Em um auditório cercado de seringueiras e outras plantas nativas da floresta amazônica, na cidade paraense de Belterra, foi lançado oficialmente o Oka Hub Incubadora da Floresta, um projeto do Sebrae para apoiar empreendedores da bioeconomia. O evento ocorreu no Museu de Ciência da Amazônia (MUCA), onde foram apresentadas as 10 primeiras startups selecionadas para participar da Oka Hub entre 49 candidatas.
As empresas receberão apoio por 24 meses dentro do Oka Flow, uma metodologia desenvolvida pelo Sebrae exclusivamente para startups da bioeconomia, além da concessão de uma bolsa socioempreendedor mensal de R$ 6.500 no primeiro ano. Os empreendimentos selecionados estão na região Norte e são de segmentos variados, como saúde, regularização fundiária, moda, biocosmético e nanotecnologia.
Estiveram presentes no lançamento o diretor técnico do Sebrae, Bruno Quick; o diretor-superintendente do Sebrae Pará, Rubens Magno; o presidente da Embratur, Marcelo Freixo; o diretor de Bioeconomia da GIZ (Cooperação Técnica Alemã) no Brasil; a secretária Nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente, Carina Mendonça Pimenta; a secretária-adjunta de Bioeconomia do governo do Pará; além de outros representantes do governo estadual e da prefeitura.

Representantes do setor privado também prestigiaram o evento. Luis Justo, CEO do Rock in Rio; Wilson Poit, empreendedor Endeavor e fundador da Poit Energia; Marta Poit, co-fundadora do Investe Favela; e Patrícia Ellen, CEO da Systemiq Earth, foram alguns dos empresários e investidores que participaram de missão técnica organizada pelo Sebrae, cuja programação incluiu o lançamento do Oka Hub.
O modelo de desenvolvimento que vimos até agora se esgotou. O planeta está doente, as pessoas estão doentes. Precisamos fomentar um outro modelo, com a floresta de pé, os rios limpos, promovendo a vida. E isso tem que começar de algum lugar. Vocês são os protagonistas e nós estamos aqui para, juntos, literalmente mudarmos o mundo.
Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae.
Os empreendedores fizeram uma espécie de “pitch” de três minutos para apresentar os seus negócios que passarão a ser incubados. Depois, puderam conversar com os empresários e investidores presentes, bem como com os representantes do Poder Público local e nacional. Eles também demonstraram seus produtos e detalharam melhor o estágio das empresas que encabeçam.
Bruna Freitas, CEO da Yara Couro, aposta na fabricação de couro a partir do resíduo da pele de peixe, que é descartado pela população e gera um passivo ambiental. Em 2022, depois de passar pela indústria de moda, ela retornou às origens, no estado do Amapá, e começou a se dedicar às pesquisas para chegar ao produto final. Hoje, a empresa atua com couro semiacabado, couro acabado e uma marca de bolsas e carteiras.

Segundo Bruna, o curtimento é sustentável e usa tingimento natural. As sobras, como escamas e espinhas, vão para biodigestores e biofertilizantes. Ela trabalha com comunidades de pescadores em sua cadeia de fornecimento. “Gera um ciclo virtuoso de empreendedorismo, gerando renda e impacto ambiental, melhorando a qualidade de vida das pessoas, com um produto que tem a nossa identidade da Amazônia. Nosso sonho é ser a maior companhia de couro de peixe do mundo”, afirma.
Outras empresas incubadas na Oka Hub são a Amazbiotech, que usa nanobiotecnologia para criar soluções para a cadeia de fármacos e cosméticos; Cacauaré, focada no cacau de alto padrão cultivado no Pará; Deveras Amazônia, que desenvolve produtos como desidratados, licores e conservas com frutos da Amazônia; MAD, focada em alimentos de alto valor nutricional como spirulina e guaraná; Mahá Biocosméticos, que pesquisa e fabrica cosméticos capilares; Neuroprotect, startup de base tecnológica focada em desenvolver bioprodutos para proteger o cérebro; Soul da Mata, de shots funcionais; Tapajó, de fortalecimento do turismo de base comunitária; Uirapuru Tech, que utiliza IA e outras ferramentas territoriais para enfrentar o problema da irregularidade ambiental na cadeia da bioeconomia.
Thyago Gatto, analista de Acesso a Mercado do Sebrae, detalhou a metodologia que será aplicada na incubadora. “Ao valorizar o conhecimento tradicional e aportar novos conhecimentos, queremos que os negócios incubados se desenvolvam individualmente, mas também queremos alavancar os ecossistemas dos segmentos, as cadeias direta ou indiretamente envolvidas que serão impactadas”, destaca.