Pelo terceiro mês consecutivo, o Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE) avançou em 2022, influenciado tanto pela situação atual quanto pelas expectativas de curto prazo dos empresários. No mês de abril, a alta foi de 4,7 pontos, o que alavancou em 1,6 ponto o acumulado quadrimestral. O levantamento, produzido pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, engloba os setores de Comércio, Serviços e Indústria de Transformação.
Segundo a pesquisa, o aumento da satisfação dos donos de micro e pequenas empresas deveu-se, principalmente, à recuperação da situação atual dos negócios, cujo indicador alcançou o maior nível desde outubro de 2021. O registro positivo está relacionado ao aumento da demanda, que também obteve o melhor desempenho desde julho do ano passado. Olhando para o futuro próximo, os empreendedores também estão mais confiantes: indicadores como a tendência dos negócios para os próximos seis meses e as perspectivas sobre demanda subiram.
“A melhora da confiança das micro e pequenas empresas, pela terceira pesquisa seguida, foi influenciada pela percepção mais favorável da situação atual, por conta do controle da pandemia e maior circulação das pessoas, anúncio da liberação de novo saque de FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas e aumento das expectativas”, enumera o presidente do Sebrae, Carlos Melles. “O cenário macroeconômico ainda exige atenção. Existem incertezas no curto prazo, escassez de insumos, que podem piorar com o problema geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia, alta da taxa de juros e inflação, componentes que reduzem poder de compra da população e limitam o crescimento e desenvolvimento das MPE”, complementou.
Serviços
O setor de Serviços foi o que puxou a elevação do IC-MPE em abril, acrescendo 6,9 pontos, seguido pela Indústria de Transformação (4,3 pontos). Na contramão, o Comércio cedeu 1,2 ponto em abril.
Os empreendedores que trabalham em Serviços demonstraram mais confiança pelo segundo mês seguido, repercutindo também em um saldo quadrimestral positivo. O estudo do Sebrae aponta que, apesar da variante Ômicron ter interrompido a sequência de retomada do setor no início do ano, os empresários de Serviços voltaram a se recuperar e têm se destacado dos demais.
Uma demanda que explica esse progresso é o de serviços prestados às famílias, em que há um predomínio de menores empresas. Há ainda bons números nos serviços profissionais, serviços de transporte e serviços de informação e comunicação. Pela ótica regional, empreendedores de todo o país se mostraram mais confiantes, em especial no Sudeste e Nordeste, onde houve uma programação mais intensa do Carnaval fora de época.
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Indústria
Os pequenos negócios da Indústria também registraram recuperação pelo segundo mês consecutivo, atingindo 99,7 pontos (alta de 4,3 pontos), maior nível desde dezembro de 2021. O avanço decorre de uma maior satisfação das empresas em relação ao presente, relacionada ao volume da demanda interna e à situação atual dos negócios, bem como a um aumento do otimismo com os meses futuros.
O conflito entre Rússia e Ucrânia impactou positivamente a confiança das micro e pequenas empresas do ramo de fertilizantes, beneficiadas com a dificuldade da importação estrangeira, que redirecionou a demanda para o mercado doméstico. Alimentos, metalurgia e produtos de metal e vestuário também avançaram no mês passado.
Todas as regiões computaram ganhos no IC-MPE, apenas o Sul se manteve estável.
Comércio
Ao contrário dos demais setores, a confiança das MPE do Comércio caiu 1,2 ponto, influenciada por uma piora das expectativas em relação aos próximos meses devido, sobretudo, à diminuição do consumo das famílias. O cenário de inflação e juros elevados freiam as compras, dado o alto endividamento das famílias e o aumento das taxas de juros.
Empresas do ramo de veículos, motos e peças (lojas de autopeças e pequenas revendedoras) foram as que tiveram o maior grau de desânimo. Um dos possíveis motivos é ainda a escassez de insumos devido à pandemia. E a tendência é de piora nesse quadro em razão do conflito internacional, já que a Ucrânia é responsável por, praticamente, 70% da produção mundial de néon, o principal insumo para fabricação de chips semicondutores.
No recorte por regiões, o Norte e o Centro-Oeste foram, praticamente, os responsáveis pela queda no índice do Comércio. O Sudeste manteve a estabilidade e o Sul e Nordeste foram na direção oposta, subindo 3,3 pontos e 0,2 ponto, respectivamente.
Crédito
Os resultados do indicador de crédito em médias móveis trimestrais mostram que os setores de Serviços e Comércio sinalizam uma piora das condições para se obter crédito nos últimos meses. O único setor que está em tendência crescente é o da Indústria de Transformação, que fechou o trimestre no azul. Segundo análise apresentada pelo levantamento, a captação de crédito das micro e pequenas empresas junto aos bancos já era bastante rigorosa, mas tornou-se ainda mais desafiadora na pandemia – com a redução de demanda, muitas empresas reduziram drasticamente suas reservas e o risco de inadimplência se elevou, o que levou muitas delas a fecharem suas portas.
