Agência Sebrae de Notícias

Distante 276 quilômetros de Natal, o município de Mossoró deu início a mais uma colheita do melão, fruta considerada símbolo da economia local. Para celebrar as boas perspectivas de negócios da safra 2022/2023 e mostrar os impactos econômico e social da atividade, produtores participaram da II Largada da Safra do Melão, realizada nesta quinta-feira (1º), na Estação das Artes Elizeu Ventania. Com estimativa de produção na ordem de 400 mil toneladas destinadas à exportação, o setor deve movimentar R$ 1,1 bilhão na economia potiguar. Os dados são do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX) e correspondem ao período compreendido entre o mês de agosto passado e fevereiro do próximo ano.

A II Largada da Safra do Melão é realizada por meio de parceria entre a Prefeitura Municipal de Mossoró, Sebrae no Rio Grande do Norte, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e Coex. Para o diretor Técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti Júnior, o evento possui papel decisivo na geração de visibilidade à atividade, considerada estratégica para o Rio Grande do Norte. O melão representa, atualmente, o segundo item na pauta de exportações do Rio Grande do Norte, com 63 mil toneladas enviadas para outros países no primeiro semestre

“A largada é a oportunidade para mostrar a toda a sociedade norteriograndense que essa atividade faz a diferença na vida de milhares de pessoas. Então, dar visibilidade a um momento inicial de uma produção que é estratégica para o nosso estado e para o nosso país faz uma diferença enorme no futuro da atividade econômica”, ressalta João Hélio.

Acompanhado do presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-RN, Itamar Manso Maciel, João Hélio destacou, ainda, diferenciais do melão potiguar que precisam ser enaltecidos, a exemplo do selo de Indicação Geográfica. Para o diretor, a certificação faz a diferença em termos de competitividade no mercado.

“No Brasil, somente 64 atividades possuem a Indicação Geográfica (IG) e o melão de Mossoró é uma delas. Isso faz a diferença, e fez a diferença, por exemplo, quando a China resolveu comprar o melão aqui dessa região. Isso torna nosso melão mais competitivo e a largada é um excelente momento para mostrarmos isso. Por isso acredito que a Largada foi boa, o caminho será muito melhor e a chegada será melhor ainda. Essa largada já virou tradição”, garante.

Em seu discurso, o presidente do Coex, Fábio Queiroga, falou do entusiasmo pelo início de mais uma safra e ressaltou a importância social e econômica da atividade, responsável pela geração de 22 mil empregos diretos.

“Hoje é um dia de celebração. Estamos agora mandando os nossos primeiros contêineres para o mercado europeu, mercado norte-americano. Estamos entusiasmados, ao lado de gente comprometida, para vencermos as dificuldades e conseguirmos êxito e uma excelente safra. O dia é simbólico e revela toda a dedicação e o esforço que são feitos para que essa atividade, que emprega diretamente 22 mil pessoas aqui em nossa região de Mossoró, contribua, realmente, para o bem-estar da nossa população e o fortalecimento da nossa economia”, ressalta.

Símbolo de Mossoró

Para o prefeito de Mossoró, Alysson Bezerra, a produção de melão deve ser motivo de orgulho para os mossoroenses. Segundo ele, a fruta precisa ser lembrada como símbolo da cidade, a exemplo do que ocorre em outros municípios espalhados pelo país.

“Por que algumas cidades do Brasil têm tanto orgulho que é capital da uva, que é capital da laranja, e a gente mandando melão para todo o mundo e ficava calado? Nós temos que mudar isso, e faremos um trabalho sério para que a gente reconheça no melão a importância devida que ele tem para nossa cidade. A Largada da Safra do Melão é um primeiro passo para lembrar esse orgulho, para mostrar o quanto a atividade é importante para nós”, defende o prefeito.

A II Largada da Safra do melão contou com a participação de representantes do Ministério da Agricultura, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (FAERN), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR).

Participaram também integrantes da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Câmara dos Dirigentes Lojistas de Mossoró (CDL), Promoexpo, Sindicato do Comércio Varejista de Mossoró (SINDILOJAS), Caixa Econômica Federal, Companhia Energética do RN (COSERN) e do Instituto de Gestão de Águas do RN (IGARN).

A II Largada da Safra do Melão marcou, também, o lançamento para a edição 2023 da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit), que ocorrerá entre os dias 23 e 25 de agosto do próximo ano.

De acordo com Fábio Queiroga, a feira, realizada pelo Coex em parceria com Sebrae-RN e Ufersa será a maior da América Latina no segmento. A estrutura do evento terá um acréscimo de 36% na quantidade de estandes. Até o momento, segundo a organização, um total de 296 estandes já foram comercializados. A Expofruit, ainda de acordo com os organizadores, contará com a participação de representantes de 16 países.

Cerveja sabor de melão

A fruta reconhecida por gerar milhares de empregos e renda no semiárido potiguar e adoçar o paladar de pessoas mundo afora, agora virou ingrediente que garante sabor refrescante a uma cerveja artesanal. Produzida em Mossoró, pela Cervejaria Bacurim, a bebida à base de melão foi feita especialmente para a II Largada da Safra do Melão, mas pode ganhar lugar de destaque na linha de produção da empresa.

Essa é a expectativa do diretor da Bacurim, Gilberto Carvalho, que aceitou o desafio do Sebrae-RN de produzir uma cerveja que carrega no seu dna a qualidade e o sabor do melão de Mossoró. Satisfeito com o resultado obtido no projeto-piloto, o empresário revela que, a depender da aceitação do público, a bebida com melão deverá estrear, em breve, no mercado.

“O pessoal do Sebrae me perguntou se havia a possibilidade de experimentar uma cerveja com melão. Eu disse que ia tentar, fizemos umas pesquisas, encontramos os melhores frutos e realmente o resultado foi muito positivo. Nasceu uma cerveja bem aromática, onde o melão se mostra bem presente. Havendo boa receptividade do público, nossa perspectiva é que ela passe a compor a linha de mercado da cervejaria”, anuncia.

Ainda segundo Carvalho, a qualidade do melão fez toda a diferença no resultado da cerveja, especialmente pelo brix – grau de doçura – diferenciado da fruta produzida na região. “O brix ajuda bastante na questão do álcool da cerveja. Além disso, o melão maduro possui um aroma forte que influencia diretamente no aroma da cerveja. Ter um melão de qualidade fez toda a diferença no resultado do produto”, conclui o empresário, ao apontar que o melão utilizado para a fabricação da cerveja foi o Cantaloupe amarelo