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Negócio próprio é o segundo maior sonho dos moradores das favelas brasileiras

Pesquisa do instituto Data Favela foi apresentada na abertura Expo Favela Innovation
Por Redação
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O desejo de emancipação econômica pelo empreendedorismo é o segundo maior sonho dos moradores das comunidades de periferia no Brasil, só perdendo para o desejo de adquirir a casa própria. É o que aponta a pesquisa “Favela Empreendedora”, realizada pelo Data Favela, apresentada nesta sexta-feira (1), na abertura da Expo Favela Innovation, em São Paulo. O evento teve o apoio do Sebrae.

“A dificuldade vira oportunidade e pequenos negócios surgem das adversidades”, diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela. Segundo ele, hoje, 56% dos moradores de comunidade se dizem empreendedores, número bem maior dos que afirmam trabalhar com carteira assinada. “O próprio CEP barra a contratação formal”, explica, referindo-se à precariedade da condição social dessa população.

Segundo Meirelles, entretanto, muitos potenciais empreendedores acabam desistindo da atividade por falta de crédito e educação financeira. “A expertise do asfalto poderia atuar em parceria com a tecnologia social da favela na busca de soluções. A lógica para dialogar nesse território é a de jogar junto”, avalia.

Ainda de acordo com o levantamento, 8 em cada 10 empreendedores abrem o negócio movidos pela necessidade e lançando mão de muita criatividade. Bruno Araújo, oriundo da periferia de Belo Horizonte (MG), criador da ‘Mr. Hs’, é exemplo dessa realidade. O empreendedor criou uma bebida de baixo teor alcoólico à base de água e extrato de frutas, que tanto pode ser consumida direto da lata, como servir de base para drinks. A experiência como mixologista e a necessidade de beber algo que não comprometesse seu bem-estar nem os treinos esportivos o levaram a desenvolver um produto sem açúcar nem conservantes, vegano, e embalado em latas com estampas psicodélicas, diferenciadas por quatro refrescantes sabores. “Por que beber algo e ficar com dor de cabeça? Queria beber e me sentir bem”, comenta Bruno, lembrando sobre o processo que o levou ao desenvolvimento da bebida, cuja venda é focada na operação online.

Já Edilene Oliveira, 53, aposta na costura criativa. “É a minha forma de criar trabalho”, relata enquanto mostra os tapetinhos de retalhos e toalhas de mesa que confecciona artesanalmente na máquina e à mão.

Empreendedora há 12 anos, ela foi convidada a expor seus artigos no estande do Sebrae, por ser uma aluna assídua e aplicada dos cursos da unidade de Mogi das Cruzes. “O Sebrae me ajudou a ter um ‘produto abacaxi’, aquele que sempre tem saída nas feiras, que é o pano de prato colorido e com mensagens divertidas”, relata.

Em 2022, a Expo Favela contou com a participação de empreendedores de vários estados, via articulação feita pelas Centrais Únicas das Favelas (CUFA) estaduais. Foram realizadas etapas em 20 estados e os empreendedores selecionados participam do evento em São Paulo. O objetivo é dar visibilidade para essas iniciativas e promover encontro com investidores para que possam acelerar esses empreendimentos e gerar negócios.

A força do empreendedorismo e da cultura nas favelas e periferias do país pode ser conferida até domingo, 03/12, no Expo Center Norte, em São Paulo.

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