O Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais, da Fundação Getulio Vargas, realizou, nesta quinta-feira (16), um Webinar para debater sobre o tema “A situação das pequenas e médias empresas pós-pandemia”. A iniciativa contou com o apoio da BMG Seguros e teve a participação do presidente do Sebrae, Carlos Melles; de Gesner Oliveira, coordenador do Centro; de Jorge Sant’Anna, CEO do BMG Seguros e do analista de capitalização e serviços financeiros do Sebrae, Giovanni Beviláqua.
Carlos Melles comemorou, na abertura da sua participação, o aniversário de 15 anos da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. “Nós tínhamos 2 milhões de pequenos negócios, no momento que a lei foi sancionada. Hoje, somos mais de 20 milhões”, comenta o presidente do Sebrae. Ele enfatizou o papel que a instituição tem desempenhado ao longo da crise. “Nós temos quatro instrumentos para ajudar o Brasil e, em especial, os donos de micro e pequenas empresas nessa retomada: o Agente de Desenvolvimento, voltado ao incentivo do desenvolvimento regional; a figura do Agente de Educação Empreendedora; o Agente de Crédito Assistido e o Agente de Inovação (ALI)”. Segundo Melles, somente com o trabalho dos Agentes de Inovação, o Sebrae já alcançou 30 mil empresas e tem a meta de chegar a 150 mil negócios acompanhados. “Onde o ALI entrou, a produtividade das empresas cresceu mais que 50% e o faturamento, 18%. Se fizermos um bom trabalho de assistência a esses pequenos negócios, nós conseguiremos ajudar o país a avançar, após a pandemia”, avalia.
O presidente do Sebrae comentou ainda sobre a importância do projeto que está sendo elaborado no governo, reunindo diferentes ministérios, para viabilizar a criação de um fundo garantidor para assegurar operações de microcrédito. Encerrando sua participação, Melles comentou sobre o projeto que tramita no Congresso e que prevê a ampliação do teto do Microempreendedor Individual (MEI) de R$ 80 mil para R$ 130 mil e que esse empresário possa contratar dois funcionários, em lugar de um, como funciona hoje. “Se nós conseguirmos elevar o número de empregados do MEI de 1 para 2, a gente praticamente resolve o problema do emprego no Brasil”.
Gesner Oliveira, coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura e Soluções Ambientais, avaliou que a instituição não prevê retração para a economia brasileira, em 2022, mas alerta que o desafio representado pelo déficit fiscal continua grande. “Além disso, nós observamos outros pontos de atenção que precisam ser monitorados: o surgimento de novas cepas do vírus, a pressão inflacionária no Brasil e no Mundo, as dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia mundial, a crise hídrica e a nossa fragilidade fiscal”, avalia. Gesner chamou a atenção também para a taxa de inflação no Brasil, que saiu completamente do regime de meta: “É preciso deter esse processo”, alerta.
O coordenador do Centro, entretanto, também identifica uma série de potenciais oportunidades para os pequenos negócios no próximo ano. “Temos oportunidades associadas a novas concessões e parcerias público-privadas, como rodovias, a 7ª rodada de aeroportos, bem como os leilões de saneamento. E ainda o agronegócio que tem uma previsão de safra recorde para o próximo ano, com uma expansão da ordem de 15%”, diz Gesner.
Encerrando o Webinar, o analista técnico do Sebrae Giovanni Beviláqua fez uma análise da situação das micro e pequenas empresas ao longo da crise pandêmica. “O Sebrae começou a monitorar os pequenos negócios desde o momento da chegada da pandemia, de modo que a instituição pudesse atuar de forma mais eficiente, contribuindo com as reais necessidades dos empreendedores”, lembra Giovanni. O especialista ressalta que os pequenos negócios, pela sua representatividade, são a base fundamental da sociedade. “As micro e pequenas empresas representam 99% dos negócios no país, somam 30% do PIB e geraram, em 2021, mais de 70% dos empregos formais”, alerta.
Giovanni destaca que a pandemia teve um efeito dramático sobre essas micro e pequenas empresas, que chegaram a acumular uma perda média de 70% do faturamento, quando comparado ao período pré-crise. Mas comenta também sobre os avanços importantes alcançados nesse período, como o aumento na aprovação de pedidos de crédito, que saltaram de 11%, em abril de 2020, para 53%, no último mês de agosto de 2021.
