As 10 primeiras startups aceleradas pela Oka Hub Incubadora da Floresta, um projeto do Sebrae voltado para a região do Baixo Amazonas, no Pará, trabalham em segmentos diversos. De biofármacos a biocosméticos, de produção de couro sustentável a turismo de base comunitária, essas empresas unem ciência, inovação e tecnologia ao saber ancestral e à sustentabilidade ambiental.
Por 24 meses, os negócios serão acelerados dentro de uma metodologia específica e receberão uma bolsa de R$ 6,5 mil mensais no primeiro ano. O lançamento da Oka Hub foi realizado no último dia 29 na cidade de Belterra (PA). Conheça mais sobre as empresas:
Amazbiotech
Com um pipeline de produtos em diferentes estágios de desenvolvimento e patentes, a Amazbiotech tem como foco tecnologias farmacêuticas com base na biodiversidade da Amazônia. Segundo Heitor Silva, representante da empresa, há quatro produtos em desenvolvimento, sendo um deles para aplicação no tratamento de câncer, em fase de patenteamento. “Nosso time é composto por cientistas e empreendedores com mais de 15 anos de experiência. Desenvolvemos apenas processos verdes, com componentes biodegradáveis e biocompatíveis”, afirma.

Cacauaré
Da 4ª geração de produtoras de cacau nativo na família, Noanny Maia lidera o negócio, que, a partir de 2020, diversificou sua atuação trazendo a “medicina do cacau” como uma forma de “cura, com efeitos físicos, emocionais, espirituais e sociais”. “Desenvolvemos mais de 20 produtos e atuamos no modelo B2B e B2C, com vendas principalmente online e também no Mercado Livre. Monetizamos com produtos físicos, digitais, experiências e turismo. Crescemos mais de 200% entre 2023 e 2024”, diz Noanny.
Deveras Amazônia
Criada em 2018 por três pesquisadores, a Deveras Amazônia atua com alimentos funcionais desenvolvidos a partir da biodiversidade amazônica, como geleias, conservas e desidratados. “Acreditamos na união do conhecimento tradicional e científico. Prestamos serviços para empresas e desenvolvemos produtos com base em ingredientes certificados e funcionais. Estamos em 40 pontos de venda em seis estados. Impactamos comunidades locais e promovemos sustentabilidade, qualidade e inovação”, afirma Valéria Morão, da Deveras Amazônia.
MAD
Focada em “superalimentos” como spirulina e guaraná, a MAD Minha Amazônia Diversa usa canais de venda online para conectar a floresta ao consumidor final. As atividades incluem a produção de Spirulina amazônica eo beneficiamento de matérias-primas da biodiversidade da terra preta, tipo de solo da região de Santarém (PA), como cacau, cúrcuma e gengibre selvagem. “A Amazônia pode ser a chave para salvar a humanidade com alimentos ricos em minerais e fitonutrientes”, diz Luiz Felipe Moura, da MAD.
Mahá Biocosméticos
Startup que integra ciência, sustentabilidade e comércio justo, a Mahá Biocosméticos faz fórmulas com ativos amazônicos, como andiroba, buriti e manteiga de murumuru, livres de sulfatos, parabenos e derivados petrolíferos. “Temos uma equipe especializada em farmacêutica e ciências da saúde. Se você acredita em uma beleza ética e regenerativa, venha conhecer a Mahá”, convida Bruna Cantal, da Mahá Cosméticos.
Neuroprotect
Startup de base tecnológica, a Neuroprotect é focada em desenvolver bioprodutos derivados da Amazônia que protejam o cérebro, sobretudo para que a lesão primária de um AVC (acidente vascular cerebral) não se expanda com o tempo. Walace Gomes, representante da empresa, contou que a startup já obteve captações importantes de recursos e que os testes em animais demonstraram uma redução significativa da área de lesão após o AVC, com perspectivas de mercado para 2026.

Soul da Mata
Startup especializada em suplementos funcionais com base na biodiversidade amazônica, a Soul da Mata criou o “Da Mata Energy”, um shot com antioxidantes, nutrientes e sabores da floresta. “Os cientistas da Amazônia participam do desenvolvimento dos produtos, garantindo impacto positivo e renda para as comunidades envolvidas”, diz Diogo Noronha. “Trabalhamos com seis cadeias sociobiodiversas, como o açaí, e com base na ancestralidade e na ciência”.
Tapajó
Com a missão de ser um portal para o “descobrimento” da Amazônia, a Tapajó quer conectar pessoas com a identidade local e cultural, proporcionando encontros e vivências valiosas, tendo como pilares o turismo de base comunitária, a produção de conteúdo e a ativação de marca com propósito. A empresa se diz comprometida com a remuneração justa dos profissionais e das comunidades locais da região dos rios Tapajós, Amazonas e Arapiuns, no Baixo Amazonas, no Pará.
Uirapuru
Jorge Gonçalves, da Uirapuru, é certeiro quanto ao potencial da startup: “Hoje, 93% dos produtores rurais do Pará são considerados irregulares no Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que diminui o valor dos seus produtos em 15%”. A empresa ajuda os produtores a lidar com a burocracia e se regularizar usando cruzamento de dados, imagens estratégicas, inteligência artificial para gerar diagnósticos socioambientais assertivos. “Já capacitamos mais de 800 produtores”, diz Jorge.

Yara Couro
A proposta da startup é usar uma tecnologia chamada Green Weather — um processo de curtimento 100% com taninos vegetais, bioativos da nossa região, pigmentos naturais e à base de água — para fazer couro a partir dos resíduos da pele do peixe, que são descartados diariamente de forma inadequada. O negócio foca em três produtos: couro semiacabado, couro pré-curtido e o couro acabado (com uma marca de bolsas associada). “Muito nos orgulha o impacto social da nossa atuação. Somos uma nova fonte de renda para quem vive da pesca”, diz Bruna Freitas, da Yara.