Antes de se dedicar ao empreendedorismo, Washington Pequeno foi vigia de carros, vendedor de rua, produtor de eventos, trabalhou na construção civil e no ramo de restaurantes. Hoje, ele é designer de joias contemporâneas inspiradas em elementos da natureza e atende clientes mundo afora. O brasiliense encontrou nos negócios a oportunidade para reescrever sua história com as próprias mãos: “Resolvi investir nas minhas habilidades para monetizar toda essa expertise”.
A primeira encomenda do artista, antes mesmo da fundação de sua empresa, foi uma mesa para o escritório de um colega. Ton, como gosta de ser chamado, inspirou-se na história da família desse cliente e no bioma Cerrado para produzir uma peça que combinou madeira, resina e itens da natureza advindos do Lago Paranoá. O processo de fabricação da mesa durou 150 dias e incluiu a busca por árvores do Cerrado caídas para usar como matéria-prima, além da construção de uma marcenaria para produção.
Após concluir esse projeto, sua esposa, Renata Maria, o incentivou a “começar pequeno”. Seguindo o conselho, ele carinhosamente fabricou um anel em formato quadrado de resina azul e madeira. Renata ficou tão encantada com o presente, que pediu mais um, dessa vez redondo e com pedaços de Araucária. As fotos das peças rodaram as redes sociais e essa popularidade surpreendente levou Ton a criar uma coleção de 30 anéis e, consequentemente, a sua marca. Assim surgiu o Estúdio Pequeno Ton Forma, sendo “Ton” derivado de seu nome, Washington, e “Pequeno”, de seu sobrenome.
Em seu estúdio, montado no jardim de casa, são fabricadas joias com elementos naturais, como anéis, alianças, pulseiras, brincos, colares e projetos personalizados de decoração, como relógios, pesos de livro, esculturas e mobiliários. “Junto os materiais à resina e ao ouro e lapido as peças manualmente”, explica Ton.
A Pequeno Ton adota respeito pela natureza como um princípio de sua identidade. As matérias-primas incluem madeiras de demolição, pedaços de poste de luz antigo, penas de arara que caem após o acasalamento, pedaços de cupim, madeiras de ressaca do mar, ossos de peixe, sementes da Amazônia, flores, como micro orquídeas, e até esqueleto de borboleta-azul. Sem contar os presentes que recebe de seus clientes internacionais, como uma pérola negra coletada no Taiti e flores de cerejeira do Japão.
A clientela permeia todas as classes sociais. Em seu site, é possível encontrar arte em joias a partir de R$ 99. Segundo Ton, o gosto das brasileiras e das francesas se aproxima: anéis e brincos pequenos. As americanas preferem colares grandes e as espanholas são fãs dos braceletes, muito usados em suas danças. Já as esculturas e mobiliários, que chegam a custar R$ 250 mil, são requisitados por colecionadores de arte e investidores. Suas obras já cruzaram o Brasil e estão em países como Suíça, Reino Unido e Espanha.
Longa jornada
“Aprendi a fazer de tudo um pouco com as mãos”, relembra Ton, que desde a infância consertava as coisas e fazia seus próprios brinquedos. As ferramentas da oficina de seu pai se tornaram os alicerces do futuro empreendimento do empresário, que chegou a ajudar a família vendendo esterco para os jardins nas casas em que sua mãe trabalhava como doméstica.
Entre idas e vindas na carreira, Ton vigiou carros, vendeu frutas e jornais, produziu eventos e, por último, assumiu um cargo comissionado no governo. Enquanto trabalhava no setor público, ele deu um salto e abriu uma loja de reparos, marcando o início de sua trajetória empreendedora. “Eu queria me reencontrar”, relembra Ton. Ele então iniciou a transição para o mundo da arte e design. Das reformas, o brasiliense expandiu suas criações para esculturas e móveis. “A arte é o que eu mais amo”, afirma ele, convicto.
Impacto além dos negócios
A visão de Ton vai além do sucesso financeiro. O Estúdio Pequeno Ton promove projetos de responsabilidade social e sustentabilidade, algo que ele considera um dever. “Como empreendedores, temos os recursos e a influência para fazer a diferença. Não podemos hesitar em causar um impacto positivo”, convoca Tom. Além de trabalhar com reflorestamento por meio do plantio de árvores, ele ministra, em sua chácara, o curso “A arte do sentir” para um público interessado em uma imersão na natureza. A proposta é ensinar a arte a partir de matérias-primas orgânicas da natureza.
Futuro promissor e internacional
“Minha empresa tem um futuro promissor e já mostrou que o produto é comercialmente viável. As pessoas gostam e tem ótima aceitação”, avalia o empresário. Os planos para a Pequeno Ton são gigantes e incluem a criação de novas marcas. Ao perceber que seus produtos são bem aceitos e rentáveis, o empresário enxerga espaço para crescimento. Mas, antes, precisa fazer ajustes em sua gestão.
O primeiro passo será contratar e treinar melhor sua equipe. Ton está aprimorando seus canais de vendas e estrutura operacional, permitindo a ele ter mais liberdade para criar, prospectar e, assim, faturar. Para isso, Ton participará, em breve, do Empretec, programa de formação de empreendedores criado pela Organização das Nações Unidas (ONU). O passo seguinte será inaugurar um showroom para expor seu trabalho. Atualmente, ele avalia parcerias e sociedades até mesmo em outros países.