O Instituto Nacional da Propriedade Industrial reconheceu, na terça-feira (6), a linguiça de carne suína pura e defumada de Blumenau como a mais nova Indicação Geográfica brasileira. Com esse reconhecimento, o país chega à marca de 121 IGs registradas, sendo 86 Indicações de Procedência e 35 Denominações de Origem. A produção da linguiça abrange 16 municípios catarinenses do Vale do Itajaí e do Alto Vale do Itajaí. Com esse último reconhecimento, Santa Catarina chega a 8 IGs concedidas pelo INPI.
De acordo com a documentação apresentada pelos produtores ao INPI, o nome geográfico Blumenau passou a identificar o produto cuja origem e características estavam diretamente relacionadas ao processo de colonização alemã na região, fruto da adaptação de um saber trazido pelos imigrantes, tornando-se autêntico, emblemático e típico da localidade. A linguiça Blumenau se junta a outras sete Indicações Geográficas já reconhecidas no estado, que contribuem para fortalecer os pequenos produtores. Além da última IG recém-divulgada, Santa Catarina já havia conquistado o reconhecimento para o Vale da Uva Goethe, a Banana de Corupá, o Queijo Artesanal Serrano de Campos de Cima da Serra, o Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro, a Maçã Fuji da Região de São Joaquim, a Erva-mate do Planalto Norte Catarinense e os Vinhos de Altitude de Santa Catarina.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, destaca a importância do reconhecimento do produto como a mais nova IG catarinense e reforça o papel dos pequenos produtores nessa cadeia produtiva que envolve outros municípios da região do Vale do Itajaí. “Como deputado federal, entrei com uma lei, naquela oportunidade, para destacar a qualidade extraordinária da cidade onde tive a honra de ser prefeito e que deu a Blumenau o título nacional de cidade da cerveja, pela sua origem cultural e pela Oktoberfest, que é um dos mais importantes eventos do país. Agora, neste momento, como presidente de Sebrae, fico honrado também em destacar a indicação geográfica para outro produto que faz uma grande diferença na gastronomia do Brasil, e eu diria até do mundo”, comenta. Décio Lima ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial e parabenizou a população e os donos de pequenos negócios de Blumenau e cidades vizinhas que têm, agora, o privilégio de ter um artigo típico da região reconhecido e valorizado em âmbito nacional e internacional.
João Rodrigues de Sousa Júnior é presidente da Associação das Indústrias Produtoras de Linguiça Blumenau (ALBLU), que reúne nove produtores da região que, a partir de agora, já têm o direito de uso da Indicação Geográfica. Para João, a IG foi uma vitória de todos. “O objetivo principal da associação, quando formada, era justamente proteger a linguiça Blumenau que é feita com as partes nobres do porco. A conquista da IG mostra o quanto a união faz a força”, comemora.
Segundo ele, o Sebrae foi um dos parceiros estratégicos da ALBLU durante o processo de registro para a IG. “O Sebrae foi o pivô de tudo. A instituição plantou essa semente e ajudou, inclusive financeiramente”. Segundo João, muitos produtores fazem vendas somente dentro de Santa Catarina, mas tem aqueles que vendem para Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Agora, com a IG esse mercado tende a se expandir.
Fabricada com paleta, pernil e toucinho suínos, a Linguiça Blumenau passa pelo menos dois dias dentro de defumadores abastecidos com carvão e serragem, em um processo artesanal que é essencial para garantir as características únicas do produto. Atualmente, pouco mais de 20 pequenas e microempresas sediadas na região fabricam o embutido de forma artesanal, seguindo critérios de uma receita trazida no começo do século 20 por imigrantes instalados no que hoje é Pomerode. O município, divulgado como “o mais alemão do Brasil”, foi criado apenas em 1959, a partir de um desmembramento de Blumenau.