estamos negociando”, conta. A empresa participou, recentemente, da Beauty Fair em São Paulo, onde fez vários contatos.

Eusa acredita que os países árabes e da União Europeia oferecem mais perspectivas no exterior. “São países que valorizam mais a Amazônia”, avalia. Para ela, a participação nas rodadas de negócios internacionais são experiências válidas. “É uma oportunidade de saber os produtos que eles estão buscando”, conclui.

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