Muito se fala sobre empreendedorismo no Brasil, mas um tipo ainda é pouco conhecido: o empreendedorismo indígena. O Sebrae tem a missão de capacitar e incluir esses povos no mercado formal, sem perder de foco a preservação de culturas e do meio ambiente. Nesse contexto, a instituição escreveu, recentemente, um guia de atendimento aos públicos sub-representados.
O Sebrae tem como uma das pautas prioritárias junto aos estados a priorização do atendimento a esses e outros públicos, como Pessoas com Deficiência (PCD), mulheres, 60+, LGBTQIAP+ e comunidade afro.
Atuar por meio de alianças governamentais, adaptação de metodologias, capacitações, formalização e acesso a crédito, entre outras ações, tem sido o foco do planejamento para os grupos com baixa representatividade.
Ana Mangia, gestora de pautas indígenas e quilombolas do Sebrae.
Ações de empreendedorismo
De acordo com o Instituto Ethos, os povos indígenas representam apenas 1% da força de trabalho nas maiores empresas do país, com apenas 0,1% ocupando cargos de liderança. O Sebrae pretende nacionalizar uma metodologia de atendimento a esse público.
Em Mato Grosso do Sul, o Sebrae/MS e o governo do estado firmaram um convênio para levar o Empretec rural para comunidades indígenas. O Sebrae/MA também adaptou a metodologia do Empretec para os indígenas e ambos os estados estão avançando nessa temática.
“Sabemos que os desafios são inúmeros, mas o Sebrae tem se dedicado ao aprofundamento do conhecimento sobre as culturas indígenas e ao fortalecimento do acesso aos povos indígenas, a fim de cumprir sua missão de atendê-los cada vez melhor”, ressalta Ana Mangia.

Exemplo do Mato Grosso
A aldeia Wazare, no município de Campo Novo do Parecis (MT), encontrou no ecoturismo um caminho para empreender. O local atrai turistas de todo o Brasil e, principalmente, a curiosidade de outras aldeias, conta o cacique Rony Parissi.
Começamos a trabalhar de forma agregada e outros projetos estão em andamento, como a avicultura, farmácia viva, produção de artesanato, psicultura e pomares orgânicos. E tudo isso acaba agregando com o nosso empreendedorismo, que é o carro-chefe do projeto de turismo.
Rony Parissi, cacique da aldeia Oazari.
O projeto começou em 2011 e passou por grandes desafios, como o acesso a recursos financeiros. “O maior problema é que não existe uma linha de crédito específica para a questão de apoio aos projetos e atividades indígenas. São apenas alguns editais, mas acabam sendo muito distantes da realidade indígena”, relata o cacique.
O Sebrae atua na região em parceria com o município, com capacitações em gestão, segurança, plano de negócios, ecoturismo, entre outras áreas. “Está sendo de alta relevância para a gente, justamente para podermos entrar no mercado do estado, no nacional e internacional”, reforça Rony.