A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) anunciou nesta quinta-feira (8) a Denominação de Origem do Mel de Aroeira do Norte de Minas como a IG escolhida para receber apoio técnico e financeiro do Committee on Development and Intellectual Property (CDIP) da OMPI. A seleção foi feita através de um processo seletivo para denominações de origem brasileiras que poderiam se beneficiar do desenvolvimento junto ao órgão. Além do mel de aroeira do Norte de Minas, a seleção contou com a candidatura da IG Mamirauá de Pirarucu Manejado, do Amazonas, e a IG da Própolis Vermelha dos Manguezais de Alagoas.
O Sebrae orientou e viabilizou o processo de inscrição no concurso, incluindo questionários e demais documentos das denominações de origem para a análise da OMPI. “Queremos replicar essa experiência da mentoria da OMPI para todas as DOs do país num futuro próximo. Com o desenvolvimento da IG do mel de aroeira e a ampliação do acesso desse produto ao mercado, teremos o caminho aberto para mostrar outros produtos brasileiros para o mundo”, celebra Hulda Giesbriecht, analista de inovação do Sebrae.
O resultado foi divulgado durante o V Evento Internacional de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas – Origens Brasileiras, que acontece em Curitiba (PR), onde estavam os apicultores integrantes da associação, que vibraram com a escolha. “Estávamos torcendo muito para sermos selecionados. Acreditamos que a gestão da IG do mel de aroeira será melhorada e a produção vai se ampliar para outras floradas, como abacate, pequi, copaíba, betônica, café”, listou Luciano Fernandes, presidente da cooperativa de apicultores e agricultores familiares do Norte de Minas Gerais (Coopemapi).
A conselheira da OMPI no Brasil, Isabella Pimentel, estava presente no anúncio e avalia a seleção, “O mel de aroeira tem um potencial de exportação enorme, além de ter propriedades medicinais. O Brasil está muito bem representado por essa DO”, disse. A partir de janeiro, a OMPI entrará em contato para fazer um diagnóstico e estruturar o projeto de acordo com as necessidades da cooperativa.
Nas expectativas da Coopemapi estão trabalhar no design da marca e das embalagens, aumentar as inserções do produto em degustações gastronômicas e participações em feiras internacionais. Atualmente, a exportação representa cerca de 60% da produção da cooperativa, mas a venda ainda é em volumes grandes. “Esperamos em breve vender em porções menores, direto para o consumidor final, em outros estados e países”, torce Luciano.
Sobre o mel
O mel de aroeira é denso e de cor escura, historicamente foi menos valorizado que o mel silvestre. A árvore é endêmica do cerrado mineiro, uma região árida, mas rica em biodiversidade. “O trabalho de pesquisa em parceria com universidades começou há dez anos. Até sair o resultado das análises clínicas, em 2018, ninguém comprava mel escuro, achavam que não era um produto bom”, relembra Hélio Cesar Oliveira, apicultor e presidente do Conselho de Desenvolvimento do Norte Mineiro.
Os estudos comprovaram que o mel de aroeira tem propriedades medicinais com ações antibacteriana e anti-inflamatória devido ao seu alto teor de compostos fenólicos. Desde então, os apicultores se organizaram em cooperativa para a solicitação de registro de Indicação Geográfica. O registro de D.O. foi concedido em fevereiro, mas o primeiro lote do mel com o selo foi ao mercado há pouco mais de um mês.