“A melhor caldeirada do Brasil”. Foi assim que o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, definiu o prato feito por Lucia Torres, feirante do mercado Ver-o-Peso, de Belém/PA. Feita com caranguejo, camarão e à base de tucupi, a iguaria está no cardápio criado pela cozinheira que, por meio do programa Acredita, e da parceria entre o Sebrae e o Banpará, vai conseguir ampliar seu negócio.
Assinada na quinta-feira (11), a cooperação entre as instituições tem o objetivo de ampliar o acesso de pequenos empreendedores ao crédito, por meio da linha CredCOP. “Não é só o negócio da Dona Lúcia que queremos ajudar. Nós queremos melhorar o ambiente de todo mundo, para que vocês possam ampliar, ter estoque e crescer”, destacou Décio em conversa com outros trabalhadores do Mercado Ver-o-Peso.
O presidente do Sebrae esteve na feira-livre, localizada na zona portuária da capital paraense, para divulgar a iniciativa para os trabalhadores.
Dois terços da economia do Brasil dependem de crédito e aqui, no Pará, 88% das empresas não têm acesso a ele. Isso é inconcebível.
Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional
E é nesse cenário que o Sebrae tem trabalhado para, além do crédito facilitado pelo Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) e com taxas de juros diferenciadas, garantir a orientação adequada para que os empreendedores possam aplicar esses recursos da maneira mais eficiente.
“Nós estamos do lado de vocês, oferecendo capacitação gratuita e sendo avalista, ou seja, dando a garantia, ao agente financeiro, de que o empréstimo será pago”, explica Décio. Por meio do programa Acredita, a carteira de crédito do Sebrae é de R$ 30 bilhões para oferecer garantias aos empréstimos solicitados por pequenos negócios ao longo dos próximos três anos.
“Quando me ligaram falando que o meu crédito tinha sido aprovado, eu estava tremendo e as meninas gritando lá atrás, fazendo a maior festa”, conta dona Lúcia. Empreendedora há 30 anos, hoje ela é microempresária e trabalha ao lado da neta Sâmia, de 24 anos.
“Eu comecei vendendo churrasquinho na feira do Ver-o-Peso, em 1994, só que, com a reforma de 2000, eu não podia mais fazer fumaça”, lembra. A partir daí, ela abriu seu primeiro box no mercado. “E aí eu me reinventei, fazendo pratos diferentes”, diz.
De lá pra cá, entre filés de peixe, moquecas e camarões, o reconhecimento da cozinheira não coube apenas em uma banca da feira. Com 14 prêmios no currículo, dos quais sete são troféus Estrela Azul, que reconhece a melhor comida popular de Belém, atualmente dona Lúcia emprega 15 pessoas entre dois boxes no mercado e o seu mais novo espaço, o “Box Bar Lúcia Torres”, na Vila dos Bancários, que completará um ano, neste domingo (14).
São para esses dois espaços que ela vai destinar o crédito de R$ 30 mil. “Comprar freezers novos, fogão novo para comportar a cozinha para a COP 30”, relata. A empreendedora está se preparando para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, evento internacional que levará turistas de todo o mundo para Belém.
Nesse processo, ela afirma que conta com o Sebrae, que segundo ela, é sua segunda casa. “O Sebrae me dá o direito de eu ter uma pessoa para me orientar em tudo o que vou fazer”, ressalta a empreendedora, que se percebe como uma “vencedora em todos os sentidos”.