O que está em jogo na COP30? Especialistas discutiram os desafios relacionados às mudanças climáticas, nesta quinta (4), na primeira live do Papo Reto sobre a COP30, uma série do Sebrae que tem como objetivo aproximar o público das discussões que vão moldar o futuro sustentável e preparar o Brasil para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
De acordo com Rodrigo Corradi, secretário executivo adjunto do ICLEI América do Sul, pelo fato de o mundo já viver os efeitos de uma crise climática, o Brasil tem uma grande responsabilidade ao sediar essa edição da conferência. O ICLEI é uma rede global de mais de 2.500 governos locais e regionais comprometida com o desenvolvimento urbano sustentável.
Desde Paris, a gente está se demonstrando ainda insuficiente em termos de opção e de compromisso para poder entregar uma agenda de clima efetiva. Então, esse processo é que nós estamos nos condicionando, um processo em que o Brasil tem uma grande responsabilidade.
Rodrigo Corradi, secretário executivo adjunto do ICLEI América do Sul
O professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenador do Centro de Financiamento Climático do Sul Global, Cláudio Puty, relembrou o principal impasse que marcou as negociações climáticas em um momento decisivo.
“Quando os Estados Unidos se retiram da COP e se descomprometem de um processo multilateral, o mundo perde a chance de avançar em acordos de longo prazo. Isso nos deixa diante de um problema irreversível, que ameaça o futuro da nossa espécie e de tantas outras formas de vida na Terra”, lamentou.
Matriz energética
Ele também reforça que boa parte das emissões brasileiras está ligada ao desmatamento da Amazônia e que a partir disso surge uma grande questão para o Brasil: como avançar na mudança da matriz energética e na redução de gases de efeito estufa sem comprometer o crescimento econômico e a melhoria da qualidade de vida da população?
Para o especialista, o Brasil tem um papel estratégico no caminho até a COP30. “Estamos muito próximos de cumprir nossas metas de 2030, sobretudo com a redução do desmatamento. Embora esse esforço não seja suficiente sem a cooperação global, ele nos dá uma certa autoridade moral para coordenar esse processo em meio a tantas incertezas”, reitera.

Justiça climática
Para finalizar, Daniela Lerario, diretora para América Latina e Caribe na Climate Champions Team, falou sobre justiça climática e a necessidade de se pensar em alternativas que distribuam de maneira equitativa os benefícios das ações climáticas. “Nós já sabemos que precisamos mudar, mas a questão é: como fazer isso sem aprofundar as desigualdades já existentes? E a resposta está em escutar as particularidades de cada território”, provocou.
“No Brasil, a justiça climática nos lembra que quem mais sofre com os efeitos da crise do clima, muitas vezes, são aqueles que menos contribuíram para ela”, complementa.
Papo Reto sobre a COP30
A série de lives do Sebrae é um espaço de diálogo aberto e direto para discutir os principais temas da agenda climática global rumo à conferência que ocorrerá em Belém (PA), entre 10 e 21 de novembro.
Com especialistas e convidados de diferentes áreas, os encontros online trazem reflexões sobre os desafios e oportunidades da ação climática. As próximas lives do projeto serão nos dias 18 de setembro, com o tema “As pessoas no centro da ação climática”; 2 de outubro, sobre “Cooperação que transforma”; e 16 de outubro, sobre “Inovação e resiliência nos territórios”.