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Produtores de frutas conquistam o paladar estrangeiro

Cooperativas brasileiras inovam na produção e beneficiamento de frutas para aumentar as exportações
Por Roberta Jovchelevich
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Com o objetivo de fortalecer a fruticultura brasileira nos mercados internacionais, foi aberta nesta terça-feira (25) a 2ª edição da Fruit Attraction São Paulo – Feira Internacional de Frutas e Verduras, na capital paulista. O evento é uma oportunidade para os produtores de pequeno porte e da agricultura familiar estarem próximos a potenciais compradores, nacionais e internacionais, e participar de rodadas de negócios.

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), em 2024, as exportações de frutas ultrapassaram um milhão de toneladas, com faturamento de U$S 1,38 bilhão, um incremento de 2,04% frente ao ano anterior. Destaque para os embarques de mangas, melões, limas, limões, uva, mamão e melancia.

Ainda assim, a fruticultura brasileira tem somente 4% de participação nas vendas globais, ocupando o posto de 23º exportador mundial de frutas. Para Vitor Rodrigues Ferreira, Coordenador de Projetos de Fruticultura do Sebrae, o Brasil tem potencial de ser um grande centro de exportação de frutas.

Precisamos fomentar o acesso a mercados dos pequenos produtores, ao lado de parceiros como a Abrafrutas, e enfrentar os desafios da fruticultura.

Vitor Rodrigues Ferreira, Coordenador de Projetos de Fruticultura do Sebrae.

Para isso, ele acrescenta que é necessário atender aos requisitos do mercado internacional, que hoje exige selos certificadores de produção orgânica e sustentável, com desmatamento zero, além da adequação de embalagens e uma gestão logística e financeira eficiente.

Amiraldo Piganço produz açaí liofilizado e pretende triplicar a produção em 2025. Foto: Túlio Vidal.

Cooperativas

Diante desse cenário, o Sebrae incentiva a formação de cooperativas. O arranjo associativo permite escalar a produção e atender às demandas internas e externas, como comprova a Amazonbai, associação de produtores de açaí criada em 2017, e que reúne 151 cooperados.

“Atualmente, produzimos 900 toneladas de açaí e cerca de 30 toneladas do liofilizado. A partir do próximo ano, vamos triplicar a produção”, conta o engenheiro florestal Amiraldo Picanço, presidente da associação que aposta no açaí liofilizado orgânico, em pó, produto que atrai de empresários da gastronomia às indústrias cosmética e farmacêutica do Brasil e do exterior.

“Estados Unidos, Bélgica e Portugal preferem a versão em pó à polpa, por ser mais concentrada, o que também a torna mais cara”, conta Picanço, que prevê o aumento do consumo mundial do açaí como tendência e espera, em breve, alcançar China e Índia.

Acerola orgânica é produzida pela Cooapinc-04. Foto: Wilfredor.

Mercados

Já a Cooapinc-04 investe, desde 2007, na produção de acerola e atualmente exporta o concentrado da fruta, rica em vitamina C, para o México, Estados Unidos e Europa. “O Sebrae ajudou a montar nosso estatuto e regimento interno e trouxe a gente em uma feira tão importante como essa”, reconhece Danila Ferreira, gerente da cooperativa que reúne 26 cooperados e 300 produtores dos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí.

A meta agora é alcançar escala na produção da acerola orgânica, cuja demanda é alta no exterior, levando boas práticas aos agricultores que ainda insistem no uso de pesticidas. “Visamos o resíduo zero”, afirma o engenheiro agrônomo Paulo Cardoso, coordenador do projeto de agroindústria para fabricação de polpa e suco da formosa frutinha. Ainda que a adoção de parâmetros orgânicos de cultivo tenha aumentado o custo de produção, ele reconhece que ampliou o mercado para a cooperativa localizada em Petrolina (PE).

Na mesma região, outro arranjo associativo bem-sucedido é a Coopexvale, que produz 12 variedades de uvas com e sem sementes, dos tipos verde, vermelha e preta. Para o mercado externo – no caso, EUA, Holanda, Alemanha e Inglaterra –, 100% da uva exportada é sem semente e com certificação global de boas práticas agrícolas.

A cooperativa também atende à demanda local. “É importante diluir nos mercados interno e externo a sua produção”, diz o presidente Álvaro Solano, que destaca o apoio do Sebrae na obtenção da certificação de boas práticas agrícolas e na participação na Fruit Attraction, abrindo oportunidades de contato com potenciais clientes.

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