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Empresa inova e conquista setor de beleza com papel para mechas sustentável

Indústria criou solução que substitui o alumínio na descoloração capilar, unindo tecnologia e sustentabilidade
Por Sebrae/PR
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Fabricado a partir de recursos sustentáveis e 100% reciclável, o papel para mechas criado por uma indústria química londrinense tem conquistado o setor de beleza no Brasil e no exterior. Ele substitui o papel alumínio, que contém metal em sua composição e é tradicionalmente utilizado por cabeleireiros em processos de descoloração capilar, mantendo a saúde dos fios sem causar reações químicas ou gerar impacto ao meio ambiente. Com o apoio do Sebrae/PR, a empresa conseguiu captar recursos para inovação e expansão, tornando-se referência no setor.

A ideia foi do empreendedor Lucas Olivetti que, na época, trabalhava como segurança no terminal de ônibus de Londrina. Ele conta que, através do seu padrasto, conheceu um cabeleireiro que contou em um curso que o alumínio era incompatível com a química da descoloração, por ser um material metálico adaptado aos profissionais da beleza, aumentando os riscos de danos à fibra capilar, manchas e outros inconvenientes no processo das mechas, sem contar a agressão ao meio ambiente.

Abandonei minha carreira de segurança para me dedicar ao desenvolvimento desse produto, pois tinha conhecimento na área de celulose, já que desde jovem trabalhei na gráfica do meu padrasto. Então, conseguimos desenvolver um produto livre de metal, uma película plástica com tratamento específico que se tornou compatível com a química do pó descolorante.

Lucas Olivetti, empreendedor.

Foram dois anos validando o papel e tentando introduzi-lo no mercado. O empresário lembra as dificuldades financeiras no início e revela que a empresa ficou à beira do fracasso. Até que, em 2020, dias antes do decreto da pandemia de Covid-19, um novo sócio entrou para o projeto, o advogado Adailton Alves Maciel Junior, que hoje é diretor comercial da Papel para Mechas, e contribuiu para uma reformulação do negócio.

“Criamos um modelo de negócio baseado na fabricação de um papel sustentável para mechas personalizado para as marcas de cosméticos. Rodamos o Brasil por seis meses vendendo a ideia e pegando uma entrada das vendas, e assim conseguimos montar nossa fábrica própria”, afirma Olivetti.

Os empresários Adailton Alves Maciel Junior (à esquerda) e Lucas Olivetti. Foto: Divulgação.

Editais de inovação

Adailton Alves Maciel Junior diz que, dois anos mais tarde, os sócios viram a necessidade de buscar recursos para investir em tecnologia e novos produtos. Através do Sebrae/PR, conseguiram acesso a editais que, juntos, somam R$ 1,5 milhão. Dinheiro inicialmente investido na validação de tecnologias patenteadas, como Air Flow System, que otimiza o fluxo de ar e gases durante a descoloração, e o Grip System, que impede que o papel escorregue dos fios, evitando manchas e garantindo um resultado uniforme. Os recursos serão usados, também, em pesquisas e desenvolvimento de novos produtos.

“Desenhamos com o Sebrae/PR um projeto de inovação para a Embrapii e estamos trabalhando em parceria com o Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica (ISI-EQ), em Curitiba. O trabalho terá duração de 22 meses. Através deste edital, com subsídio do Sebrae, Senai e Embrapii, conseguimos um dos maiores contratos de desenvolvimento de produto. O Sebrae teve um papel determinante no negócio ao nos mostrar as opções de mercado para pequenas empresas”, destaca Maciel.

O consultor do Sebrae/PR, Heverson Feliciano, afirma que o caso de sucesso do produto revela o potencial do setor Químico e de Materiais para a inovação e destaca a importância da aproximação com grandes centros de pesquisa para a validação e desenvolvimento de novos produtos, o que foi possível para a empresa graças à participação em editais de inovação.

“Essa história mostra como as pequenas empresas podem usar recursos subsidiados para a inovação para alavancar o seu crescimento no mercado”, enfatiza Feliciano.

Papel para Mechas pode ser usado na coloração e descoloração capilar. Foto: Divulgação.

Tecnologia é aprovada pelos salões

A cabeleireira Andressa Marangão, que atua em um renomado salão de beleza de Londrina, usa o papel para mechas há cerca de três anos e conta que se interessou pelo produto principalmente pelo seu apelo sustentável. Mas, os benefícios vão além. Segundo ela, muitos cabelos reagem ao calor do papel alumínio, comumente usado em processos de descoloração capilar.

Com a tecnologia do papel para mechas, conseguimos ver se o cabelo está com resíduos que podem reagir com o pó descolorante, pois o papel fica numa cor diferente. Além disso, ele não escorrega, adere muito bem aos fios e evita manchas.

Andressa Marangão, cabeleireira.

A empresa se tornou líder de mercado no segmento de papéis sustentáveis para descoloração, está presente em 14 países e já fabricou mais de 200 milhões de folhas de papéis. Com o produto inovador, a empresa contribui diretamente para a sustentabilidade ambiental, deixando de gerar um impacto de 3 milhões de quilos de alumínio no meio ambiente. A expectativa, para 2025, é aumentar em 100% o faturamento do negócio, assim como a presença da marca no mercado externo.

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