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Startup brasileira revoluciona mercado com criação de perfume funcional amazônico

Linha de perfumaria inovadora foi desenvolvida dentro da Oka Hub, incubadora do Sebrae que apoia pequenos negócios ligados à bioeconomia amazônica
Por Cibele Maciel
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Inspirada na ancestralidade amazônica e na força dos saberes dos povos tradicionais, a startup Amazon Cure criou uma linha de perfumes funcionais. Produzido com insumos nativos da Amazônia, a inovação nasceu dentro do laboratório da empresa que fica instalado na Oka Hub, incubadora e aceleradora do Sebrae que apoia pequenos negócios ligados à bioeconomia da Amazônia, em Belterra (PA), na região de Santarém.

Desenvolvido pelo professor doutor em farmacologia botânica José Carlos Tavares e CPO da Amazon Cure, a linha de perfume funcional faz parte da marca Terra Preta Biocosméticos e apresenta um novo conceito de perfumaria. “É algo totalmente inovador, uma nova visão da perfumaria porque além do aroma extremamente agradável, o perfume tem efeito adaptógeno que proporciona o bem-estar nas pessoas”, explica.

O desenvolvimento do perfume funcional é resultado de aproximadamente dois anos de estudos, sem contar quase 10 anos de dedicação à pesquisa sobre as propriedades de essências e óleos voláteis no corpo humano. “Não estou falando de aromaterapia, mas sim dos efeitos benefícios que esses óleos voláteis de bioativos amazônicos causam em contato diretamente com a pele”, enfatiza o professor Doutor.

O professor José Carlos Tavares e o CEO da Amazon Cure, Frank Portela. Foto: Márcia do Carmo.

Segundo ele, o grande diferencial do produto é considerar os efeitos farmacológicos desses óleos voláteis. “Não é apenas a mistura de essências com um cheiro muito gostoso – algo que os perfumistas das grandes indústrias fazem, se preocupando apenas com o cheiro e o aroma”, frisa Tavares que, recentemente, foi reconhecido entre os 2% dos cientistas mais influentes do planeta, segundo a prestigiada Top Researchers List 2025, da Universidade de Stanford (EUA).

Autoconhecimento e conexão com a natureza

O perfume funcional foi lançado em duas fragrâncias. A masculina é chamada Karú e uma feminina, Iahara. De acordo com a Amazon Cure, a linha de perfumes amazônicos é um convite ao autoconhecimento, unindo ciência e sabedoria ancestral.

“São nomes de origem tupi-guarani que significam estados de paz e harmonia com a natureza. Quando você diz que um homem está Karú, ele está tranquilo, calmo”, comenta.

De acordo com ele, a fragrância feminina pode ser usada por mulheres para diminuir mal-estar durante o período menstrual e enxaquecas. No caso dos homens pode ajudar na regulação do estresse e atenuar comportamentos agressivos.

Foto: Divulgação

Desenvolvimento para todos

Por meio do projeto do Bioma Amazônico do Sebrae na região do Baixo Amazonas, no estado do Pará, a Amazon Cure foi conectada com o Museu de Ciência da Amazônia, onde funciona a incubadora Oka Hub. É lá que a startup inaugurou um laboratório de P&D (pesquisa e desenvolvimento) com o papel de gerar produtos de alta tecnologia de maior valor agregado com insumos naturais da floresta.

O analista de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional, Thyago Gatto, conta que as 10 empresas atualmente incubadas na Oka Hub vão ter acesso a toda essa infraestrutura. Elas atuam em segmentos como fármacos, cosméticos, nutracêuticos, superalimentos, entre outros.

“Se a empresa precisar de alguma análise químico-física, esse laboratório vai prestar esse serviço e auxiliar na realização de pesquisas e no desenvolvimento de produtos . Esses recursos também permitem que a empresa reduza custos e obtenha dados que contribuem para aumentar sua produtividade e eficiência”, avalia o analista do Sebrae Nacional.

Foto: Divulgação

Inclusão social e produtiva

Junto com o Sebrae, a Amazon Cure também está realizando um estudo de impacto sobre as comunidades locais. Tavares considera que o maior desafio será preparar os pequenos produtores amazônicos para se tornarem fornecedores das matérias-primas.

“Estamos com o Sebrae e também queremos fortalecer o ecossistema em relação à população tradicional. No Baixo Amazonas em Belterra, por exemplo, são os ribeirinhos que têm conhecimento do uso desses produtos naturais”, explica.

Ele também defende o aspecto da transformação social da iniciativa. “É o grande debate que faço sobre isso. Não é um projeto imediatista, mas sim estruturante para o futuro. Se não for assim, estaríamos replicando o que as grandes empresas já fazem, explorando a Amazônia sem levar solução para os problemas dessa população local”, defende.

Neste sentido, a startup selecionou jovens estudantes universitários para participar do desenvolvimento de produtos da empresa. De acordo com o professor Doutor, em breve, a marca Terra Preta Biocosméticos deve apresentar novidades, com outros produtos com características funcionas produzidos com bioativos amazônicos.

O analista do Sebrae Nacional acrescenta que a instituição se preocupa com as comunidades produtivas menores da região. “Quando pensamos em desenvolver essas cadeias produtivas damos uma atenção especial à geração de renda, inclusão social e produtivas delas, tudo isso por meio da sua inserção na cadeia de produção”, complementa.

Segundo Gatto, tanto os ribeirinhos quanto pequenos grupos produtores recebem orientação e capacitação do Sebrae. “Além disso, promovemos a integração entre eles para que se associem e formem cooperativas. Dessa forma, conseguem se desenvolver com padrão e qualidade para atender a demanda dos compradores”, finaliza.

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