O empreendedorismo feminino já está consolidado como uma força transformadora no cenário econômico brasileiro. Com sua atividade, as mulheres empreendedoras não só garantem o sustento de suas famílias, mas também atuam como impulsionadoras de desenvolvimento, especialmente em periferias e grupos sociais historicamente menos favorecidos. Ao criarem e expandirem seus negócios, elas geram emprego, renda e estimulam o crescimento local, contribuindo de forma relevante para a redução das desigualdades.
Além do impacto econômico, o empreendedorismo representa também uma alternativa de emancipação para muitas mulheres, sobretudo àquelas que já sofreram ou ainda enfrentam situações de violência. Ao assumir o comando de seus próprios negócios, elas encontram na atividade empreendedora uma alternativa para romper ciclos de dependência, conquistar autonomia e reafirmar sua dignidade.
Todavia, apesar do notável crescimento do empreendedorismo feminino nas últimas décadas, os desafios persistem. Estudos do Sebrae revelam que 25% das empreendedoras já sofrerem situações de preconceito na condução do seu negócio.
Além disso, o acúmulo de responsabilidades domésticas e o cuidado com familiares reduz o tempo que elas poderiam dedicar ao aprimoramento e à expansão de seus negócios. As mulheres que empreendem dedicam, em média, o dobro das horas despendidas pelos homens aos cuidados com familiares e nos afazeres domésticos – o que acarreta um sentimento dominante de sobrecarga entre elas. Por óbvio, isso significa horas a menos dedicadas aos seus negócios.
Como resultado desses e outros fatores limitantes, constatamos que a taxa média de juros para empréstimos feitos para empreendedoras é aproximadamente 4 pontos percentuais mais alta que a praticada para os homens. Em algumas situações, a taxa de juros paga por mulheres pode ser ainda mais elevada, superando a marca de 60% ao ano.
Em razão desses obstáculos, as donas de negócios terminam por receber uma fatia menor dos recursos que o mercado de crédito disponibiliza para o setor. Ou seja, perdem investimentos que seriam essenciais para que suas empresas pudessem ampliar a capacidade produtiva com a incorporação de novas tecnologias, por exemplo.
O Sebrae tem atuado de maneira estratégica e abrangente para contribuir com a reversão desse quadro. No ano passado, lançamos, em parceria com o governo federal, o programa Acredita Delas, que tem como principal objetivo facilitar o acesso das mulheres empreendedoras a crédito.
A ação está ofertando condições especiais e orientações personalizadas para que as elas possam superar as dificuldades financeiras e investir no crescimento de suas atividades. O programa utiliza o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), gerido pelo SEBRAE, para oferecer até 100% de garantia nas operações de crédito solicitadas por empreendedoras.
Isso propicia empréstimos com taxas de juros mais baratas e contribui para a superação de um problema estrutural, voltando o olhar para as mulheres que, inclusive, têm empreendido tanto quanto os homens e já demandam mais crédito do que eles.
As mulheres já são um pilar essencial para o desenvolvimento econômico e social. E, pelo empreendedorismo, podem conquistar ainda mais! Por isso vamos continuar trabalhando para contribuir com a consolidação das políticas públicas necessárias para incluir mais mulheres nesse universo e para que elas possam ter condições de igualdade no mercado, construindo um futuro mais inclusivo, diverso e justo.