Cerca de 380 startups brasileiras desembarcaram em Portugal para o Web Summit 2025, que acontece de 10 a 13 de novembro, compondo a maior delegação do país na história do evento. O Seminário de Internacionalização Brasil-Portugal, realizado nesta segunda-feira (10) em Lisboa pelo Sebrae e ApexBrasil, deu início a uma semana de encontros estratégicos com investidores e parceiros internacionais. Mais do que um “esquenta”, o evento funcionou como termômetro do ecossistema brasileiro e hub para captação de recursos, traçando rotas para a expansão do país na Europa, especialmente via Portugal.
Na abertura do seminário, Vinícius Lages, gerente da Assessoria Internacional do Sebrae, deu o tom ao relacionar a tração do mercado de capital de risco aos compromissos climáticos assumidos na COP30, que está sendo realizada em Belém (PA), para discutir o futuro sustentável do planeta. “Neste ciclo, o potencial de investimentos em startups em IA é de U$380 bilhões, podendo chegar, em 2026, a U$500 bilhões. Isso pressiona o ecossistema por qualidade, governança e impacto”, afirmou Lages, defendendo que as startups brasileiras incorporem metas ESG como vantagem competitiva.
O que for pactuado na COP30 precisa atravessar os setores de tecnologia. Lisboa, nesta rota do Web Summit, é a arena perfeita para mostrar que o Brasil sabe inovar com sustentabilidade, e não apesar dela.
Vinicius Lages, gerente da Assessoria Internacional do Sebrae
Floriano Pesaro, diretor de Gestão Corporativa da ApexBrasil, reforçou o papel das missões internacionais: “Não são viagens protocolares. Levamos centenas de empresas para 16 missões internacionais; isso faz diferença na economia. Startups do Brasil são para o mundo.” Segundo Pesaro, o objetivo é transformar startups brasileiras em unicórnios, conectando criatividade e resiliência a processos estruturados de avaliação e investimento. Pesaro também destacou a parceria institucional com o Sebrae, a Embratur e a rede de escritórios, reconhecendo equipes e lideranças: “Sem o Sebrae, não contaríamos esta história, nem bateríamos recordes em turismo e negócios. É integração do planejamento ao chão do evento”.
O embaixador Raimundo Carreiro, chefe da Embaixada do Brasil em Lisboa, destacou Portugal como porta de entrada privilegiada de acesso à União Europeia e como hub natural para startups brasileiras. “O Brasil deixou de ser promessa; é protagonista global em ciência, tecnologia e inovação. Já contamos com mais de 20 unicórnios e um universo crescente de empresas aspirantes ao patamar do milhão”. Carreiro afirmou que o Brasil chega com “massa crítica, criatividade e escala de mercado” ao citar casos de cooperação em energia e transição digital, destacando tecnologias “fora do radar”, com computação quântica e robótica avançada.
Jovens e políticas públicas para impulsionar startups
Durante o Seminário de Internacionalização, o Sebrae e o governo federal anunciaram parceria para capacitar jovens em Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Daniel Papa Garcia, diretor de Empreendedorismo do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), destacou: “De cada 100 novas empresas, 16% são fundadas por jovens de 18 a 24 anos, mas 85% delas fecham em dois anos. Não basta a boa ideia: é preciso trilha de capacitação, crédito e mercado.” O programa piloto terá três frentes: resolução de dívidas, microcrédito assistido e capacitação tecnológica.
Paulo Matheus, responsável pelo escritório da Apex em Portugal e integrante do conselho do Sebrae, explicou que o seminário funciona como peça-chave para alinhamento estratégico e curadoria de negócios: “É curadoria com consequência: a conexão não termina no cartão de visitas.” Já Maria Paula Veloso, gerente de Indústria e Serviços da ApexBrasil, destacou o trabalho integrado das equipes: “Quando olhamos este auditório cheio, vemos o resultado da integração que vem de cima e cai em cascata pelas equipes.”
Inovação no turismo e oportunidades de mercado
No seminário, a Embratur apresentou como as startups podem atuar em turismo, com soluções de IA, blockchain, neurociência aplicada à experiência e sustentabilidade. Segundo Roberto Gevaerd, diretor de Gestão e Inovação da instituição, as delegações de startups criam um ambiente de inovação aberta. “Há oportunidade de negócio real, que combina tecnologia e receita”. O recado reforça a visão do Sebrae, da ApexBrasil e da Embaixada em Lisboa sobre a transição energética, inovação e sustentabilidade como motores de crescimento.

