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Dia dos Povos Indígenas: empreendedorismo como ferramenta de empoderamento

Indígenas contam como o empreendedorismo promove o desenvolvimento econômico e social das comunidades, preservando as práticas culturais
Por Redação
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O empreendedorismo indígena surgiu como uma ferramenta poderosa para o empoderamento, ajudando a despertar o potencial econômico das comunidades indígenas e fornecendo um caminho para a autodeterminação econômica. À medida que os empreendedores indígenas estabelecem seus negócios, eles estão simultaneamente construindo resiliência, revitalizando as práticas culturais tradicionais e desafiando os estereótipos negativos que há muito atormentam as comunidades indígenas.

Durante séculos, os povos indígenas enfrentaram barreiras sistêmicas que limitaram suas oportunidades econômicas, desde a desapropriação de suas terras até a supressão de suas práticas culturais. No entanto, nos últimos anos, um número crescente de empreendedores indígenas desafiou esses obstáculos, aproveitando sua herança cultural para criar negócios de sucesso que contribuem para suas comunidades e para a economia em geral.

Empreendedora desde 2010, Dalvani pertence ao povo Apurinã e conta que o trabalho com a arte indígena é uma atividade que ela realiza desde criança, e que geralmente é passada de pai para filho. Além de viver do artesanato, Dalvani é presidente da Associação das Artesãs e dos Artesãos Indígenas do Vale do Juruá, no Acre. Ali, ela trabalha com outras mulheres indígenas dos 18 povos originários da região. São vários tipos de arte de povos diferentes e de culturas diversas. “Faço, mas também ajudo as outras indígenas a comercializarem os produtos delas”, afirma.

Segundo a artista, foi através do incentivo do Sebrae Acre que o empreendimento foi formalizado, facilitando a venda dos produtos para fora do estado. O trabalho em conjunto com outras artesãs é comercializado no espaço que a Associação possui no Mercado da Banana, comércio no centro de Cruzeiro do Sul, município acreano.

O Sebrae Acre também foi responsável por capacitar os indígenas, dando instruções sobre como melhorar o acabamento dos produtos. “Foi difícil aceitar as mudanças propostas, mas depois entendemos que a equipe não queria mudar o nosso material, e sim melhorá-lo. Então aproveitamos as capacitações e hoje o nosso trabalho é mais bem aceito. Comercializamos localmente, pela internet e nas feiras nacionais organizadas pelo governo do Estado do Acre com o Sebrae”.

Turismo sustentável

O turismo ecológico em territórios indígenas tem sido uma alternativa viável para fortalecer a economia das comunidades e proteger a biodiversidade. Esse é o caso do Território Indígena Sete de Setembro, do povo Paiter Surui, localizado em Cacoal (RO). A comunidade vem desenvolvendo o Espaço Turístico Yabinaby, projeto de etnoturismo sustentável que foi desenvolvido pelos próprios indígenas, que se tornaram empreendedores e gestores do negócio. A iniciativa é baseada em princípios de respeito à cultura e aos valores da comunidade, preservação do meio ambiente e geração de renda para a população local.

Xener Paiter Suruí, integrante da equipe de gestão e logística do Yabinaby, diz que o impacto do projeto para o seu povo é muito significativo, visto que proporciona a valorização da cultura e do modo de vida da comunidade, além de gerar empregos e renda para os indígenas que atuam no projeto. Além disso, o turismo sustentável é uma atividade que contribui para a preservação do meio ambiente e para o desenvolvimento econômico local de forma equilibrada e consciente.

“O empreendedorismo indígena é extremamente importante para a promoção do desenvolvimento econômico e social das comunidades. Ele permite que os indígenas possam utilizar seus conhecimentos e habilidades para criar oportunidades de trabalho e renda, valorizando a cultura e as tradições locais. No entanto, os desafios enfrentados pelos empreendedores indígenas são muitos, incluindo a falta de acesso a recursos financeiros, a dificuldade em conciliar a gestão do negócio com as atividades tradicionais da comunidade e a falta de apoio do poder público”, declara.

Por isso, Xener reitera que sejam criadas políticas e iniciativas que apoiem e fortaleçam a economia dos povos indígenas. O Yabinaby contou com qualificações do Sebrae focadas em atendimento no turismo. “A equipe de capacitação desempenhou um papel fundamental instruindo sobre a gestão desse tipo de turismo, oferecendo consultoria e orientação para os empreendedores indígenas desenvolverem suas habilidades em gestão de negócios, marketing, finanças e outros aspectos relacionados ao empreendedorismo”.

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